Lateral-esquerdo diz que matou saudade de fazer gols, lembra da grave lesão no ano passado e da amizade com o pai Cesar, ex-atacante do Vasco
Julio Cesar não quer usar a camisa número 6 (Foto: Raphael Bózeo)
- A camisa está guardada. Não costumo ficar com ela, só quando é especial.
Tenho a do título brasileiro pelo Fluminense, em 2010, a do título carioca pelo Flamengo, em 2004, a do Cruzeiro, campeão mineiro em 2006, e a do Goiás, quando ganhamos o Goiano, em 2009. A do Botafogo já está separada. Eu não troco camisa depois dos jogos, porque eu tenho muito amigo, e todo mundo pede camisa. Se eu trocar, não tem como dar para os meus amigos (risos). Mas essa é minha - disse Julio Cesar, que não pretende usar a camisa 6 mesmo após a saída de Márcio Azevedo para o Metalist (Ucrânia), na semana passada.
O gol também serviu como recomeço para o lateral-esquerdo. Em 2012, quando atuava pelo Grêmio, ele passou pelo pior momento na carreira. Julio Cesar precisou operar o joelho esquerdo e ficou fora de quase toda a temporada. Além disso, ele não marcava havia quase dois anos. A última vez que balançara a rede havia sido no dia 20 de abril de 2011. Ele fez um dos gols da vitória do Fluminense sobre o Argentinos Juniors, por 4 a 2, em Buenos Aires, pela Libertadores.
- Foi um momento difícil quando eu me machuquei. Esse gol foi importante para começar bem. Eu já estava com saudade de fazer gol. Eu tinha desaprendido até a comemorar. Fiz o gol e não sabia nem o que fazer (risos) - disse Julio Cesar, que pretende mudar de posição no fim da carreira e atuar como meia.
No dia seguinte à vitória sobre o Rubro-Negro, Julio Cesar curtiu com a família e recebeu o carinho de alguns moradores do condomínio em que mora, até torcedores de outros clubes. Mas, no prédio vizinho, um flamenguista e um tricolor fizeram questão de provocar o lateral em tom de brincadeira. O torcedor do clube das Laranjeiras até colocou o hino do Fluminense nas alturas, mas nem isso tirou o sorriso do rosto do jogador.
Na final da Taça Guanabara, no domingo, contra o Vasco, Julio pode levantar a primeira taça pelo Glorioso. Pé-quente por onde passou, ele quer repetir a dose e levar o Botafogo a títulos de expressão.
Julio Cesar curtiu a folga com a esposa Fernanda e as filhas Manoela e Beatriz (Foto: Raphael Bózeo)
Futebol de berço
O talento para jogar futebol vem de berço. O pai de Julio Cesar também foi jogador e defendeu o Vasco na melhor fase da carreira, em 1981. Conhecido como Cesar, ele fez dupla de ataque com Roberto Dinamite e chegou até a defender a seleção brasileira em três jogos. O brilho no Cruz-Maltino o fez ser negociado com o Sevilla, da Espanha.
A amizade dos dois foi fundamental para que o lateral-esquerdo conseguisse realizar o sonho de se tornar jogador profissional.
- Comecei jogando futsal no Palmeiras com sete anos e fiquei até os 15.
Morava próximo do clube e minha mãe era diretora de lá e é conselheira lá até hoje. Eu vim para o Rio de Janeiro porque alguma coisa me dizia que, se eu estivesse próximo do meu pai, eu estaria perto de realizar esse sonho. Fiz a cabeça da minha mãe, não foi fácil, e vim morar com meu pai na Ilha do Governador. Comecei na Portuguesa da Ilha, fui para o Bangu e consegui ser jogador.
* Raphael Bózeo, estagiário, sob a supervisão de Luciano Mello
Julio Cesar comemorou a vitória ao lado do pai, Cesar (esquerda), em casa (Foto: Raphael Bózeo)
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