De Fernando, último a deixar o Tricolor, a Lucas e Rafael Carioca, clube tem histórico positivo na formação e venda nesta posição nos últimos anos
Fernando é exemplo mais recente da tradição
de volantes (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)
de volantes (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)
Último jogador negociado, Fernando foi vendido por R$ 36 milhões ao Shakhtar Donetsk. O Grêmio, detentor de 40% dos direitos do jogador, lucrou R$ 14 milhões.
A boa venda de Fernando após passagem pelo grupo principal do Grêmio, rendendo-lhe, inclusive, convocações e atuações pela Seleção, apenas segue um ciclo iniciado já há anos. Antes, Lucas, Rafael Carioca e Adilson foram alguns dos volantes vendidos para clubes europeus. Pode-se somar aí até o caso de Anderson, meia de formação em Porto Alegre que passou a atuar mais recuado a partir das necessidades do futebol inglês.
Volante | Clube | Ano da venda | Valor recebido pelo Grêmio | ||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Fernando | Shakhtar Donetsk | 2013 | R$ 14,4 milhões | ||||
Adilson | Terek Grozny | 2011 | R$ 2,9 milhões | ||||
Rafael Carioca | Spartak Moscou | 2009 | R$ 15,48 milhões | ||||
Tiago Dutra e Bruno Renan | Villarreal | 2009 | R$ 4,9 milhões | ||||
Lucas | Liverpool | 2007 | R$ 19,6 milhões | ||||
* Valores com a cotação da época |
- Comecei no Grêmio como meia. Fui atuar mais recuado com a Seleção, em 1999, com o Vanderlei (Luxemburgo). Com o Anderson, que está muito bem na Europa, aconteceu quase a mesma coisa. No futebol inglês, que é um campeonato muito difícil, passou a jogar mais atrás. Era uma das grandes promessas do Grêmio e saiu do time muito bem, muito novo. Se firmou bem na Europa. Jogar lá fora não é fácil - analisa.
Outro ponto curioso de todas as últimas grandes vendas do Grêmio de jogadores formados na sua base é de que nenhum atua do meio para frente, apenas para trás. O último grande goleador a sair dos campinhos de Porto Alegre para os do mundo foi Ronaldinho Gaúcho, em 2001. O fato é visto com completa naturalidade por Emerson, por considerar a formação de atletas de defesa uma das características do time gaúcho.
- O Grêmio sempre foi um clube formador de jogadores de defesa. A exceção, nos últimos anos, foi o Ronaldinho, que é de um nível top. É a cultura do clube, o modo como se joga, sempre teve bons defensores - afirma.
Grêmio, uma fábrica de volantes
Formado no Grêmio como meia, Anderson virou
volante na Inglaterra (Foto: Agência Getty Images)
volante na Inglaterra (Foto: Agência Getty Images)
Segundo o coordenador geral das categorias de base do clube, Junior Chávare, chega a ser "assustador" o número de meninos que querem ser volantes:
- É até assustador. De cada dez atletas que nós avaliamos, quatro são volantes. O Grêmio sempre teve essa característica de ter bons jogadores de meio-campo. E o volante tem um espírito guerreiro, de intensidade de jogo, que são características do Grêmio. Normalmente o jogador da base se inspira nos que tiveram sucesso. Eles querem ser da mesma posição do ídolo. Isso acaba contribuindo para se ter mais atletas nessa posição.
Dentre as equipes sub-20, 19 e 17, hoje existem oito volantes que já estão sendo observados e que inspiram confiança em seus comandantes. Três deles iniciaram seu processo de transição para o grupo principal. Processo esse que é feito com muita calma para evitar "queimar" qualquer tipo de etapa, vindo a prejudicar o atleta de alguma forma no futuro. A lapidação das características e qualidades do jovem é feita antes de encarar uma atividade com a equipe profissional. Da base, o jogador deve sair "semi-pronto", de acordo com Chávare.
Neste ano, aliás, o Grêmio passou a desenvolver um projeto chamado de "Lapidar", visando ao desenvolvimento de fundamentos em todas as posições, tendo uniformidade em todos os setores do campo. A ideia é de que o Tricolor passe a revelar atletas além do meio-campo. Assim, profissionais realizam exercícios específicos para cada categoria e em cada posição, deixando a parte técnica completa e apenas os aspectos emocionais e comportamentais para serem aperfeiçoados ao integrar o grupo principal.
Matheus Biteco, aposta para o futuro
Matheus Biteco tem moral no grupo de Luxa
(Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)
(Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)
- Da nova geração, vejo que o Matheus Biteco ainda vai evoluir muito. O potencial e o profissionalismo dele é muito grande. Não é a toa que já chegou na Seleção Sub-20. Se continuar nesse caminho, ainda vai render muitos frutos - aposta Emerson.
Quem sabe Matheus não siga os mesmos passos do seu irmão, Guilherme, que também veio da base e já carimbou seu passaporte para a Europa - teve 70% dos seus direitos vendidos para o Hoffeinheim, da Alemanha, no ano passado, mas segue atuando no Rio Grande do Sul até o fim do ano que vem.
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