Despedida de Fofão teve selfie no meio d
o jogo (Foto: Cinara Piccolo/Divulgação)
“Valeu, Fofão!” A frase estava estampada nas camisas dos
torcedores no Ginásio Milton Feijão, em São Caetano do Sul. A reverência foi
enorme à levantadora campeã olímpica na manhã deste domingo. Jogadoras de
várias gerações, o técnico Zé Roberto e muitos fãs marcaram presença no jogo
festivo, queriam ver Hélia Rogério de Souza Pinto em ação pela última vez. A
festa era de despedida para a jogadora de 45 anos, mas ninguém queria dizer
adeus, mas sim homenagear e agradecer. Obrigado por quase três décadas
encantando dentro de quadra, obrigado por ser exemplo e ídolo de gerações de
levantadoras, obrigado por 15 anos à frente da seleção brasileira, obrigado por
ser Fofão.
- Não
vai ter um dia na minha vida em que eu vou acordar e não vou me lembrar desse
dia, dessa festa, porque eu nunca tinha imaginado estar aqui nesse momento. É
mais do que um sonho. Estou muito feliz, muito feliz mesmo. Espero que sintam falta de mim (risos). Foram 30 anos, e fiz
em quadra o que sabia de melhor. Quero que a imagem que as pessoas tenham de
mim é jogando um voleibol de alto nível técnico, alegre, fazendo o que gosto.
Espero que sintam saudades, porque é isso que vai ficar em mim
- disse a agora ex-jogadora.
Fofão abraça ex-companheira
(Foto: Cinara Piccolo)
Qualquer
rivalidade de clubes foi colocada de lado neste
domingo. Cada jogadora colocou a camisa de seu time, e elas se dividiram
em
dois times: “Seleção de Pequim 2008”, capitaneada pela dona da festa, e
“Amigas da Fofão”, chefiadas por Virna. Poderia, porém, ser um time
só: “Fãs da Fofão”. A homenageada do dia começou na equipe olímpica, mas
mudou de lado na rede a cada set.
-
Eu não jogava há cinco anos. Estava com saudades. A Fofão
conseguiu reunir umas cinco gerações. Reunir as amigas e encerrar a carreira em
uma festa como essa, é maravilhoso. Eu chorei, porque são épocas que passam na
nossa vida, e a gratidão das pessoas é muito bacana. A Fofão tem qualidade para
se dar bem nessa vida pós-quadra, pode trabalhar com televisão e pode ser
técnica. Ela pode brilhar ainda. Ela merece, é de emocionar - disse a ex-jogadora Virna.
Fabi faz homenagem a Fofão (Foto: Cinara
Piccolo/Divulgação)
Tudo
foi uma grande brincadeira, no aquecimento, na apresentação dos times,
no saque inicial - da Fofão, claro - e até em encenações de reclamação
com os árbitros e de provocações na rede. Teve até a líbero Fabi
atacando e fazendo ponto. Tudo estava liberado, podia tirar selfies na
hora da substituição, podia colocar Régis no time campeão olímpico. O
resultado era o que menos importava, mas as "Amigas da Fofão" venceram
por 2 sets a 0 - 25/21 e 25/17. O ponto final, foi da dona da festa, em
um saque. Um desfecho armado, com volta de ponto e todas as jogadoras
convidadas na quadra. Uma justa homenagem a Fofão.
Fofão ao lado do técnico da seleção José Roberto Guimarães (Foto: Cinara Piccolo)
- Tenho duas palavras para traduzir a Fofão: tolerância e
persistência. Foi tolerante em todos os sentidos, nunca reclamou de nada,
sempre soube o lugar dela, sempre soube se colocar e assimilar tudo pelo que
passou durante anos. Persistência porque ela não era uma jogadora extremamente
talentosa, mas ela insistiu com inteligência, nunca foi imediatista, sabia que
para ter sucesso precisava de trabalho e tempo. Tem de tirar o chapéu. Assim
que ela chegou a ser a melhor levantadora do mundo - disse Zé Roberto.
O sorriso largo, tão natural durante toda sua carreira, esteve
estampado no rosto de Fofão antes, durante e depois da festa em quadra. Foi uma manhã de muitos abraços, cumprimentos,
autógrafos e fotos. Ela curtiu cada momento, assim como fez na disputa do
Mundial de Clubes no último dia 10, a última partida oficial da levantadora
campeã olímpica. Depois de cinco Olimpíadas e três medalhas - dois bronzes
(Atlanta 1996 e Sydney 2000) e o ouro de Pequim 2008 -, Fofão foi saudada, virou
máscara vestida com orgulho por torcedores. Ela pode deixar as quadras, mas sempre contará com uma legião de fãs.
Fofão é abraçada por Fabi, uma de suas
principais amigas na seleção (Foto:
Cinara Piccolo)
Os
tributos continuaram ao fim do jogo festivo. Foi quando as lágrimas
rolaram. A ponteira Gabi, companheira da levantadora no Rio de Janeiro,
foi a primeira a chorar. A líbero Fabi, que falou em nome das jogadoras,
ajoelhou-se aos pés de Fofão e também caiu em prantos, emocionada pela
despedida da amiga. O técnico Zé Roberto também se emocionou, mas
conseguiu segurar as lágrimas. O técnico Bernardinho foi a única
ausência de última hora, pois não conseguiu ir do Rio para São Caetano.
Nada que atrapalhasse a festa de Fofão, que distribuiu e ganhou flores.
-
Tenho um carinho muito grande pela Fofão. Foram três anos
maravilhosos junto dela. Foi muito importante na minha vida e na minha
carreira. Vou sentir muita falta dela no dia-a-dia. É difícil achar uma pessoa
que não goste da Fofão, desse jeito simples e humilde que ela tem. Vai
continuar sendo um exemplo para mim. Não tem como segurar a emoção. No momento
que ela foi para o saque, eu já comecei a chorar. Torço muito por ela nesse
novo momento da carreira dela, nos novos planos que ela escolher na vida - disse Gabi.
Fofão faz um discurso de despedida
(Foto: Cinara Piccolo)
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