Em jogo válido pelas oitavas de final, seleção brasileira, bastante mudada em relação ao Sul-Americano, encara rival praticamente igual ao da competição continental
De um lado, um time bastante mudado; do outro, uma
equipe praticamente imutável. Brasil e Uruguai se enfrentam nesta quinta-feira,
às 4h30 (de Brasília), no estádio Taranaki, em New Plymouth, pelas oitavas de
final do Mundial Sub-20 em estágios diferentes no que diz respeito ao trabalho
desenvolvido com suas gerações de jogadores. O Sul-Americano disputado em
janeiro é o ponto de cisão: enquanto os brasileiros resolveram mudar tudo –
inclusive o comando técnico – e só mantiveram oito jogadores que participaram
daquele torneio, os uruguaios seguem na mesma toada – são 17 os atletas que
permaneceram no elenco.
O quarto lugar no Sul-Americano, que foi disputado no
Uruguai, representou praticamente o fim da passagem de Alexandre Gallo no
comando da seleção brasileira. Nos meses seguintes, o treinador foi perdendo
espaço: deixou a coordenação da base, perdeu sua comissão técnica e, por fim,
faltando três dias para o início da
preparação para o Mundial, foi demitido. Rogério Micale assumiu, implementou
outro estilo de jogo, mas não pôde alterar a convocação elaborada pelo antecessor.
Assim, o fato de apenas oito atletas terem permanecido mostra o
descontentamento com o que aconteceu no início do ano.
Com elenco reformulado, Brasil treina sob
chuva antes de duelo com o Uruguai
(Foto: Felipe Schmidt)
O lateral-direito João Pedro é um dos poucos remanescentes
daquele time. Para ele, o elenco atual não é muito diferente em qualidade do
que disputou o Sul-Americano. A diferença é a competição: no Mundial, a
dificuldade não é tão grande quanto encarar os vizinhos continentais em seus
domínios.
- Diferença a gente não vê. Os dois grupos são muito
qualificados. A diferença é o campeonato. O Sul-Americano é bem complicado, os
jogos são mais truncados, mais aguerridos; os times jogam mais fechados,
querendo jogar no contra-ataque. Aqui (no Mundial), os times tentam jogar mais,
sair. Fica mais fácil – analisou o atleta.
Apenas oito jogadores do Sul-Americano permanecem no Mundial (Foto: GloboEsporte.com)
Ainda assim, as feridas do Sul-Americano não foram
completamente cicatrizadas. Enfrentar o Uruguai, que venceu uma vez e empatou
outra nos dois duelos pelo Sul-Americano, é uma motivação a mais, tanto para quem
esteve no torneio continental em janeiro quanto para quem irá encarar a Celeste
somente no Mundial. O técnico Rogério Micale, porém, trata o assunto com
cautela.
- A gente procura não vincular aquilo que aconteceu no
passado com o momento novo que a gente está querendo propor para a seleção. É
lógico que existe uma motivação pelo que aconteceu. É natural do ser humano. A
gente busca não motivar dessa forma, mas mostrar que o mais importante é o
trabalho que estão fazendo, que eles têm potencial para ganhar, que temos condições,
sim, de fazer diferente daquilo que foi feito, mas dentro de um limite, sem
exagero para não criar excesso. Quero que a equipe se mantenha como até então:
tranquila, jogando futebol e pensando só em fazer o seu melhor – disse o
treinador.
No Uruguai, que
terminou em terceiro lugar no Sul-Americano, a continuidade foi natural.
Fabián
Coito segue como treinador, e nomes como o goleiro Guruceaga, o volante
Arambarri e o meia Pereiro, destaques na outra competição, seguem como
referência na equipe. Neste Mundial, a Celeste encarou um grupo difícil,
com
Sérvia, Mali e México, e se classificou em segundo lugar, com quatro
pontos. O Brasil, por sua vez, venceu os três jogos que fez, contra
Nigéria, Hungria e Coreia do Norte e ficou em primeiro em sua chave.
Micale faz mistério em relação a mudança no
meio de campo do Brasil para enfrentar o
Uruguai (Foto: Felipe Schmidt)
Como virá a Celeste?
O fato de o Uruguai manter seu trabalho não significa que o
Brasil tenha certeza do que virá pela frente. Micale acredita que pode haver
alguma mudança tática na Celeste – Coito, em coletiva, afirmou que estava com
uma dúvida no meio de campo, que alteraria toda a estratégia do time. Assim, a
preparação brasileira foi em cima do que a equipe canarinho pode fazer.
- Eu me preparei para algumas situações, mas não quer dizer
que vá ser dessa forma. Não sei se o treinador pode variar de sistema por ser
um jogo contra o Brasil. Eu me preparei em cima do que vi em alguns jogos.
Independentemente do Uruguai, a preparação foi em cima do que a equipe
brasileira pode realizar neste jogo.
João Pedro em ação pelo Brasil no Mundial, na vitória sobre a Coreia do Norte (Foto: AP)
Entre os jogadores, porém, a expectativa é de uma Celeste
não muito diferente daquela de cinco meses atrás: marcação forte, força física
e contra-ataques.
- É o estilo de jogo deles. Eu os espero bem retrancados,
marcando muito forte e tentando sair no contra-ataque. Não acho que vai mudar
muito disso – analisou João Pedro.
Dúvida no meio de campo
Para
esta partida, o Brasil deve ter uma mudança no meio de
campo. Nos dois treinos que antecederam o jogo, Rogério Micale observou a
equipe com Jajá no lugar de Alef. Na entrevista coletiva, questionado
por
jornalistas uruguaios, o treinador despistou. A tendência, porém, é que o
meia
do Flamengo seja o escolhido. Assim, o time deve entrar em campo com
Jean, João Pedro, Marlon, Lucão e Jorge; Danilo, Jajá (Alef) e
Boschilia; Gabriel Jesus, Judivan e Marcos Guilherme.
- Tenho duas dúvidas em relação à formação tática. O Jajá
tem qualidade muito grande no passe, nas enfiadas de bola, e com o Alef eu
ganho estatura maior, porque a equipe adversária é muito forte fisicamente. São
duas situações que a gente está avaliando, está pensando. Vamos deixar até o
último momento para saber qual vai ser a melhor opção – afirmou Micale.
Brasil e Uruguai se enfrentam às 4h30 (de Brasília) desta
quinta-feira, no estádio Taranaki, em New Plymouth. O SporTV transmite o jogo
ao vivo, e o GloboEsporte.com acompanha em Tempo Real.
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