quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Amigos fora de quadra, Bruno e “novo Emanuel” lamentam fim de parceria

Capixaba convidou Luciano para jogar com ele durante o período de recuperação de Alison de uma cirurgia. Dupla deu liga e chegou a ser campeã em uma etapa


Por
João Pessoa


Bruno e Luciano, vôlei de Praia (Foto: Paulo Frank / CBV)Luciano e Bruno se deram bem juntos temporariamente (Foto: Paulo Frank / CBV)


No ano passado, quando Alison “Mamute” decidiu dar uma pausa do vôlei de praia para tratar uma dor que o incomodava desde as Olimpíadas de Londres, em 2012, e passar por uma cirurgia no joelho, o capixaba Bruno Schmidt precisou se desdobrar na temporada. Sonhando com uma vaga olímpica e com muita vontade de jogar vôlei de praia, ele teria de se virar sem o seu parceiro nas etapas restantes do Circuito Brasileiro da modalidade. Mas a salvação estava “a cinco minutos de casa”. Amigo de longa data e “quase vizinho” de sua família no Espírito Santo, Luciano surgiu como solução. Mas eles nunca poderiam pensar que a química seria tão perfeita. Os resultados vieram rapidamente. Nas duas primeiras etapas juntos, um vice em São José, Santa Catarina, e um título em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Em Fortaleza, caíram nas quartas. Ou seja, a parceria temporária deu liga.

Na última, disputada em João Pessoa, na Paraíba, os dois caíram na mesma fase que na etapa cearense. Recuperado e com “fome de bola”, “Mamute” está pronto para voltar. O retorno, aliás, não será no Circuito Brasileiro, mas no desafio "Melhores do Mundo", entre Brasil e Estados Unidos, de 26 de fevereiro a 1 de março na Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro, contra fortíssimas duplas americanas, como Phil Dalhausser, o número 1 do mundo, e seu parceiro Rosenthal. Apesar de já estar treinando com Alison, Bruno admite que sentirá saudades da dupla vitoriosa com Luciano.

- Eu não gosto nem de pensar nisso (risos), mas chegou o momento da despedida. O Lu é um amigaço que eu tenho, quero muito bem. Nossas famílias frequentam os mesmos lugares.  Ele mostrou que é um jogador top, assimilando tudo de modo perfeito. Obviamente não esperava isso. 
Fui pego num momento difícil, pensei em antecipar as férias, mas ainda bem que ele topou porque eu estava louco para jogar. Tomara que ele dê mais passos para frente – disse.

Bruno e Luciano são amigos de longa data e moram bem perto (Foto: Paulo Frank/CBV)
Bruno e Luciano são amigos de longa data 
moram bem perto (Foto: Paulo Frank/CBV)


Antes de jogar com Bruno, Luciano estava no Nacional, espécie de segunda divisão do Circuito Brasileiro de vôlei de praia. Enfim, teve a chance de jogar o Open, que reúne a elite. E parece não ter sentido a pressão. De dupla temporária formada às pressas, eles foram a líderes do ranking de entradas (somatório dos quatro melhores resultados das últimas cinco participações da dupla), o que os possibilitou jogar de camisa dourada, uma novidade da CBV para marcar as melhores duplas, utilizada também por Larissa e Talita, campeãs das seis primeiras etapas.

- Infelizmente, foi a última etapa nossa. Não tem preço. Fazer duas finais, ganhar uma etapa do Brasileiro... O seu nome fica na história. Ele me ensinou muitas coisas. É um cara que pensa na frente, que vai sempre jogar para ganhar etapa. Tinha o sonho de jogar com ele e concretizei. Abriu uma porta para que, quem sabe, futuramente, essa parceria possa voltar. Meu sentimento agora é que ele vá às Olimpíadas, represente o Brasil e um dia eu possa contar aos meus filhos que joguei com o cara que esteve lá e, quem sabe, levou uma medalha olímpica – afirmou o jogador, que ganhou o apelido de “Cristiano Ronaldo” por ser fã do craque lusitano.

Emanuel comemora ponto (Foto: Divulgação CBV)Bruno compara Luciano a Emanuel
(Foto: Divulgação CBV)


Bruno agradeceu os elogios feitos pelo amigo e garantiu que fará de tudo para estar nas Olimpíadas do Rio de Janeiro para presenteá-lo. Ainda empolgado, ele não economiza as palavras positivas na hora de falar do parceiro temporário. Para ele, o jogador é uma espécie de novo Emanuel, alusão ao campeão olímpico de Atenas 2004, mas com uma vantagem: a altura.

- Se assemelha muito: é leve, forte, rápido, tem um alcance absurdo. Acho que ele é um Emanuel evoluído, sem brincadeira, porque tem 1,98m. Agora depende dele. Eu passei um pouco da minha competitividade e acho que vai ser importante para a carreira do Lu. Desde que nos juntamos para agora, já vejo outro Luciano – opinou o sobrinho do jornalista Tadeu, da TV Globo, e da lenda do basquete nacional, Oscar Schmidt.

Agora, Luciano quer aproveitar a maré positiva da dupla com Bruno. Com um bons status no ranking masculino do Circuito Brasileiro de vôlei de praia, ele não pretende sair mais do Open (elite). 

Tranquilo, ainda não traça planos para o futuro. Terá um tempo para descansar e pensar em quem pode convidar para iniciar uma nova parceria, já que as duas últimas etapas da competição acontecem no Recife, de 5 a 8 de março e, em seguida, em Salvador, de 26 a 29 do mesmo mês.

- Tinha uns nomes na cabeça, mas fizeram boas etapas e foi por água abaixo. Acho que a gente tem um tempo bom, então vou esperar. Estou na vitrine. Esse sucesso, com certeza, abriu muitas portas para mim – concluiu.


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