domingo, 26 de julho de 2015

Vettel surpreende Mercedes, vence na Hungria e iguala triunfos de Senna

Em uma das provas mais movimentadas dos últimos anos, alemão leva 41ª vitória. Hamilton e Nico se metem em confusão, RBR sobe ao pódio. Brasileiros não pontuam



Por
Budapeste, Hungria
 

Após uma inesperada vitória na segunda corrida da temporada, o GP da Malásia, em março, Sebastian Vettel havia retornado ao papel de coadjuvante, acompanhando de forma quase resignada o domínio das Mercedes de Lewis Hamilton e Nico Rosbergem 2015. Mas o tetracampeão estava apenas esperando uma nova chance para voltar a exercer o protagonismo na Fórmula 1. E, neste domingo, a oportunidade apareceu logo na largada. Depois de assumir a ponta no início da prova, desbancando as Flechas de Prata, Vettel tratou de abrir distância. A vantagem foi fundamental para defender a vitória diante de todas as reviravoltas provocadas pela entrada de um safety car na metade final da prova, e por diversos incidentes que marcaram uma das corridas mais movimentadas dos últimos tempos. Com seu segundo triunfo pelo time de Maranello, o alemão soma agora 41 vitórias na carreira, igualando a marca do tricampeão Ayrton Senna como o terceiro maior vencedor da história da categoria, atrás apenas de Michael Schumacher (91) e Alain Prost (51). Vettel dedicou a vitória a Jules Bianchi, que morreu no último dia 17, e recebeu uma homenagem antes da corrida

Confira os melhores momentos no vídeo acima.

Sebastian Vettel com as bandeiras da Ferrari e da Itália após vitória no GP da Hungria de Fórmula 1 2015 (Foto: Getty Images)
Vettel com as bandeiras da Ferrari e 
da Itália após vitória no GP da 
Hungria de Fórmula 1 2015 
(Foto: Getty Images)


RBR no pódio, Mercedes fora dele pela primeira vez desde 2013

Beneficiado diretamente pelo incidente envolvendo o companheiro Daniel Ricciardo e Nico Rosberg nas voltas finais, o jovem russo Daniil Kvyat, de 21 anos, terminou em segundo, alcançando o primeiro pódio de sua carreira. Após ter sua asa dianteira danificada no toque que furou o pneu do alemão da Mercedes na disputa pela segunda colocação, o australiano ainda conseguiu se recuperar e chegar em terceiro. Vencedor da etapa húngara no ano passado, o piloto da RBR subiu ao pódio pela primeira vez nesta temporada. Esta foi também a primeira vez, desde o GP do Brasil de 2013, que nenhum piloto da Mercedes terminou entre os três primeiros

 Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat no pódio do GP da Hungria 2015 (Foto: Getty Images) 
Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat fazem brinde 
no pódio do GP da Hungria (Foto: Getty Images)


"Montanha russa" de emoções para Hamilton e Rosberg

Dono de quatro vitórias em Hungaroring e a bordo da toda poderosa Mercedes, Hamilton chegou com status de franco favorito à vitória, ainda mais por ter liderado os três treinos livres e cravado a pole position em um treino classificatório perfeito, com o melhor tempo no Q1, no Q2 e Q3. Após vacilar na largada e cair para quarto, o inglês voltou a sofrer com uma instabilidade emocional que não apresentava há tempos, saindo da pista na tentativa de desbancar o companheiro Rosberg e despencando para décimo. Na relargada, Hamilton se envolveu em outro incidente, dessa vez com Ricciardo, e precisou ir duas vezes aos boxes, uma para trocar a asa danificada, outra por ser punido pelo toque no australiano. O britânico chegou a figurar em 14º e ter a liderança do campeonato ameaçada pelo parceiro de Mercedes. Mas as circunstâncias da corrida, principalmente após o incidente envolvendo Ricciardo e Rosberg nas voltas finais, acabaram por beneficiar o bicampeão mundial, que se recuperou na prova, cruzou em sexto, duas posições à frente de Rosberg, e ampliou sua vantagem na liderança de 17 para 21 pontos. Confira a classificação completa da temporada.
O dia foi difícil para os pilotos brasileiros. Felipe Massa largou apenas em oitavo, e ainda precisou cumprir uma punição de 5s nos boxes por ter se posicionado de maneira errada no grid na primeira tentativa de largada, que foi abortada. A falha do veterano provocou a redução na duração da corrida, de 70 para 69 voltas. A Williams não apresentou bom rendimento em Hungaroring, o brasileiro ainda adotou uma estratégia complicada, com muitas paradas nos boxes, e terminou apenas em 12º, uma posição à frente do parceiro Valtteri Bottas. Com a limitada Sauber,  Felipe Nasr ficou muito perto da zona de pontuação ao aproveitar os diversos abandonos de seus colegas, e chegou em 11º. Mas foi seu companheiro Marcus Ericsson, que teve mais sorte e ficou exatamente em 10º, garantindo 1 ponto para a equipe suíça. 

O GP da Hungria marcou também a melhor apresentação do ano da McLaren. Depois de mostrar consistência nos treinos livres, Fernando Alonso mostrou bom ritmo, se aproveitou das confusões e cruzou em quinto, à frente das duas Mercedes. Jenson Button também chegou nos pontos, em oitavo. O destaque negativo da prova ficou por conta de Pastor Maldonado. O venezuelano sofreu três punições, por motivos diversos durante a corrida, e terminou em 13º. A Fórmula 1 faz agora a tradicional parada para as férias do meio de ano e retorna no dia 23 de agosto, com o GP da Bélgica, no icônico circuito de Spa-Francorchamps. 




CONFIRA O RESULTADO

Resultado do GP da Hungria de Fórmula 1 2015 (Foto: Divulgação)


A CORRIDA

Classificação do campeonato após GP da Hungria (Foto: GloboEsporte.com)



A CORRIDA


Ferrari dá bote na Mercedes na largada. Hamilton erra e despenca

Nas entrevistas realizadas antes da corrida, os pilotos da Ferrari apontavam a RBR e a Williams como principais adversárias deste domingo. Mas a aparente falta de confiança não impediu que Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen dessem o bote na Mercedes logo na largada, tomando as posições do pole Lewis Hamilton e do segundo colocado, Nico Rosberg. A partir de então, o alemão, novo líder da corrida, e o companheiro finlandês passaram a abrir distância.

Hamilton caiu para quarto, atrás do companheiro Rosberg, e não conseguiu processar bem a reviravolta na largada. Ao tentar atacar o alemão, o bicampeão errou, saiu da pista e voltou apenas em 10º, atrás do brasileiro Felipe Massa, da Williams. Nico se estabilizou na terceira posição, enquanto Vettel e Raikkonen ditavam o ritmo na liderança do pelotão. Valtteri Bottas era o quarto, e Felipe Nasr apenas o 18º.

Largada do GP da Hungria: Ferrari de Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen toma ponta da Mercedes de Lewis Hamilton (Foto: Reuters)
Na largada, as Ferraris de Vettel e Kimi tomaram 
a ponta das Mercedes de Hamilton e Rosberg 
(Foto: Reuters)


Hamilton não poupou ataques a Felipe Massa, mas o brasileiro não facilitou a ultrapassagem do inglês. Os dois chegaram a encostar as rodas traseiras, até que o piloto da Mercedes finalmente conseguiu superar o colega da Williams (vídeo), na décima volta. Massa fez sua primeira parada cinco voltas depois, quando cumpriu 5s de punição por ter se posicionado errado no grid durante a primeira tentativa de largada, que precisou ser abortada. Por isso, o brasileiro voltou para a pista apenas em 16º.


Aproveitando a pista esvaziada quando boa parte dos pilotos faziam suas primeiras paradas, Hamilton tratou de acelerar a Mercedes para tentar descontar o prejuízo da mal sucedida largada. O inglês já estava em quinto quando foi para os boxes, e conseguiu manter a posição ao retornar à pista. Quando chegou a vez de Vettel fazer o pit stop, Raikkonen assumiu a liderança apenas provisoriamente, até o alemão reaver a ponta. Na 20ª volta, Maldonado dividiu a pista com o mexicano Sergio Pérez e não economizou na ousadia, encostando no carro do adversário e o mandando para fora da pista (vídeo).


Hamilton se recupera, sobe para quarto e vai à caça de Rosberg

Na volta 26, Hamilton se aproximou da RBR de Ricciardo, mas só conseguiu fazer a ultrapassagem para assumir a quarta posição três voltas depois. Enquanto isso, Nasr, em 17º, passou a atacar o xará Massa. O brasileiro da Sauber não precisou concretizar a manobra, porque o compatriota da Williams preferiu retornar aos boxes para trocar os pneus médios por macios. Após superar Ricciardo, o alvo de Hamilton passou a ser o companheiro Nico Rosberg. Mas a diferença entre os dois ainda era de 10s. A distância caiu significativamente para 6s até a volta 41. A esta altura, Vettel já estava 13s à frente do companheiro Raikkonen, despontando de forma confortável como piloto em melhores condições de vencer.

Hulkenberg bate forte, safety car entra e movimenta corrida ainda mais

Na volta 43, a asa dianteira de Hulkenberg quebrou sozinha, de forma repentina. O alemão da Force India perdeu o controle do carro e passou reto na curva, batendo de frente na barreira de proteção (vídeo). O safety car virtual foi acionado, e os outros pilotos aproveitaram para ir aos boxes. Hamilton e Rosberg fizeram o segundo pit stop praticamente em sequência, mas o inglês não teve a mesma sorte do companheiro, amargando mais uma parada demorada (5s1), como já havia ocorrido da primeira vez. Os pilotos da Mercedes apostaram em pneus médios, na tentativa de conter o desgaste nas voltas restantes da corrida.


Hamilton toca em Ricciardo, quebra asa dianteira e é punido

A direção de prova decidiu acionar o safety car real para retirar os detritos do acidente de Hulkenberg. Os pilotos, inclusive, precisavam cruzar os boxes, enquanto era feito a limpeza da reta principal. O episódio deu nova dinâmica à disputa, com Hamilton e Rosberg em condições de atacar as Ferrari. A situação era especialmente complicada para Raikkonen, com problema no sistema de recuperação de energia do motor, que tirava cerca de 3s por volta de seu rendimento. Na relargada, na volta 49, Nico não perdeu tempo e tomou a segunda posição de Kimi. Ricciardo tentou passar Hamilton, mas levou um "chega pra lá" do inglês. No incidente, Hamilton teve parte de sua asa dianteira quebrada e foi superado, caiu para sexto, precisou ir aos boxes fazer reparos e voltou em 12º.



Briga pela vitória esquenta entre Vettel, Rosberg e Ricciardo

Sem potência, Raikkonen cedeu a terceira posição para Ricciardo, que tinha Rosberg logo à frente. O alemão da Mercedes, por sua vez, passou a perseguir o líder Vettel, pouco mais de 1s à frente. Enquanto isso, inglês foi considerado culpado pelo toque em Ricciardo, tendo que pagar um drive through e vendo sua situação se complicar ainda mais ao cair para 14º. Em 10º, Massa foi mais uma vez aos boxes e saiu da zona de pontuação, enquanto Raikkonen abandonava de vez a prova. Nesse momento, Rosberg poderia até assumir a liderança do campeonato.

Ricciardo e Rosberg se tocam

Pressionado pelo compatriota da Mercedes, Vettel manteve a distância na casa de 1s. Mas sem conseguir alcançar o alemão da Ferrari, Nico passou a ser atacado por Ricciardo, em terceiro. Na volta 64, o australiano se excedeu na tentativa de ultrapassar a Mercedes no fim da reta. Na tentativa de Rosberg em dar o "X" no australiano, ambos se tocaram. Resultado: pneu furado para o alemão, e asa quebrada para Ricciardo.

O piloto da RBR ainda conseguiu amenizar o prejuízo, ao velocidade razoável até chegar aos boxes e se segurou em terceiro, atrás do parceiro Daniil Kvyat, que lucrou com o incidente. Já Rosberg se arrastou por quase uma volta até o pit lane, trocou o pneu avariado e voltou apenas em 10º, atrás de Marcus Ericsson, da Sauber.


Quem agradeceu a confusão foi Vettel, que voltou a disparar na liderança. A presença inesperada de Daniil Kvyat, da RBR, na segunda posição dava mostras de que o desfecho da prova seria uma dos mais inesperados desta temporada. Sem ameaças, o tetracampeão acelerou de forma segura rumo à segunda vitória com o uniforme da Ferrari. Kvyat foi punido por 10s após sair da pista e obter vantagem, mas já tinha vantagem suficiente para garantir o segundo lugar. Ricciardo saiu praticamente ileso do toque com Rosberg e confirmou a terceira posição, seguido pelo caçula da F-1, Max Verstappen. Na posição seguinte, mais um resultado inesperado: Alonso fez a melhor corrida da nova era McLaren-Honda e garantiu a quinta posição.

Hamilton se recuperou da punição sofrida, foi ganhando posições e ainda cruzou em sexto, à frente de Rosberg, garantindo importantes oito pontos para ampliar sua liderança no Mundial. Sem tempo de fazer uma prova de recuperação após colocar um novo pneu, Rosberg precisou se contentar com o oitavo lugar, atrás da Lotus de Romain Grosjean. Jenson Button e Ericsson completaram o top 10, respectivamente. Felipe Nasr ficou perto de pontuar, em 11º, e Massa cruzou a linha de chegada em 12º, logo à frente do companheiro Valtteri Bottas. Maldonado foi o 14º, e Roberto Merhi, da Manor, o 15º. Will Stevens (Manor), Carlos Sainz (STR), Raikkonen, Perez e Hulkenberg não completaram. 


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