Em uma das provas mais movimentadas dos últimos anos, alemão leva 41ª vitória. Hamilton e Nico se metem em confusão, RBR sobe ao pódio. Brasileiros não pontuam
Após uma inesperada vitória na
segunda corrida da temporada, o GP da Malásia, em março, Sebastian Vettel
havia retornado ao papel de coadjuvante, acompanhando de forma quase resignada o
domínio das Mercedes de Lewis Hamilton e Nico Rosbergem
2015. Mas o tetracampeão estava apenas esperando uma nova chance para
voltar a exercer o protagonismo na Fórmula 1. E,
neste domingo, a oportunidade apareceu logo na largada. Depois de
assumir a ponta no
início da prova, desbancando as Flechas de Prata, Vettel tratou de abrir
distância. A vantagem foi fundamental para defender a
vitória diante de todas as reviravoltas provocadas pela entrada de um
safety
car na metade final da prova, e por diversos incidentes que marcaram uma
das corridas mais movimentadas
dos últimos tempos. Com seu segundo triunfo pelo time de Maranello, o
alemão
soma agora 41 vitórias na carreira, igualando a marca do tricampeão
Ayrton Senna como o terceiro maior vencedor da história da categoria,
atrás apenas de Michael Schumacher (91) e Alain Prost (51). Vettel
dedicou a vitória a Jules Bianchi, que morreu no último dia 17, e recebeu uma homenagem antes da corrida.
Confira os melhores momentos no vídeo acima.
Vettel com as bandeiras da Ferrari e
da Itália após vitória no GP da
Hungria de Fórmula 1 2015
(Foto: Getty Images)
RBR no pódio, Mercedes fora dele pela primeira vez desde 2013
Beneficiado
diretamente pelo incidente envolvendo o companheiro Daniel Ricciardo e
Nico Rosberg nas voltas finais, o jovem russo Daniil Kvyat, de 21 anos,
terminou em segundo, alcançando o primeiro pódio de sua carreira. Após
ter sua asa dianteira danificada no toque que furou o pneu do alemão da
Mercedes na disputa pela segunda colocação, o australiano ainda
conseguiu se recuperar e chegar em terceiro. Vencedor da etapa húngara
no ano passado, o piloto da RBR subiu ao pódio pela primeira vez nesta
temporada. Esta foi também a primeira vez, desde o GP do Brasil de 2013,
que nenhum piloto da Mercedes terminou entre os três primeiros
Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat fazem brinde
no pódio do GP da Hungria (Foto: Getty Images)
"Montanha russa" de emoções para Hamilton e Rosberg
Dono
de quatro vitórias em Hungaroring e a bordo da toda poderosa Mercedes,
Hamilton chegou com status de franco favorito à vitória, ainda mais por
ter liderado os três treinos livres e cravado a pole position em um
treino classificatório perfeito, com o melhor tempo no Q1, no Q2 e Q3.
Após vacilar na largada e cair para quarto, o inglês voltou a sofrer com
uma instabilidade emocional que não apresentava há tempos, saindo da
pista na tentativa de desbancar o companheiro Rosberg e despencando para
décimo. Na relargada, Hamilton se envolveu em outro incidente, dessa
vez com Ricciardo, e precisou ir duas vezes aos boxes, uma para trocar a
asa danificada, outra por ser punido pelo toque no australiano. O
britânico chegou a figurar em 14º e ter a liderança do campeonato
ameaçada pelo parceiro de Mercedes. Mas as circunstâncias da corrida,
principalmente após o incidente envolvendo Ricciardo e Rosberg nas
voltas finais, acabaram por beneficiar o bicampeão mundial, que se
recuperou na prova, cruzou em sexto, duas posições à frente de Rosberg, e
ampliou sua vantagem na liderança de 17 para 21 pontos. Confira a classificação completa da temporada.
O dia foi difícil para os pilotos brasileiros. Felipe Massa
largou apenas em oitavo, e ainda precisou cumprir uma punição de 5s nos
boxes por ter se posicionado de maneira errada no grid na primeira
tentativa de largada, que foi abortada. A falha do veterano provocou a
redução na duração da corrida, de 70 para 69 voltas. A Williams não
apresentou bom rendimento em Hungaroring, o brasileiro ainda adotou uma
estratégia complicada, com muitas paradas nos boxes, e terminou apenas
em 12º, uma posição à frente do parceiro Valtteri Bottas. Com a limitada
Sauber, Felipe Nasr
ficou muito perto da zona de pontuação ao aproveitar os diversos
abandonos de seus colegas, e chegou em 11º. Mas foi seu companheiro
Marcus Ericsson, que teve mais sorte e ficou exatamente em 10º,
garantindo 1 ponto para a equipe suíça.
O GP da
Hungria marcou também a melhor apresentação do ano da McLaren. Depois de
mostrar consistência nos treinos livres, Fernando Alonso mostrou bom
ritmo, se aproveitou das confusões e cruzou em quinto, à frente das duas
Mercedes. Jenson Button também chegou nos pontos, em oitavo. O destaque
negativo da prova ficou por conta de Pastor Maldonado. O venezuelano
sofreu três punições, por motivos diversos durante a corrida, e terminou
em 13º. A Fórmula 1 faz agora a tradicional parada para as férias do
meio de ano e retorna no dia 23 de agosto, com o GP da Bélgica, no
icônico circuito de Spa-Francorchamps.
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CONFIRA O RESULTADO
A CORRIDA
A CORRIDA
Ferrari dá bote na Mercedes na largada. Hamilton erra e despenca
Nas entrevistas realizadas antes da corrida, os pilotos da Ferrari apontavam a RBR e a
Williams como principais adversárias deste domingo. Mas a aparente
falta de confiança não impediu que Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen dessem o
bote na Mercedes logo na largada, tomando as posições do pole Lewis Hamilton e
do segundo colocado, Nico Rosberg. A partir de então, o alemão, novo líder da
corrida, e o companheiro finlandês passaram a abrir distância.
Hamilton caiu para quarto, atrás
do companheiro Rosberg, e não conseguiu processar bem a reviravolta na largada.
Ao tentar atacar o alemão, o bicampeão errou, saiu da pista e voltou apenas em
10º, atrás do brasileiro Felipe Massa, da Williams. Nico se estabilizou na
terceira posição, enquanto Vettel e Raikkonen ditavam o ritmo na liderança do
pelotão. Valtteri Bottas era o quarto, e Felipe Nasr apenas o 18º.
Na largada, as Ferraris de Vettel e Kimi tomaram
a ponta das Mercedes de Hamilton e Rosberg
(Foto: Reuters)
Hamilton não poupou ataques a Felipe
Massa, mas o brasileiro não facilitou a ultrapassagem do inglês. Os dois
chegaram a encostar as rodas traseiras, até que o piloto da Mercedes finalmente
conseguiu superar o colega da Williams (vídeo), na décima volta. Massa fez sua primeira
parada cinco voltas depois, quando cumpriu 5s de punição por ter se posicionado
errado no grid durante a primeira tentativa de largada, que precisou ser abortada.
Por isso, o brasileiro voltou para a pista apenas em 16º.
Aproveitando a pista esvaziada
quando boa parte dos pilotos faziam suas primeiras paradas, Hamilton tratou de acelerar
a Mercedes para tentar descontar o prejuízo da mal sucedida largada. O inglês já
estava em quinto quando foi para os boxes, e conseguiu manter a posição ao retornar
à pista. Quando chegou a vez de Vettel fazer o pit stop, Raikkonen assumiu a
liderança apenas provisoriamente, até o alemão reaver a ponta. Na 20ª volta, Maldonado dividiu a
pista com o mexicano Sergio Pérez e não economizou na ousadia, encostando no
carro do adversário e o mandando para fora da pista (vídeo).
Hamilton se recupera, sobe para quarto e vai à caça de Rosberg
Na volta 26, Hamilton se
aproximou da RBR de Ricciardo, mas só conseguiu fazer a ultrapassagem
para assumir a quarta posição três voltas depois. Enquanto isso, Nasr, em 17º,
passou a atacar o xará Massa. O brasileiro da Sauber não precisou concretizar a
manobra, porque o compatriota da Williams preferiu retornar aos boxes para
trocar os pneus médios por macios. Após superar Ricciardo, o alvo de
Hamilton passou a ser o companheiro Nico Rosberg. Mas a diferença entre os dois
ainda era de 10s. A distância caiu significativamente para 6s até a volta 41. A
esta altura, Vettel já estava 13s à frente do companheiro Raikkonen,
despontando de forma confortável como piloto em melhores condições de vencer.
Hulkenberg bate forte, safety car entra e movimenta corrida ainda mais
Na volta 43, a asa dianteira de
Hulkenberg quebrou sozinha, de forma repentina. O alemão da Force India perdeu
o controle do carro e passou reto na curva, batendo de frente na barreira de
proteção (vídeo). O safety car virtual foi acionado, e os outros pilotos aproveitaram
para ir aos boxes. Hamilton e Rosberg fizeram o segundo pit stop praticamente
em sequência, mas o inglês não teve a mesma sorte do companheiro, amargando
mais uma parada demorada (5s1), como já havia ocorrido da primeira vez. Os
pilotos da Mercedes apostaram em pneus médios, na tentativa de conter o
desgaste nas voltas restantes da corrida.
Hamilton toca em Ricciardo, quebra asa dianteira e é punido
A
direção de prova decidiu acionar
o safety car real para retirar os detritos do acidente de Hulkenberg. Os
pilotos, inclusive, precisavam cruzar os boxes, enquanto era feito a
limpeza da reta principal. O episódio
deu nova dinâmica à disputa, com Hamilton e Rosberg em condições de
atacar as
Ferrari. A situação era especialmente complicada para Raikkonen, com
problema
no sistema de recuperação de energia do motor, que tirava cerca de 3s
por volta
de seu rendimento. Na relargada, na volta 49, Nico não perdeu tempo e
tomou a
segunda posição de Kimi. Ricciardo tentou passar Hamilton, mas levou um
"chega pra lá" do
inglês. No incidente, Hamilton teve parte de sua asa dianteira quebrada e
foi superado, caiu para sexto, precisou ir aos boxes fazer reparos e
voltou em 12º.
Briga pela vitória esquenta entre Vettel, Rosberg e Ricciardo
Sem
potência, Raikkonen cedeu a
terceira posição para Ricciardo, que tinha Rosberg logo à frente. O
alemão da
Mercedes, por sua vez, passou a perseguir o líder Vettel, pouco mais de
1s à
frente. Enquanto isso, inglês foi considerado culpado pelo
toque em Ricciardo, tendo que pagar um drive through e vendo sua
situação se
complicar ainda mais ao cair para 14º. Em 10º, Massa foi mais uma vez
aos boxes e saiu da zona de pontuação, enquanto Raikkonen abandonava de
vez a prova. Nesse momento, Rosberg poderia até assumir a liderança do
campeonato.
Ricciardo e Rosberg se tocam
Pressionado
pelo compatriota da Mercedes, Vettel
manteve a distância na casa de 1s. Mas sem conseguir alcançar o alemão
da
Ferrari, Nico passou a ser atacado por Ricciardo, em terceiro. Na volta
64, o
australiano se excedeu na tentativa de ultrapassar a Mercedes no fim da
reta. Na tentativa de Rosberg em dar o "X" no australiano, ambos se
tocaram. Resultado: pneu furado para o alemão, e asa quebrada para
Ricciardo.
O piloto da RBR ainda conseguiu amenizar o
prejuízo, ao velocidade razoável até chegar aos boxes e se segurou em
terceiro, atrás do parceiro Daniil Kvyat, que lucrou com o incidente. Já
Rosberg se arrastou por quase uma volta até o pit lane, trocou o pneu
avariado e voltou apenas em 10º,
atrás de Marcus Ericsson, da Sauber.
Quem
agradeceu a confusão foi Vettel, que voltou a disparar
na liderança. A presença inesperada de Daniil Kvyat, da RBR, na segunda
posição dava mostras de que o desfecho da prova seria uma dos mais
inesperados desta temporada. Sem ameaças, o tetracampeão acelerou de
forma segura rumo à segunda vitória com o uniforme da Ferrari. Kvyat foi
punido por 10s após sair da pista e obter vantagem, mas já tinha
vantagem suficiente para garantir o segundo lugar. Ricciardo saiu
praticamente ileso do toque com Rosberg e confirmou a terceira posição,
seguido pelo caçula da F-1, Max Verstappen. Na posição seguinte, mais um
resultado inesperado: Alonso fez a melhor corrida da nova era
McLaren-Honda e garantiu a quinta posição.
Hamilton
se recuperou da punição sofrida, foi ganhando posições e ainda cruzou em
sexto, à frente de Rosberg, garantindo importantes oito pontos para
ampliar sua liderança no Mundial. Sem tempo de fazer uma prova de
recuperação após colocar um novo pneu, Rosberg precisou se contentar com
o oitavo lugar, atrás da Lotus de Romain Grosjean. Jenson Button e
Ericsson completaram o top 10, respectivamente. Felipe Nasr ficou perto
de pontuar, em 11º, e Massa cruzou a linha de chegada em 12º, logo à
frente do companheiro Valtteri Bottas. Maldonado foi o 14º, e Roberto
Merhi, da Manor, o 15º. Will Stevens (Manor), Carlos Sainz (STR),
Raikkonen, Perez e Hulkenberg não completaram.
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