domingo, 6 de julho de 2014

Bronzeado, Schweinsteiger quer provar que Deus não é só brasileiro

Apelidado de “Deus do Futebol” por torcida do Bayern, volante se entrega de corpo e alma ao país adversário da próxima terça e nega que esta seja sua última Copa


Por Santa Cruz Cabrália, BA

Bastian Schweinsteiger. Para os fãs mais declarados, “Fussballgott”. O apelido de “Deus do Futebol” recebido pela torcida do Bayern de Munique há alguns anos se faz presente no Brasil em 2014. O meio-campista “clássico-moderno” de talento acima da média se encantou com o país-sede da Copa do Mundo e tudo o que sua cultura poderia lhe oferecer - inclusive o "Lepo-Lepo" e "Eu quero tchu, eu quero tcha" (veja no vídeo acima). Houve um sentimento recíproco, é claro, que será colocado à prova na próxima terça-feira na semifinal do Mineirão. Espécie de divindade para os alemães, o camisa 7 tentará mostrar que o esporte mais popular do planeta pode e deve acatar o politeísmo. Afinal, há quem garanta que Deus também é brasileiro...

Em sua primeira entrevista coletiva desde o início da preparação da Alemanha, ainda em maio, na Itália, Schweinsteiger revelou o que todos já sabiam: ele está desfrutando de todo o pacote chamado Copa do Mundo neste último mês. A concentração na pacata vila de Santo André, no sul da Bahia, o ajudou a ganhar uma cor de pele avermelhada - e também a fazer novos amigos que falam português.

Schweinsteiger gol Alemanha (Foto: Reuters)
Com o calor e o sol forte da Bahia, 
Schweinsteiger ganhou um bronzeado
 nesta Copa do Mundo (Foto: Reuters)

–  Depois de 30 dias foi muito bom estar no Brasil, você pode perceber que todo mundo está um pouco mais bronzeado... Mas estamos aqui em uma competição e fico muito feliz que ainda continuamos na disputa. Percebemos que o povo brasileiro tem alegria de viver, estamos muito contentes com a maneira que estão nos tratando. Tive a chance de ter um contato com as pessoas aqui (Santa Cruz Cabrália), em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, e sempre fui muito bem tratado por todos, o carinho foi tão grande que eu vesti algumas camisas de clubes brasileiros, como Bahia, Flamengo e Grêmio. Nós esperamos que este clima continue, mesmo o nosso próximo adversário sendo o Brasil. Tenho a certeza de que nada vai mudar – comentou.

A pergunta abriu caminho para Schweinsteiger justificar a sua fama.

Schweinsteiger em passeio no treino da Alemanha (Foto: AP)
Volante alemão aproveitou a visita de 
alguns índios ao CT na Bahia e caiu na
 dança (Foto: AP)

– É difícil dar uma resposta sobre mim. Eu só posso dizer que, em Munique, a loucura das pessoas é muito grande comigo, é uma coisa que eu não sei explicar o motivo, mas aconteceu. Antes eu via a torcida idolatrar o Carsten Jancker (ex-jogador) e depois aconteceu comigo, os torcedores que ficam na curva sul do estádio sempre gritam muito, acho que é isso que posso dizer sobre o carinho que tenho na Alemanha. Se os brasileiros dizem que é assim, então deve ser assim. Para a gente essa conotação é um pouco diferente – afirmou, um pouco perdido com a tradução da pergunta do português para o alemão.

Schweinsteiger alemanha (Foto: Sergio Gandolphi)
Sempre carismático e atencioso, 
Schweinsteiger atende aos fãs 
e distribui autógrafos 
(Foto: Sergio Gandolphi)

Pronto para os 90 minutos
Por semanas o questionamento sobre Schweinsteiger pairou sobre o seu condicionamento físico. Ele não enfrentou Portugal na estreia com dores no pé, já não havia participado de parte da preparação por também estar com dores no joelho. Mas entrou nos 20 minutos finais contra Gana, mudou o jogo e do time titular não saiu mais. Sua presença contra o Brasil é garantida.

schweinsteiger em clínica de Eunápolis (Foto: Radar64) Jogador sentiu dores no pé e passou por exames em uma clínica fora do CT (Foto: Radar64)

– Sempre quero começar como titular, mas sou experiente o bastante para entender que aqui o jogador individualmente não é importante. O que importa é o jogo coletivo. Não são jogadores individuais que fazem o time, é o conjunto. Eu estou em boa forma, jogando os 90 minutos de forma competitiva. Estou pronto e bem. Acho que posso jogar mais de 90 inclusive, mas espero que não precisemos da prorrogação.

A ausência do jogador em coletivas de imprensa iniciou rumores de que ele estava incomodado com a imprensa alemã. Schweinsteiger tratou de negar. Ele realmente está de bem com a vida.

– Eu não falei muito com a mídia, pois queria me concentrar na minha forma física. Eu não sou do tipo que fala muito em torno das lesões, é algo que eu prefiro falar internamente. Mas isso não tem nada a ver. Eu não estava com raiva de alguém ou de alguma coisa – justificou.

De olho na Rússia 


Schweinsteiger e Neuer Alemanha x França (Foto: Getty Images)Schweinsteiger e Neuer celebram vitória diante da França (Foto: Getty Images)

Concentrado na carreira, Schweinsteiger não acredita que esta seja a sua última oportunidade de conquistar uma Copa do Mundo – em 2006 e 2010 teve de se contentar com o terceiro lugar após ser eliminado com a Alemanha justamente na semifinal. Na África do Sul, ele apontou um fator como fundamental: a juventude.

–  Evoluímos muito em relação a 2010. Os jogadores estão mais experientes, tanto na seleção quanto nos clubes. Temos um banco de reservas de muita qualidade. Quando um jogador descansado entra em campo é um estimulo para a nossa equipe. Qualquer um que entra pode mudar o rumo do jogo. Não há descontentamento ou insatisfação. Todos os jogadores estão muito bem. 

Estamos crescendo juntos – disse o meio-campista, convicto de que estará na Rússia daqui a quatro anos se tudo seguir como o planejado.

– Tenho 29 anos agora. É uma ótima idade. E tenho certeza de que fisicamente e mentalmente estarei preparado para mais uma Copa do Mundo.



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