sexta-feira, 8 de março de 2013

'Piratinha' torce no hospital, vira hit na internet e sonha conhecer Barcos


Gabrieli Van Oudheusden Medeiros, de três anos, luta contra a leucemia há oito meses. Ela imitou gesto do centroavante gremista na última terça-feira.

Por Paulo Ludwig Porto Alegre



Gabrieli imita Barcos, do Grêmio (Foto: Arquivo pessoal)Fã de Barcos, Gabrieli imita o Pirata, centroavante do Grêmio (Foto: Arquivo pessoal)

Segundo o pai, Norival de Souza Medeiros, de 25 anos, Gabrieli é fã da equipe gaúcha desde os primeiros meses de vida. Bastava ver algo azul, preto e branco para abrir o sorriso. No hospital, chega a brigar com pacientes e funcionários que ousam falar mal do seu time de coração.

- Ela é apaixonada. Está sempre com a camisa do Grêmio e vibra com os jogos. Quando ela está no hospital, assistimos aos jogos de lá mesmo e ela faz uma festa. Todo mundo conhece ela, brinca e até provoca quando o Grêmio perde. Mas ela não gosta, briga até com os enfermeiros - conta o pai, morador de São Sepé, que viaja cerca de 60 quilômetros para levar a filha até o tratamento em Santa Maria.


grêmio caracas arena libertadores gol barcos pirata (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)Barcos faz sua comemoração característica contra o Caracas (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Mas o xodó de Gabrieli é Barcos. Bastou o centroavante argentino chegar ao Grêmio para ela adotá-lo como ídolo. Em dia de jogo, a pequena cobre o olho direito e ergue o braço esquerdo para imitar a comemoração típica do Pirata.

- Ela adora o Barcos. Imita ele sempre. Quando ele faz gol, então, ela vai à loucura - conta.

Internada desde a última quarta-feira, pois viu a imunidade baixar, Gabrieli não pode fazer muitos movimentos. Porém, reuniu forças para ligar para o pai e fazer um pedido, sem perder o bom humor.

- Pai, pede para o Barcos me visitar aqui. Liga para ele ou manda um e-mail. Ia ser muito legal - sugeriu.

Doença começou há oito meses


Gabrieli, portadora de leucemia e torcedora do Grêmio (Foto: Arquivo pessoal)Gabrieli veste a camisa do Grêmio durante otratamento no hospital (Foto: Arquivo pessoal)

Em abril de 2012, com apenas dois anos, Gabrieli foi diagnosticada com Leucemia Linfóide Aguda. Severa, a doença necessitava de um combate rápido, porém duradouro. Foram 47 dias sem sair do hospital. Várias sessões de quimioterapia e medicação forte. Mas o então bebê reagiu muito bem ao tratamento e praticamente conseguiu eliminar a doença do organismo.

Com o passar do tempo, as incursões ao hospital começaram a diminuir. Depois do combate inicial, ela passou a ficar 20 dias em Santa Maria e outros cinco em casa. Hoje, ela está em fase final de mais um ciclo que, ao se encerrar, possibilitará a menina permanecer 21 dias em São Sepé para só depois realizar um monitoramento de rotina na cidade vizinha.

A esperança do pai e da mãe Cristiéli Rangel Van Oudheusden, donos de um pequeno comércio na cidade de 23 mil habitantes, é que, em outubro de 2014, quando o tratamento termina, a doença desapareça por completo.
 Quando isso acontecer, surge uma nova meta para Gabrieli.

- O nosso sonho é levá-la na Arena. Mas, para isso, ela tem que estar um pouco mais forte. Se Deus quiser, isso vai acontecer e ela ainda verá um gol do Barcos ao vivo.

E se, no hospital, por meio de um pequeno monitor, reunindo forças para lutar contra a doença, ela mobiliza e emociona dezenas de pessoas, é certo dizer que, em pouco tempo, o novo estádio gremista testemunhará a visita de uma torcedora capaz de mover uma multidão.

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