Em entrevista ao LANCENET!, presidente do Fluminense desabafa e dispara: 'Negociou com o Santos antes de sair'
Bruno Marinho e Felipe Bruno
Publicada em 29/06/2011 às 09:06
Rio de Janeiro (RJ)
Para o dirigente, o treinador não fala a verdade ao afirmar que só conversou com o clube paulista depois de rescindir com o carioca. E revela o principal indício para isso.
- Uma semana antes dele sair, o presidente do Santos (Luiz Álvaro de Oliveira Ribeiro) me ligou: "Você não quer liberar o Muricy para acertar com o Santos?" Veio com uma conversa assim, "estamos vendo pelos jornais que ele está insatisfeito..." Não tenho a menor dúvida de que as tratativas com o Santos começaram antes de ele deixar o Fluminense. Não existe freira no futebol. Não adianta ele querer inventar cinco versões diferentes para justificar o injustificável. Precisa escolher uma - disparou o dirigente.
Peter Siemsen admitiu que foi o último a saber da decisão de Muricy Ramalho de deixar o clube. Antes, o treinador, ao lado do empresário, Márcio Rivellino, havia acertado sua rescisão com o então vice de futebol, Alcides Antunes, a quem o presidente planejava demitir e o fez um dia antes da saída do técnico.
Tratou do assunto também com Celso Barros, presidente da patrocinadora do clube. O dirigente acredita que os problemas de infraestrutura nunca foram o motivo real para o treinador pedir demissão, o que foi alegado por ele no seu comunicado oficial no dia 13 de março, quando comandou o Fluminense pela última vez, no clássico contra o Flamengo.
- Muricy soube usar uma situação para justificar sua própria vontade. Como homem, lamento a pessoa que ele é. A verdade é que ele abandonou um projeto. Percebeu que, na opinião dele, o trabalho não iria prosperar com aquele elenco. Ele buscou na direção do Fluminense um bode expiatório - finalizou.
BATE-BOLA: Peter Siemsen (Presidente do Flu ao LANCENET!)
1. Presidente, como recebeu as críticas do técnico Muricy Ramalho?
- Ele dá entrevista na televisão e me dá porrada, vai a rádio e me dá porrada. Sinceramente, eu me sinto importante. Ser lembrado constantemente por um treinador tão importante quanto ele, mesmo depois de ser campeão da Libertadores, me sinto honrado, me sinto muito grande. E olha que eu só tenho seis meses de futebol.
2. E por que você considera que o treinador faz isso?
- A preocupação dele com a imagem é enorme, claro que não é algo pessoal comigo. Ele está tentando construir algo para defender a imagem dele, que ficou arranhada pela forma como saiu do Fluminense, mas não tenho nada com isso.
3. Ele disse que a atenção ao departamento de futebol diminuiu depois que você assumiu. Isso é verdade?
- Eu não estava focado no futebol? Estava mais preocupado com o clube? Realmente, tínhamos sido campeões brasileiros, eu tive de dar atenção ao que estava largado, o clube. Tínhamos situações emergenciais para serem resolvidas, problemas de estrutura para o clube. Mas em nenhum momento discordei das críticas que ele fazia em relação ao departamento de futebol.
4. Por que você acha que ele disse agora que não deixou o Fluminense por causa da infraestrutura?
- Ele agora diz isso, mas falou o contrário quando saiu, expôs o Fluminense em rede nacional, fez críticas pelos jornais a respeito da infraestrutura, críticas que eu sempre apoiei. Fico feliz pelo sucesso no Santos, mas não entendo por que não consegue nos esquecer.
OS ÚLTIMOS BASTIDORES
Há pouco mais de três meses, o presidente Peter Siemsen viveu uma de suas semanas mais difíceis desde que assumiu o Fluminense. Muitos dos detalhes revelados pelo LANCENET! dois dias após a demissão do técnico Muricy Ramalho acabaram confirmados pelo dirigente. Um deles foi o pouco contato entre o principal nome do clube e o treinador nos quase três meses de trabalho em conjunto.
- Ele falou comigo três vezes na vida. A única conversa que tivemos longa foi um dia antes de sua saída. Falamos de muitas coisas e em nada a conversa foi ruim. Quando ele diz que eu não gostava dele, está colocando palavras na minha boca. Sempre fui seu maior defensor - garantiu Peter, classificando o treinador como uma pessoa que sabe trabalhar sua imagem na mídia.
Muricy deixou as Laranjeiras criticando a diretoria (Crédito: Gilvan de Souza) |
- Ele teve méritos como treinador,mas tratou sua saída nas minhas costas. A interlocução não era o ideal naquele momento porque o vice de futebol (Alcides Antunes) que tínhamos não era da nossa confiança
ABEL: 'NÃO PRECISAMOS CONCORDAR'
Abel Braga agiu com naturalidade diante das declarações de Muricy Ramalho de que o treinador não deveria ter se pronunciado a respeito da saída dele do Fluminense. Ao ser anunciado nas Laranjeiras, este mês, Abelão disse que nunca faria críticas públicas à infraestrutura do clube no qual estivesse trabalhando. Direto no assunto, o atual treinador tricolor garantiu que não tem problemas com o técnico campeão da Libertadores.
- Não precisamos concordar com tudo. Ele tem o direito de não concordar com algo que eu tenha falado e eu tenho o direito de fazer o mesmo com o que ele falou. Não há polêmica nisso - resumiu.
Abelão disse ainda que considera Muricy Ramalho 'um parceiro' no futebol. Procurado pela reportagem do LANCENET!, o comandante do time do Santos não foi encontrado para falar sobre as declarações de Peter Siemsen e Abel Braga.
FONTE:
http://www.lancenet.com.br/fluminense/Lamento-pessoa-Muricy_0_508149184.html
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