Agora rivais, paraibanos da seleção voltam ao 'berço' em busca de título

Juntos por seis anos, Vitor Felipe e Álvaro Filho tentam primeira conquista com suas novas duplas na temporada 2012/13 do Circuito em João Pessoa

Por Helena Rebello Rio de Janeiro

Da Paraíba para o mundo: duplas foi duas vezes vice-campeã mundial sub 21 (Foto: Editoria de Arte)

Os meninos tinham menos de uma década de vida quando se conheceram casualmente no colégio em que estudavam, em João Pessoa. Na época, Álvaro jogava futsal e se assustou quando Vitor, bem maior, foi buscar a bola de vôlei que caiu na quadra vizinha. A barreira entre os dois caiu rapidamente mas, mesmo na mesma série, os dois só estreitaram o contato na adolescência, quando passaram a praticar a mesma modalidade. A parceria nas areias foi tratada e oficializada pelos pais, e os resultados apareceram com rapidez impressionante.

Em 2007, aos 17 anos, os dois estrearam no Circuito Brasileiro sub-21 e foram vice-campeões. Nos três anos seguintes conquistaram o título nacional desta categoria e, em 2009 e 2010, foram vice-campeões mundiais nesta faixa etária. Nos pódios, lançaram moda usando chapéu de couro em todas as premiações. Criaram uma marca pessoal e levaram a o “identidade cangaceira” e nome da Paraíba mundo afora.

Empurrão e abraço: seis anos de parceria e maisde uma década de amizade (Foto: Divulgação/CBV)

- Eu quando menino tinha um pouco de medo de Vitor, achava que ele tinha cara de mau, de malandro. Estava morrendo de medo quando ele foi buscar a bola, mas falou com uma voz fininha e morri de rir. Vi que era da mesma idade que eu. Só criamos esse laço maior quando fui para o vôlei. Vitor era um dos melhores da faixa etária, capitão do time, e eu muito inexperiente. Devo muito a ele e ao meu pai. Se não fosse por eles eu não estaria aqui hoje. Nós mantivemos um planejamento durante muitos anos e fomos crescendo juntos. Foi muito legal enquanto durou. Foi uma experiência que vou levar para o resto da vida.

A amizade seguiu, mas o trabalho em conjunto chegou ao fim há pouco menos de dois anos. Eleito a revelação do Circuito adulto no ano anterior, Vitor passou a sofrer bastante com a limitação de altura da dupla. Com 1,93m, era considerado baixo entre os demais bloqueadores. A dupla amadureceu a ideia, e cada um tomou o próprio rumo na metade de 2011.
- Foi uma necessidade mais para mim porque sou baixo para jogar no bloqueio. Podíamos até ter ficado mais tempo juntos, mas teríamos sempre essa limitação. Foi triste, parecia que tinha acabado um casamento. Meus pais choravam, no treino todos choravam. Ficou um clima meio de luto porque passamos muito tempo juntos. Estudávamos, treinávamos, malhávamos, fazíamos tudo juntos. Brincávamos que dava para fazer um livro das aventuras de Álvaro e Vitor. Até hoje é complicado falar – contou Vitor.

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A primeira vez em que os dois estiveram de lados opostos foi em novembro de 2011, na etapa de Limoeiro, Pernambuco, do Circuito Sul-Americano. Na fase de grupos, Vitor, ao lado de Thiago, levou a melhor. Nas semifinais, as parcerias se cruzaram novamente, e Álvaro, jogando com Moisés, avançou à decisão. Para os dois atletas, a sensação de ver o amigo como adversário prejudicou o desempenho em quadra.

- Foi muito estranho. Não consegui jogar direito e notei que ele também se sentiu estranho. Eu não conseguia vibrar, olhar direito para ele. Até hoje ainda acho um pouco estranho, mas menos. Temos uma rivalidade boa. Acho que os dois estão crescendo juntos. Sinto que ele está melhorando e vejo que tenho que melhorar também. Nosso meio é muito competitivo, mas não brigamos. Dentro de quadra tem que ser profissional, mas fora de quadra nossa amizade sempre continua – garantiu Álvaro.
Em João Pessoa, a chance do primeiro confronto em casa

Vitor e Evandro comemoram primeiro título ao lado de 'mini' Psy em Viña Del Mar (Foto: Divulgação)

A curta lista de confrontos entre os amigos, no entanto, não conta com nenhum jogo no berço da dupla. Sede do oitavo Open da temporada 2012/2013 do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, João Pessoa receberá a competição neste final de semana em arena montada na Praia de Cabo Branco.

Embalado pelo primeiro título ao lado de Evandro, seu parceiro desde setembro de 2012, Vitor espera matar as saudades de casa em grande estilo.
- Estou muito motivado por ter conquistado meu primeiro título ao lado do Evandro. Jogar em casa é sempre muito bom e, como saí de João Pessoa para morar no Rio de Janeiro em setembro, estou com muita saudade da minha família e dos meus amigos. Quero conseguir o título ou pelo menos um bom resultado para dedicar a eles. Aprendi muito em João Pessoa. Nunca estive tão bem preparado para disputar uma etapa em casa. O time se acertou muito rápido e temos uma comissão técnica muito competente, que nos ajuda bastante. Nosso entrosamento só melhora.

Álvaro Filho e Thiago: vice-campeões do Open de Belo Horizonte (Foto: Mauricio Kaye / CBV)

Além de Evandro/Vitor e Álvaro Filho/Thiago, também disputarão a etapa paraibana as duplas Pedro Solberg/Bruno Schmidt (RJ/DF), Alison/Emanuel (ES/PR), Ricardo/Pedro Cunha (BA/RJ), Harley/Benjamin (DF/MS), Oscar/Moisés (RJ/BA), Bruno/Hevaldo (AM/CE), Luciano/Rodrigo Saunders (ES/CE), Fernandão/Márcio (ES/CE), João Paulo/Léo Vieira (CE/DF), Gilmário/Zé Írio (PB/MS), Márcio Gaudie/Edson Filipe (RJ/ES), Tocantins/Bob Filho (TO/DF), Billy/Jorge (ES/PB) e Ícaro/Luizão (PB/AM).

No feminino, as 12 duplas confirmadas para o torneio são Juliana/Maria Elisa (CE/PE), Lili/Rebecca (ES/CE), Ângela/Neide (DF/AL), Agatha/Bárbara Seixas (PR/RJ), Talita/Taiana (AL/CE), Maria Clara/Carolina (RJ), Vivian/Shaylyn (PA/CE), Val/Thais (RJ), Thati/Érica Freitas (PB/MG), Bruna/Natasha Valente (PB/RJ), Raquel/Josi (RJ/SC) e Karin/Pri Lima (SUE/RJ)

FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/circuito-brasileiro-de-volei-de-praia/noticia/2013/02/agora-rivais-paraibanos-da-selecao-voltam-ao-berco-em-busca-de-titulo.html