segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Depois de ficar entre a vida e a morte, nadador encontra doador de medula

Promessa da natação, Leonardo Coutinho supera pancreatite e se prepara para reta final do tratamento contra leucemia. Jovem de 20 anos fará transplante em outubro


Por Rio de Janeiro


Natação Leonardo Coutinho e Natália Diniz (Foto: Arquivo Pessoal)Leonardo Coutinho tem recebido o apoio de sua namorada, Natália Diniz (Foto: Arquivo Pessoal)


Os últimos meses foram de apreensão para Leonardo Coutinho. Desde o fim de dezembro, quando recebeu o diagnóstico de leucemia, o nadador de 20 anos, recordista brasileiro dos 200m costas da categoria júnior e integrante das seleções brasileiras de base, tem feito o tratamento de quimioterapia no Hospital Cruz Azul, em São Paulo. O estado era grave, a notícia causou um baque, mas também gerou uma corrente de solidariedade. Assim como nadadores e outros funcionários do Pinheiros, milhares de pessoas fizeram fila para participar da campanha de doação de sangue e dos testes de compatibilidade de medula óssea. E o que às vezes demora anos veio como uma bênção. Depois sofrer com uma pancreatite que o deixou com 10% de chances de sobreviver, conforme os médicos previram no momento, e de ser mais uma vez internado na UTI do hospital em estado gravíssimo, Leo encontrou três doadores com 100% de compatibilidade.
No dia 1º de outubro, o nadador será internado no Hospital das Clínicas, Zona Oeste de São Paulo, para iniciar o procedimento - a doação será feita no dia 8 e o transplante no dia seguinte. Antes da cirurgia, ele fará um tratamento de "quimio power", uma dose reforçada de quimioterapia para matar a sua medula e poder, assim, realizar o transplante. Como é um corpo estranho, a nova medula tem de 3 a 28 dias para se adaptar ao organismo do atleta, que precisará ficar internado de 30 a 40 dias, mas tudo vai depender da resposta do paciente. Em seguida, serão 60 dias em casa, em repouso absoluto.

-  O Leo é um menino iluminado, parece coisa de Deus. Ele tem respondido muito bem ao tratamento desde o início e encontrou logo três doares. Havíamos encontrado primeiro um nos Estados Unidos, mas acabamos achando outro no Brasil. Muitas pessoas demoram anos esperando e acabam não resistindo. A família dele fez testes de compatibilidade no início do ano e se houvesse alguém com uma medula 60% compatível, escolheríamos essa pessoa. Mas graças a Deus ele encontrou outros com 100% de compatibilidade. Ele está muito feliz. O doador é anônimo, mas eu tenho curiosidade de saber quem é, pode ser alguém da polícia, porque ele tem um tio que é policial e fez campanha. Um dos policiais foi chamado no hospital. Mas foram muitas campanhas - disse Natalia Diniz, que completa um ano e dois meses de namoro com Leo no dia 24 deste mês (eles estavam juntos há cinco meses juntos quando a doença foi descoberta). 

Leonardo Coputinho consegue doador compativel de medula (Foto: Reprodução/Facebook)
Leonardo Coutinho consegue doador 
compatível de medula e fará o 
transplante em outubro (Foto: 
Reprodução/Facebook)


Um dos momentos mais delicados do tratamento foi a pancreatite que o acometeu no mês de julho, provocada pela forte medicação. Ele precisou ser internado por 10 dias e os médicos chegaram a pedir para a mãe se despedir do filho. Religiosa, ela ignorou as previsões e fez suas orações para que tudo não passasse de um susto. Uma tosse com um sangramento trouxe consigo uma suspeita de hemorragia no pulmão, que, felizmente, não se confirmou. Foram 10 dias sem comer nada, apenas se alimentando através de uma sonda. Poucas horas depois de tomar um iogurte, um prato de arroz e feijão deu uma injeção de ânimo ao jovem, que teve outra melhora surpreendente e recebeu alta do hospital logo após deixar a UTI.

Ao longo dos nove meses desde que recebeu o diagnóstico de leucemia, Leonardo recebeu centenas de mensagens, vídeos e cartas de amigos, conhecidos e desconhecidos que se sensibilizaram com a situação. A corrente do bem foi fundamental para que o nadador não perdesse as esperanças de lutar.
 
- Minhas família, meus amigos da natação e minha namorada me acolheram muito nesse período, que está sendo muito difícil. Essa corrente do bem, de amor, está fazendo toda a diferença. É muito bom ter esse "staff" por trás. A felicidade é muito importante no tratamento. Foram muitas mensagens e cartas, principalmente, de crianças, muitas delas da Igreja. Isso me dá força para eu seguir em frente e ultrapassar essa batalha final. Graças a Deus encontraram a medula compatível e vai dar tudo certo - disse Leo, que está gripado, mas nada que seja grave.
Enquanto não volta para o hospital, em São Paulo, Leonardo ficará na casa da avó, em Itanhaém, no litoral paulista, onde foi criado, na companhia de amigos e familiares.


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/natacao/noticia/2014/09/apos-ficar-beira-da-morte-nadador-encontra-doador-para-tratar-leucemia.html

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