sábado, 12 de fevereiro de 2011

Macaé dribla problemas de estrutura, aposta na ousadia e derruba favoritos

Mesmo com pouco investimento e sem grandes estrelas, equipe fluminense derrota equipes de ponta da Superliga, como Rio de Janeiro e Pinheiros

Por Débora Vives e Lydia Gismondi Macaé, RJ

Vôlei Macaé comemoração Superliga (Foto: CBV)Macaé ganha destaque após heróicas vitórias
sobre o Pinheiros e o Rio de Janeiro (Foto: CBV)
Sentadas no banco de reservas do Ginásio Maurício Bitencourt, elas esperam pacientemente a hora de entrar em quadra. No calor de quase 40 graus, as jogadoras do Macaé precisam aguardar o fim do treino do futsal masculino para iniciarem mais um dia de treinamento. Dividir espaço é apenas um dos problemas de estrutura enfrentados pela equipe que já aprendeu a se virar com cerca de 1/7 do investimento dos times grandes. A diferença nas cifras, porém, não fica evidente quando a bola está em jogo. Com a ousadia atuando como a 13ª atleta, o time do Estado do Rio de Janeiro, que enfrenta o São Caetano neste sábado, vem surpreendendo alguns dos principais favoritos ao título da Superliga feminina 2010/11, como os badalados Rio e Pinheiros. E elas querem mais.
Sem o poder de ataque de uma Sheilla e as defesas milagrosas de uma Fabi, o treinador Alexandre Ferrante vem montando um quebra-cabeças. O orçamento não permitiu o investimento em grandes nomes. O técnico adepto da fala mansa resolveu então apostar na mistura entre promessas das categorias de base da seleção brasileira e atletas experientes, mas que tinham poucas chances de sair do banco em seus times.
- Nossa equipe é feita de jogadoras que poderiam completar uma equipe grande. E, no vôlei, é muito ingrato você montar um time todo com jogadoras que completam. Quem é que vai tocar o piano? Meu time é feito de percussionistas, não de instrumentos principais. Tanto é que, se você pegar o histórico dos jogos, dificilmente verá uma das jogadoras muito acima das outras na pontuação. É um grupo homogêneo - ressaltou Ferrante.
A vitória sobre o hexacampeão Rio de Janeiro por 3 sets a 0, na semana passada, pode ser destacada por muitos como fruto da sorte da equipe do Macaé, garantindo uma das maiores zebras da história da Superliga. As próprias vencedoras reconhecem, sim, que as famosas adversárias, invictas na disputa até então, não estavam em um de seus melhores dias. Mas nem tudo é obra do acaso.
- Eu sou um cara muito apegado à parte técnica do jogador. E a outra vertente, que eu acho que é a mãe de todas, é investir muito taticamente. E nós tivemos todas as nossas vitórias construídas minuciosamente em estratégia tática, em estudo do adversário – garantiu o técnico, que também destacou a importância da ousadia de sua equipe.
Aposta na mistura de gerações
Alexandre Ferrante, técnico da equipe de vôlei Macaé (Foto: Malik Lazaro/ Divulgação)Técnico aposta na mistura de promessas com
atletas experientes (Foto: Malik Lazaro/ Divulgação)
Ferrante soube reger seu grupo, sexto colocado da Superliga. As mais experientes entraram em plena sintonia com as novatas. Monique, que amargou a reserva durante os três anos que defendeu o Rio de Janeiro, resolveu apostar na proposta do Macaé. Deu certo. Sétima colocada no ranking das maiores pontuadoras da competição, a oposta de 24 anos é um dos destaques do time. A ponteira Gabi, de apenas 17 anos, também tem ajudado muito sua equipe. Representando bem a nova geração, a campeã mundial infanto-juvenil de 2009 tem encarado de igual para igual as estrelas do vôlei. Tanto que foi eleita a melhor em quadra do duelo Rio x Macaé.
- A nossa força é o conjunto. Nós não temos campeãs olímpicas, mas temos 12 jogadoras que estão preparadas para entrar a qualquer hora e que vão dar conta do recado  – disse Monique.
Gabi faz coro com a colega.
Gabriela Souza da equipe de vôlei Macaé (Foto: Malik Lazaro/ Divulgação)Gabriela, eleita a melhor jogadora da partida entre
 o Rio e o Macaé (Foto: Malik Lazaro/ Divulgação)
- Não tem poção mágica nenhuma. A gente chega dentro de quadra e joga. Como o nosso time não tem tantas estrelas assim, a estrela é o time. O conjunto. Acho que a nossa união dentro de quadra prevaleceu contra o Rio. Nós não “respeitamos” elas dentro de quadra. A gente jogou o nosso jogo solto, sem tanta responsabilidade, até por saber que o nosso time não tem tanto investimento quanto o delas. E acabamos saindo de lá com a vitória.
A boa campanha elevou a auto-estima das jogadoras que, agora, já começam a sonhar mais longe.
- Acho que os outros times vão passar a respeitar mais a gente. Não é todo mundo que ganha de 3 a 0 delas. Isso é bom para gente. E, agora, o nosso pensamento é brigar lá na frente, chegar nas semifinais e buscar o máximo possível – disse Monique.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2011/02/macae-dribla-problemas-de-estrutura-aposta-na-ousadia-e-derruba-favoritos.html

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