segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Jogos que eu vi: Flu 1 x 2 Botafogo - Lédio Carmona




C
Foi um grande clássico no Engenhão, com pouco mais de 17 mil pagantes (22 mil presentes). Não chegou a ser rico em técnica, com dois times ansiosos, forçando passes e errando 64 deles. Mas não dava para respirar. A bola não parava. Intensidade plena e absoluta. A diferença que levou ao placar final é límpida e transparente. E explica bem porque o Botafogo (53%) venceu 10 jogos no Brasileirão, enquanto o Fluminense perdeu os mesmos 10 (53%). O time alvinegro não é só melhor do que o tricolor – tal detalhe só um fanático com venda nos olhos não enxerga. É também pronto, ajustado, com plano de jogo definido, suplentes mais integrados ao elenco e, principalmente, jogadores em forma técnica exuberante. O Fluminense não se entrega, luta até o fim, mas está enfraquecido. No papel e na ação do jogo. Abel tenta impor padrão, você nota a evolução, mas o maior pecado do momento é a péssima (ou burocrática) fase técnica de alguns jogadores. A cabeça quer, os pés não respondem. E os atuais campeões se resignam a uma gangorra modorrenta de perde-e-ganha que promete confiná-lo no ostracismo do meio da tabela.

A única lembrança que o atual time do Fluminense traz daquele que foi campeão brasileiro de 2010 é o lado guerreiro da questão. Joga com raça, se esforça, vendeu caro cada uma dessas inexplicáveis 10 derrotas. Mas, como disse Loco Abreu no intervalo, lutar é pouco. Trata-se de obrigação. Seria mais verdadeiro que Gum voltasse a ser um zagueiro seguro. Que Márcio Rosário não fosse titular. Que Carlinhos sentasse no banco enquanto os torcedores aguardam o retorno do seu futebol perdido. Que o bom Lanzini, com apenas 18 anos, não fosse âncora de salvação. Que Fred não vivesse de sombras e lembranças. E que Rafael Moura, artilheiro e sempre útil, não precisasse olhar tanto para o alto, após 23 (a maioria inúteis) bolas levantadas sobre área à espera de uma cabeçada milagrosa.
O Fluminense joga para não perder. Até acho exagerado esse número de 10 derrotas. Mas joga pouco para ganhar. O jeito que o time atua chama empate. Seria mais razoável que os tricolores tivessem 10 empates. Mas o futebol é tão caprichoso que o menos aconteceu  com o clube no Brasileirão foi empatar (apenas uma vez). Enfim, Abel busca o caminho. Mas sem os jogadores responderem em campo (e só garra não adianta) será difícil sair do marasmo.

O Botafogo voa em campo. É coletivo, solidário e ousado. Ontem, nem fez uma partida soberba. Contra o Atlético Mineiro, no sábado passado, jogou mais. Mas está tão ajustado que consegue se livrar de situações complicadas. Ontem, por exemplo, começou melhor. Perdeu três gols de cara e cedeu campo ao Fluminense, que terminou melhor o primeiro tempo. No segundo, a defesa errou no alto e Fred, de cabeça, fez 1 a 0. Um minuto depois, Márcio Rosário deu o bote errado e Elkeson, excelente, empatou o jogo, após bonita jogada individual. E, sete minutos depois, um golaço de contra-ataque. Retrato fiel do time de Caio Junior, Rápido, moderno, coletivo e mortal.
Jefferson fica com a bola e repõe com rapidez para Loco Abreu na intermediária do Botafogo. O uruguaio arrancou, sempre de cabeça erguida, com uma avenida larga e deserta à disposição. Do lado direito, Lucas, em desabalada carreira, pedia a bola. Loco segurou até o momento certo. E deu o passe. Lucas entrou, ajeitou e, no segundo passo, soltrou o chute seco, rasteiro e indefensável. Aula de contra-ataque.
Gol que marcou e decidiu o jogo. A partir daí, o Botafogo mandou, Renato assumiu de vez o meio de campo e o Fluminense só tentava levantar bola na área. Os alvinegros mereciam mais gols. Mas não foi preciso. Ganhou o Botafogo. De novo. Perdeu o Fluminense. De novo. 

FONTE:

Nenhum comentário: