sábado, 20 de abril de 2013

Roger Guerreiro, ex-Fla e Timão, quer sair da Grécia após 'inferno' com AEK


Jogador diz que pensou no pior durante invasão de torcida na partida do último domingo e ainda sonha reverter em campo rebaixamento por punição

Por Aigor Ojêda e Victor Canedo Rio de Janeiro
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No mesmo instante em que viu o primeiro invasor em campo, o pensamento de Roger Guerreiro deixou o estádio, enquanto outros torcedores do AEK entravam no gramado, no duelo contra o Panthrakikos, pelo Campeonato Grego, no último domingo, numa caça direta aos jogadores. A esposa e a filha, de seis meses, que naquele momento estavam em casa, foram as maiores das preocupações do ex-jogador de Flamengo e Corinthians, que ainda mantém uma ponta de esperança na luta para evitar a queda do gigante de Atenas. O que deve ser sua última missão no time, já que pretende sair depois do término de seu contrato, no meio do ano.

O domingo que parecia normal, com mais uma rodada do torneio local, transformou-se no mais perigoso da estada do apoiador na Grécia. Depois de quatro anos no país, Roger já experimentara a violência da torcida. Mas nada comparado ao último episódio.

- Foi a segunda vez que enfrentei essa torcida na intenção de agredir. Há dois anos, num jogo contra o PAOK, no estádio deles, aconteceu algo parecido. A torcida invadiu o campo para agredir os jogadores, tivemos que sair correndo para o vestiário. Mas realmente essa última vez houve cenas bem impactantes, colocaram muito medo na gente. Você fica pensando no que pode acontecer, no pior. Eu tenho uma família no Brasil, minha esposa e filha aqui comigo dependem de mim. Se acontece algo, a gente não sabe nem o que pensar - disse o camisa 10, em entrevista por telefone.

mosaico torcida aek invade campo (Foto: Editoria de Arte)Torcida invade o campo e provoca incidentes no duelo entre AEK e  Panthrakikos (Foto: Editoria de Arte)

As notícias recentes não são animadoras para o AEK. Nesta sexta-feira, a comissão disciplinar penalizou o clube com a perda de três pontos, o que significa a queda para a segunda divisão antes mesmo de pisar em campo na última rodada, domingo, diante do Atromitos, fora de casa. Explica-se: com a punição imposta, o AEK fica na 15ª posição, com 27 pontos, na penúltima colocação. O primeiro longe da zona da degola é o OFI Creta, que soma 32. Embora ainda haja uma esperança longe dos gramados:

Ficamos pelo menos de três a quatro horas dentro do vestiário até conseguir sair com segurança"
Roger Guerreiro

- É uma notícia que abala. Ficamos sabendo hoje (sexta), mas como falaram do recurso, então, temos mais um jogo no domingo. Vamos tentar fazer a nossa parte e depois deixar o problema para o jurídico. Se ganhar, a gente pode ficar na primeira divisão, dependendo do que acontecer no futuro - afirmou Roger.

'Inferno' para sair do estádio

A revolta dos torcedores foi difícil de ser assimilada pelo grupo de jogadores. Depois da partida, no vestiário, o elenco teve que aguardar um bom período para deixar o estádio Spyros Louis. As ameaças também se estenderam por meio de ligações telefônicas.

- Ficamos pelo menos de três a quatro horas dentro do vestiário até conseguir sair com segurança, para já terem esvaziado o estádio, os arredores, e se possível sair com os carros. Alguns foram para casa, outros ficaram com medo, receberam ligações de ameaças e foram para casa de parentes - relatou.

torcida aek invade campo (Foto: EFE)Fantasiados, torcedores do AEK quebram equipamentos no estádio após o jogo do AEK (Foto: EFE)

Assistir às imagens do incidente é algo que Roger tem evitado nos últimos dias. Apesar de ter as cenas vivas em sua memória, o brasileiro contou que preferiu não rever o clima de violência proporcionado por pedaço de pau e barra de ferros por alguns torcedores radicais.


- Eu não revi nada, procurei não ver. Só vejo a Globo Internacional, não vejo a TV grega. Nos dias seguintes ao acontecido, nem olhei internet nem nada. Tudo o que passei ali dentro do campo eu me lembro muito bem. Houve uma invasão anterior a essa do gol, dez minutos antes. O jogo ficou parado também por uns dez minutos. E depois do gol, a segunda invasão. E nessa foi muita gente, todos correndo na direção do campo. Minha reação foi tentar correr para me salvar dentro do vestiário - recordou.

Retorno ao Brasil nos planos

Aparecendo alguma coisa boa de outro lugar, com certeza eu vou pensar bem para poder respirar novos ares. Tenho vontade de voltar ao Brasil"
Roger Guerreiro

A saída da Grécia deve ser um processo natural para Roger ao término da temporada. Com o fim do contrato no meio do ano com o AEK, o meia espera respirar novos ares. Pretende ouvir as propostas e decidir qual caminho vai seguir com a família.

- Agora acaba o meu contrato, independentemente de permanecer na primeira divisão ou acontecer de ser rebaixado, meu contrato termina e eu vou estar livre para negociar com qualquer outra equipe. Foram quatro anos na Grécia, aparecendo alguma coisa boa de outro lugar, com certeza eu vou pensar bem para poder respirar novos ares. Para mim e a minha familia, será importante. Estando livre, é até mais fácil para negociar, chegar a algum acordo e seguir minha carreira - afirmou.

O retorno ao Brasil é uma das possibilidades levantadas por Roger. Depois de passar boa parte da carreira atuando como lateral-esquerdo nos clubes do país, ele agora espera mostrar a nova faceta em casa.

- Tenho vontade de voltar ao Brasil, sim. Até porque já faz muito tempo que estou na Europa. Passei tempos bons e ruins aqui. Acho que mais momentos bons. Foram culturas diferentes, estilo de vida diferente. Mas tenho saudades de voltar a jogar no Brasil, atuo numa posição que sempre gostei de jogar, que é no meio. No Brasil me conhecem mais como lateral, já no meio, eu joguei Eurocopa com a Polônia, na Grécia também. Apesar da situação do clube, fiz boa temporada, muitos jogos de capitão do time, meia de ligação... Nessa posição, no Brasil, eu posso render bem - encerrou.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2013/04/ex-fla-e-timao-descreve-cenas-de-inferno-na-grecia-pensei-no-pior.html

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