quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Após sofrer com ciclone tropical, dupla do Vanuatu batalha por vaga olímpic


Miller e Matauatu tiveram suas casas destruídas (uma na totalidade) pelo "Pam" em março de 2015. Obstinadas, se destacaram no Circuito Mundial após desastre




Por
Rio de Janeiro, RJ




O Brasil é considerado uma potência no vôlei de praia internacional. Nos Jogos Olímpicos, que são uma celebração dos povos do mundo, as fortes parcerias que representam o país terão a oportunidade de encarar competidores com pouca ou nenhuma tradição na modalidade, como Pata Miller e Linline Matauatu, do Vanuatu, localizado na Oceania. Por lá, o esporte é usado como ferramenta de inclusão na vida das pessoas. E a dupla tem uma história de vida um tanto quanto interessante, tendo superado um desastre natural em busca de seu sonho de estar nas Olimpíadas.

Em março do ano passado o ciclone tropical "Pam" assolou a ilha no pacífico Sul, com ventos que chegaram a 320 quilômetros por hora. Miller perdeu a parte da frente de sua casa. Linline ficou sem lugar para morar. A tragédia, contudo, deu ainda mais gás para que as jogadoras investissem tudo em seu sonho de disputar o torneio olímpico em Copacabana em agosto. Elas ainda batalharam em importantes etapas do Circuito Mundial de 2015.

- A qualificação para os Jogos Olímpicos do Rio significa muito para a equipe feminina de Vanuatu. Depois de ter superado tantos obstáculos, é a oportunidade de uma vida para continuar a apoiar e promover a igualdade de gênero no esporte. Vanuatu tem uma população de menos de 260 mil pessoas e nunca qualificou alguma equipe ou atleta por mérito nas Olimpíadas. Se Miller e Linline conseguirem, não serão apenas a primeira equipe de Vanuatu, mas a primeira equipe de vôlei de praia das ilhas do Pacífico - afirma Debbie Masauvakalo, presidente da Vanuatu Volleyball, em entrevista ao site "Amo Vôlei de Praia".
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Jogadoras do Vanuatu se superaram no Circuito Mundial de 2015 (Foto: FIVB)
Jogadoras do Vanuatu se superaram no 
Circuito Mundial de 2015 (Foto: FIVB)


Vanuatu tem pouco investimento no esporte, mas o melhor time do país está no Rio de Janeiro fazendo uma preparação para a trinca de competições pelo Circuito Mundial que o país recebe a partir da próxima semana - Maceió Open, de 23 a 28 de fevereiro; Grand Slam do Rio, de 8 a 13 de março; e Vitória Open, de 15 a 20 de março.

- Ao contrário de muitos outros países, Vanuatu não tem um programa governamental que financia o vôlei de praia, contamos com a assistência do fundo olímpico de solidariedade do Comitê Olímpico Internacional (COI) e apoio da comunidade internacional e nacional. O custo para participar de 11 eventos do Circuito Mundial é de US$ 100 mil (mais de R$ 400 mil), a maioria dessa despesa vem de bilhetes aéreos e hospedagem. No Rio, o ex-CEO da Vanuatu Telecom Ltd, que vive na cidade, ofereceu alojamento gratuito para as atletas, que podem economizar dinheiro e treinar com mais tranquilidade - completou a dirigente.

A temporada passada foi boa para a dupla, e as competições brasileiras podem tornar o sonho olímpico ainda mais real. Pata Miller e Linline Matauatu alcançaram a fase de quartas no Open de Fuzhou (China), no Grand Slam de Long Beach (Estados Unidos) - tendo vencido as campeãs mundiais Ágatha e Bárbara Seixas – e no Open de Puerto Vallarta (México), na etapa de abertura da temporada 2016.

Pata Miller bloqueia Bárbara Seixas no Circuito Mundial (Foto: Denis Ferreira Netto/CBV)
Pata Miller bloqueia Bárbara Seixas no Circuito 
Mundial (Foto: Denis Ferreira Netto/CBV)


As atletas estão fora do ranking olímpico provisório, na 22ª colocação com 2.930 pontos em 10 competições disputadas. A classificação via ranking contempla os 17 primeiros times, com participação mínima em 12 torneios. Vanuatu busca a vaga pela Continental Cup Asiática que, em sua fase final, reúne países como Austrália (país-sede), Tailândia, China e Cazaquistão. Por isso, os eventos no Brasil têm ainda mais importância, provendo pontos para que elas entrem no top 17.

Vanuatu se recupera da devastação causada pelo ciclone tropical "Pam" e agora ainda enfrenta o fenômeno El Niño, que trouxe a seca para diversas comunidades. No âmbito esportivo, o Comitê Olímpico Internacional (COI) tem fornecido financiamento para reconstruir as instalações desportivas danificadas, incluindo a estrutura de vôlei de praia.

A Federação da Austrália doou equipamentos de jogo, como bolas e redes. E, de acordo com a a presidente da federação de voleibol local, a batalha de Pata Miller e Linline Matauatu para conquistar uma vaga olímpica é motivo de orgulho para a população de Vanuatu.

- Muitos não se dão conta do sacrifício dos membros da equipe e de suas famílias para competirem fora do país. No entanto, jogar vôlei de praia em nível internacional tem dado a essas meninas a oportunidade de se educarem e se qualificarem, além de obter uma renda para sustentar suas famílias com coisas básicas, como alimentos e roupas. Elas têm procurado demonstrar quão boas elas são - conclui Debbie Masauvakalo.

Pata Miller foi efeita pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB) a atleta mais inspiradora do Circuito Mundial de 2015, enquanto Linline Matauatu a jogadora que mais evoluiu na última temporada


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei-de-praia/noticia/2016/02/apos-sofrer-com-ciclone-tropical-dupla-do-vanuatu-batalha-por-vaga-olimpica.html

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