Presidente do UFC conta que fechou contrato para segunda temporada do reality show graças a duelo épico entre Forrest Griffin e Stephan Bonnar
Para Dana White, presidente do UFC, escolher uma luta inesquecível em
19 anos de franquia e 11 anos de envolvimento direto como coproprietário
é como escolher um filho favorito. O dirigente afirma que há milhões de
momentos memoráveis na história do maior evento de MMA do mundo - um
eufemismo, já que, neste ano, o Ultimate viu seu combate de número
2.000. Todavia, há uma luta pela qual White e seus sócios, os irmãos
Fertitta, agradecem todos os dias antes de dormir: a final do torneio
peso-meio-pesado da primeira temporada do reality show The Ultimate
Fighter, Forrest Griffin x Stephan Bonnar, vencida por Griffin em
decisão unânime dos jurados, no dia 9 de abril de 2005.
- A luta que realmente me deixou assombrado e foi a maior da história do UFC foi Stephan Bonnar x Forrest Griffin. Mas você tem que colocar em contexto - disse Dana White.
Tudo bem, Dana, coloquemos em contexto: quando o grupo Zuffa LLC,
formado por White e pelos irmãos Lorenzo e Frank Fertitta III, comprou o
UFC em 2001, o MMA - ou vale-tudo, como ainda era chamado na época -
era vítima de campanha difamatória por parte de grupos políticos e era
boicotado pela maioria absoluta das comissões atléticas estaduais dos
EUA, órgãos regulatórios dos esportes de luta no país. O grupo tratou de
trabalhar duro numa definição de regras mais rígidas, que logo se
tornariam as Regras Unificadas das Artes Marciais Mistas; na produção
visual dos eventos e na construção de ídolos para a companhia, como Tito
Ortiz, Randy Couture e Chuck Liddell. Todavia, quatro anos e US$ 44
milhões depois, o Ultimate ainda estava deficitário e com pouca atenção
do público.
Foi quando surgiu o The Ultimate Fighter ("O Lutador Definitivo", na tradução para o português). O programa seguiria a fórmula já consagrada dos reality shows, em que participantes convivem dentro de uma casa, sem acesso ao mundo exterior, e são eliminados um a um até que haja um vencedor - no caso, dois vencedores, já que foram disputados torneios nas categorias peso-médio e peso-meio-pesado. A aposta do UFC era que o público criaria maior afeição ao esporte e aos atletas uma vez que acompanhasse o dia a dia dos lutadores e conhecesse suas histórias de vida. Foi um investimento de cerca de US$ 10 milhões, sem garantia de retorno.
- No nosso acordo com a Spike (canal de TV a cabo dos EUA), fizemos
essa primeira temporada do The Ultimate Fighter e não tínhamos um acordo
para uma segunda temporada. Era um horário comprado, nós compramos o
horário para estar naquele canal. Ao entrar naquele Finale, nem sabíamos
se teria uma segunda temporada, ou o que aqueles caras fariam -
explicou White.
O programa foi um sucesso de audiência desde o primeiro episódio, que teve 1,7 milhão de telespectadores. Mesmo assim, ao chegar ao evento final do programa, em 9 de abril de 2005, no Cox Pavillion, em Las Vegas, o cenário se mantinha: não havia nenhuma garantia de renovação com o canal a cabo. A final dos pesos-médios, entre Kenny Florian e Diego Sanchez, foi resolvida em apenas um round, com vitória de Sanchez por nocaute técnico.
A final dos meio-pesados, todavia, cumpriu toda a promessa de "fogos de artifício" que Dana White esperava para o UFC, enfim, deslanchar. Motivados pela promessa de um contrato com a organização para o vencedor, Bonnar e Griffin partiram para a batalha desde o começo, sem se preocuparem muito com defesa. Griffin acertou um golpe de direita com apenas sete segundos e seguiu com boas combinações, mas Bonnar respondeu com dois chutes e uma série de socos. O ritmo não diminuiu por todo o primeiro round. Griffin sacudiu o adversário com um soco na metade do round, obteve suas costas nos 20s finais e buscou uma chave de braço, antes de o gongo soar. O rosto do chefão se ilumina ao lembrar da atmosfera na arena naquele momento.
- Stephan Bonnar e Forrest Griffin entraram para a luta e, vou te contar, conforme a luta acontecia, você sentia. Você simplesmente sentia que aquilo era grande e estávamos rompendo barreiras. As pessoas estavam batendo seus pés no lugar, parecia que um trem estava passando!
Aplausos de pé
No segundo round, o ritmo voltou a acelerar após o primeiro minuto. Desta vez, Bonnar foi superior na trocação, e seu adversário levou o combate para o chão. A luta foi interrompida brevemente por causa de um corte no nariz de Griffin, e o "Psicopata Americano" continuou melhor no recomeço, acertando bons socos. Griffin retomou o comando no início do último round, com boas joelhadas e chutes na perna. O final do combate foi de trocação franca, para delírio do público, que aplaudiu de pé os dois lutadores, com os rostos ensanguentados. Forrest Griffin foi declarado vencedor por decisão unânime dos jurados (triplo 29-28), mas White anunciou que daria contratos a ambos, por acreditar que "não havia perdedor nesta luta". Minutos depois, ele também receberia o presente que queria.
- Assim que acabou a luta, os caras da Spike correram atrás de nós, nos
puxaram para um canto e fecharam o acordo para a segunda temporada,
ali, na arena, num corredor. E, conforme os números de audiência
começaram a chegar, nós soubemos que tínhamos conseguido. Durante seis
minutos dessa luta, subiu até 12 milhões de telespectadores e superou o
Masters (um dos quatro principais torneios internacionais de golfe)
naquele dia, na CBS (um dos maiores canais abertos dos EUA). Então,
sabíamos que, com aquela luta, rompemos a barreira - contou o dirigente.
A partir daí, o UFC começou sua virada, tornando-se uma das franquias esportivas mais valiosas do mundo - comprada por meros US$ 2 milhões (cerca de R$ 4 milhões), é avaliada por seus proprietários atualmente acima de US$ 2 bilhões (mais de R$ 4 bilhões). Aos poucos, os maiores lutadores começaram a convergir para a companhia, que viu a maioria de seus principais concorrentes falir - muitos, como Pride e Strikeforce, terminaram comprados pela Zuffa - desde então. A nova fase gerou inúmeros momentos "Santa M…", como o chefão gosta de colocar.
- É quando você salta do seu assento e diz, "Santa M…" Houve tantos deles no UFC, e é o que faz nosso esporte ser tão divertido. Quando Anderson (Silva) chutou Vitor (Belfort) naquela noite, foi louco, foi um daqueles momentos de cair o queixo… Quando o Anderson estava apanhando por cinco rounds, e estava a pouco mais de um minuto de perder, e encaixou um triângulo com chave de braço no Chael Sonnen… Matt Hughes x Frank Trigg, na segunda luta, parece que Matt Hughes está apagado, mas ele se vira, acorda e levanta Trigg, o carrega ao outro lado do octógono, joga no chão e o estrangula. Foi uma das noites mais loucas do MGM (Grand Garden Arena). Você tinha que ter ouvido aquele lugar, foi insano. Quando Chuck Liddell nocauteou Tito, o lugar foi ao delírio. A noite em que o Randy Couture acertou Tim Sylvia, quando voltou para os pesos-pesados, o lugar foi à loucura… - enumerou o "papai Dana".
FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/combate/noticia/2012/11/minha-luta-inesquecivel-final-do-tuf-1-salva-investimento-de-dana-white.html
- A luta que realmente me deixou assombrado e foi a maior da história do UFC foi Stephan Bonnar x Forrest Griffin. Mas você tem que colocar em contexto - disse Dana White.
Stephan
Bonnar (E) fez o gesto da vitória, mas quem ganhou épico combate do TUF
2005 foi Forrest Griffin. Decisão foi unânime, mas trocação dos dois no
fim fez público aplaudi-los de pé (Foto: Getty Images)
Foi quando surgiu o The Ultimate Fighter ("O Lutador Definitivo", na tradução para o português). O programa seguiria a fórmula já consagrada dos reality shows, em que participantes convivem dentro de uma casa, sem acesso ao mundo exterior, e são eliminados um a um até que haja um vencedor - no caso, dois vencedores, já que foram disputados torneios nas categorias peso-médio e peso-meio-pesado. A aposta do UFC era que o público criaria maior afeição ao esporte e aos atletas uma vez que acompanhasse o dia a dia dos lutadores e conhecesse suas histórias de vida. Foi um investimento de cerca de US$ 10 milhões, sem garantia de retorno.
Dana White, sobre luta: "Parecia que um trem estavapassando (Foto: Adriano Caldas / Globoesporte.com)
O programa foi um sucesso de audiência desde o primeiro episódio, que teve 1,7 milhão de telespectadores. Mesmo assim, ao chegar ao evento final do programa, em 9 de abril de 2005, no Cox Pavillion, em Las Vegas, o cenário se mantinha: não havia nenhuma garantia de renovação com o canal a cabo. A final dos pesos-médios, entre Kenny Florian e Diego Sanchez, foi resolvida em apenas um round, com vitória de Sanchez por nocaute técnico.
A final dos meio-pesados, todavia, cumpriu toda a promessa de "fogos de artifício" que Dana White esperava para o UFC, enfim, deslanchar. Motivados pela promessa de um contrato com a organização para o vencedor, Bonnar e Griffin partiram para a batalha desde o começo, sem se preocuparem muito com defesa. Griffin acertou um golpe de direita com apenas sete segundos e seguiu com boas combinações, mas Bonnar respondeu com dois chutes e uma série de socos. O ritmo não diminuiu por todo o primeiro round. Griffin sacudiu o adversário com um soco na metade do round, obteve suas costas nos 20s finais e buscou uma chave de braço, antes de o gongo soar. O rosto do chefão se ilumina ao lembrar da atmosfera na arena naquele momento.
- Stephan Bonnar e Forrest Griffin entraram para a luta e, vou te contar, conforme a luta acontecia, você sentia. Você simplesmente sentia que aquilo era grande e estávamos rompendo barreiras. As pessoas estavam batendo seus pés no lugar, parecia que um trem estava passando!
Aplausos de pé
No segundo round, o ritmo voltou a acelerar após o primeiro minuto. Desta vez, Bonnar foi superior na trocação, e seu adversário levou o combate para o chão. A luta foi interrompida brevemente por causa de um corte no nariz de Griffin, e o "Psicopata Americano" continuou melhor no recomeço, acertando bons socos. Griffin retomou o comando no início do último round, com boas joelhadas e chutes na perna. O final do combate foi de trocação franca, para delírio do público, que aplaudiu de pé os dois lutadores, com os rostos ensanguentados. Forrest Griffin foi declarado vencedor por decisão unânime dos jurados (triplo 29-28), mas White anunciou que daria contratos a ambos, por acreditar que "não havia perdedor nesta luta". Minutos depois, ele também receberia o presente que queria.
Forrest Griffin (D) acerta Stephan Bonnar: trocação no fim fez público aplaudir de pé (Foto: Getty Images)
A partir daí, o UFC começou sua virada, tornando-se uma das franquias esportivas mais valiosas do mundo - comprada por meros US$ 2 milhões (cerca de R$ 4 milhões), é avaliada por seus proprietários atualmente acima de US$ 2 bilhões (mais de R$ 4 bilhões). Aos poucos, os maiores lutadores começaram a convergir para a companhia, que viu a maioria de seus principais concorrentes falir - muitos, como Pride e Strikeforce, terminaram comprados pela Zuffa - desde então. A nova fase gerou inúmeros momentos "Santa M…", como o chefão gosta de colocar.
- É quando você salta do seu assento e diz, "Santa M…" Houve tantos deles no UFC, e é o que faz nosso esporte ser tão divertido. Quando Anderson (Silva) chutou Vitor (Belfort) naquela noite, foi louco, foi um daqueles momentos de cair o queixo… Quando o Anderson estava apanhando por cinco rounds, e estava a pouco mais de um minuto de perder, e encaixou um triângulo com chave de braço no Chael Sonnen… Matt Hughes x Frank Trigg, na segunda luta, parece que Matt Hughes está apagado, mas ele se vira, acorda e levanta Trigg, o carrega ao outro lado do octógono, joga no chão e o estrangula. Foi uma das noites mais loucas do MGM (Grand Garden Arena). Você tinha que ter ouvido aquele lugar, foi insano. Quando Chuck Liddell nocauteou Tito, o lugar foi ao delírio. A noite em que o Randy Couture acertou Tim Sylvia, quando voltou para os pesos-pesados, o lugar foi à loucura… - enumerou o "papai Dana".
FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/combate/noticia/2012/11/minha-luta-inesquecivel-final-do-tuf-1-salva-investimento-de-dana-white.html
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