Ex-zagueiro do São Paulo, com passagens por Stuttgart e Schalke 04 durante 11 anos, acredita no favoritismo alemão, mas vê Brasil com chances de chegar à final
Bordon administra uma academia em
Ribeirão Preto (Foto: Cleber Akamine)
Embora valorize força, garra, determinação e principalmente o improviso dos brasileiros, o conjunto alemão, neste caso, leva uma pequena vantagem, diz o ex-jogador do São Paulo.
Antes mesmo do início do mundial, Bordon alertava para as limitações da seleção brasileira, principalmente pela "neymardependência". Coincidentemente, ele já tinha avisado que seria preciso rezar para que o atacante do Barcelona não tivesse nenhuma lesão durante a competição. Com uma fratura na vértebra após falta dura de Zuniga, Neymar deixou a Copa.
- Por tudo o que tem feito, a Alemanha é favorita. Por jogar em casa, o Brasil tem essa pressão, independente de quem vá jogar ou de quem esteja fora. Levando em consideração a organização em campo e a ausência de Neymar, a Alemanha tem grandes chances de vencer a partida. É o conjunto alemão e o talento individual do Brasil, que era o Neymar - declarou Bordon, que teve a oportunidade de atuar ao lado de alguns dos principais jogadores da atual seleção alemã, como o goleiro Neuer, o zagueiro Höwedes, o lateral e capitão Philipp Lahm e o meia Ozil.
Ciente do potencial do seus ex-companheiros e observando a qualidade dos comandados de Joachim Löw, o melhor a ser feito para surpreendê-los é pressionar desde os primeiros minutos. Os alemães não podem ficar à vontade, explica Bordon.
- A Alemanha precisa sentir a pressão e entender que está jogando fora de casa. Se começar o jogo e eles perceberem que não é tão difícil, complica. Eles vão crescer. O Brasil tem que se impor desde o primeiro minuto e não deixar eles jogarem. É preciso ocupar o meio-campo e evitar a movimentação e a posse de bola alemã - comentou o ex-zagueiro, afastado dos gramados desde 2011, quando defendeu o Al Rayyan, no Catar.
palpite
- Existe uma pressão política e social em cima dos ombros dos atletas. Não deveria ser assim. A corrupção do país não tem a ver com os jogadores. Enquanto isso, os alemães estão tranquilos, cativando o público brasileiro, curtindo a Copa. Para eles é mais um jogo - comentou Bordon, que garante torcer pelo Brasil.
- Meu coração fica dividido, mas ferve quando vê o Brasil entrar em campo. Vou torcer [para o Brasil], claro, mas não ficarei triste se a Alemanha passar para a final. Caso isso aconteça, vou entender que é a recompensa de um trabalho - comentou.
empresário
Bordon implantou filosofia alemã em
sua academia (Foto: Cleber Akamine)
- Os alemães estão se preparando para esta Copa do Mundo há seis, oito anos. Quando eu estava lá, os clubes iniciaram projetos para crianças. Elas já aprendiam diversos fundamentos, parte técnica e tática, com acompanhamento profissional. Existe um programa, uma filosofia, tempo para os treinadores trabalharem. Qual clube do Brasil faz isso? Isso eu trouxe para a minha academia - explicou.
jogador
- Meus pais sempre deram duro demais. Quando vi que poderia tirá-los daquela situação, não tive dúvida.
Destaque do Pantera de Ribeirão Preto em um torneio internacional, Bordon despertou o interesse de empresários alemães, que foram atrás da sua contratação, mas o pai entrou em cena e não aceitou a proposta "por baixo dos panos".
- Ele não quis aceitar os 300 mil dólares que foram oferecidos. Mesmo eu não tendo contrato com o Botafogo, meu pai foi até o presidente, na época o Laerte Alves, e falou do interesse. O Laerte Alves, conselheiro do São Paulo, elogiou a atitude do meu pai e prometeu que me levaria para lá no fim do ano. Joguei dois anos nas categorias de base, subi para o profissional e logo veio a proposta para deixar o Brasil - explicou.
Após 11 temporadas no futebol alemão, sendo cinco no Stuttgart e outros seis no Schalke 04, Bordon foi para o Al Rayyan, onde pretendia encerrar a carreira em três anos. Porém, uma grave doença da sua mãe o fez voltar para o Brasil após seis meses de contrato.
- Eu precisava estar presente naquele momento. Eu ainda tinha futebol e idade para jogar por mais alguns anos. Era capitão do time, recebia em dia, num país muito rico. Só que a minha mãe ficou doente, então resolvi parar. Voltei para o Brasil, fiquei com ela durante três anos, mas ela veio a falecer justamente no dia do meu aniversário - conta Bordon.
Assim que chegou ao Brasil, o ex-zagueiro tomou conhecimento dos investimentos feitos pelo pai em imóveis e terrenos, e decidiu abrir uma academia em parceria com uma construtora. Além de ficar com um dos 16 andares do prédio levantado pela empreiteira, Bordon fez uma academia de 1.500m², que conta atualmente com aproximadamente 400 alunos.
Bordon aponta favoritismo da
Alemanha, mas dá conselhos a Felipão:
pressionar do início ao fim (Foto:
Cleber Akamine)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/sp/ribeirao-preto-e-regiao/copa-do-mundo/noticia/2014/07/lembra-dele-alemao-bordon-quer-pressao-brasileira-do-inicio-ao-fim.html
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