Francês analisa rivais na disputa pela presidência da Fifa e prega igualdade entre os países como principal tema de sua campanha: "Futebol pertence aos torcedores"
Ginola tem até sexta-feira para confirmar candidatura à presidência da Fifa (Foto: Reuters)
O ex-jogador de PSG, Newcastle, Tottenham e Everton acredita que, aos 48 anos, pode promover o conceito de igualdade na Fifa. Não a mesma pregada por Joseph Blatter, que adiciona inúmeras federações de todo o mundo à lista da entidade a cada ano - uma igualdade social, racial, entre homens e mulheres. Ginola prega que a diversidade que se vê nas arquibancadas tem que estar também no campo e, principalmente, no comando das equipes. E garante ser o único que pode colocar isso em prática, por não ser do mesmo universo que os outros candidatos: a política.
- Eu não sei nada sobre eles (os outros candidatos). Sei que Champagne (Jérôme) trabalhou na Fifa, Príncipe Ali trabalhou para a Fifa. São pessoas da Fifa. Eu não, sou de fora, joguei futebol toda a minha vida. Sonho ser jogador de futebol desde que tinha nove anos e fiquei 17 anos jogando. Acho que agora é hora de ver um futebol diferente, um governo diferente. Acho que Champagne, Ali e Blatter trarão o mesmo mundo. Definitivamente quero que as pessoas acreditem que as coisas podem ser diferentes - disse Ginola ao GloboEsporte.com, por telefone.
Nesta entrevista, concedida antes de o também ex-jogador Figo se candidatar à Fifa, Ginola explica suas ideias caso assuma a presidência da Fifa, fala em unificar o Fair Play Financeiro, em aumentar o número de participantes no Mundial de Clubes e admite que a Copa do Mundo no Catar, em 2022, deve ser jogada no inverno. O francês tem até esta sexta-feira para oficializar sua candidatura; para isso precisa contar com o apoio de pelo menos cinco federações nacionais.
Confira na íntegra:
GLOBOESPORTE.COM:
No que exatamente consiste o seu conceito de maior igualdade no futebol?
GINOLA: Para evitar todas as discriminações raciais no mundo. Quero dar a cada minoria, a cada país, oportunidades iguais de brilhar no esporte. É uma das principais necessidades para o esporte, pois nosso trabalho é trazer transparência e igualdade. Igualdade é algo importante para mim, e acho que é preciso envolver todos os países contra a discriminação. É algo que aprendi jogando.
Por que você escolheu essa bandeira como a principal na sua campanha?
Porque eu acho que o futebol deve trazer igualdade a todos, pois eu acho que o futebol pertence aos torcedores. E igualdade diz respeito a todos, não importa se você é mulher, homem, gay ou não, onde você mora, a sua religião... O futebol foi feito para manter as pessoas unidas e não longe umas das outras. Nós vimos durante a Copa no Brasil pessoas do mundo todo, o futebol unindo as pessoas. E penso que isso não pode ser usado apenas fora, tem que ser levado para o campo.
Ginola atuou por Tottenham, Everton, Newcastle e
Paris Saint-Germain na carreira (Foto: Agência
Getty Images)
Como colocar isso em prática?
Acho que é um bom começo envolver isso como elemento-chave da campanha. Acho que é tempo de mudança para a Fifa, pois precisamos ser mais positivos quando pensamos na Fifa. Todas as acusações, todas as dúvidas... Não acho que isso seja aceitável para a maior organização, que faz tantas coisas no mundo. A igualdade não é quanto as Federações. Uma grande mudança na organização do mundo do futebol nos próximos anos.
E sobre a sua intenção de colocar o Mundial feminino no mesmo país da Copa do Mundo?
Penso que o futebol feminino merece melhor tratamento. Nesse caso, eu não quero colocar os jogos juntos, quero que a Copa feminina seja logo depois da masculina. Por exemplo, no Brasil poderíamos ter visto as mulheres usarem a estrutura da Copa logo depois. Seria para aumentar a visibilidade do futebol feminino. Estamos falando sobre times que jogam futebol por todo o mundo. É importante, também é uma questão de igualdade.
O que você pensa sobre os outros candidatos?
Eu não sou contra Blatter, Champagne ou contra o príncipe Ali. Eu sou a favor da Fifa. Eu acho que é uma campanha importante, e o senhor Blatter é presidente da Fifa há muitos anos. Apenas quero dizer que acho que é hora de uma grande mudança. Nós precisamos disso, é muito importante, mudar os olhos do mundo. Precisamos ter uma boa gestão, aumentar a igualdade no futebol, pois não quero ver o em 20 anos as pessoas dizendo "não gosto de para onde futebol está indo, então vou tentar diferentes esportes". Acho que o futebol é o esporte mais conhecido no mundo e merece melhores gestores.
Como avalia a entrada de tantos bilionários em grandes clubes? E o Fair Play financeiro?
Acho o Fair Play Financeiro importante para a igualdade no esporte. Acho que não temos as mesmas regras em Espanha, Inglaterra, Itália, e acho que seria importante estabelecer o mesmo para todos. Temos que tentar diminuir as diferenças entre os países. Esses são países fortes, com ligas com os melhores jogadores. Temos que introduzir um jogo mais justo dentro e fora de campo, ter certeza que no futuro teremos mais times envolvidos nas maiores competições. Quero ver mais pessoas envolvidas, mais clubes. Quero que o futebol vá a mais pessoas.
E o Mundial de Clubes? Planeja alguma mudança?
Ex-jogador francês promete oposição a Blatter na Fifa (Foto: Agência Getty Images)
Pegando a Superliga entre seleções que Platini quer criar na Europa, pensa em criar uma Superliga mundial?
Acho que Platini quer criar uma competição que é possivelmente uma boa ideia, que mobiliza os fãs, tem mais jogos para ver. É algo que precisamos pensar sobre, pois no momento há questões mais importantes para mudar nos próximos anos. Acho que precisamos de mais competições, mais jogos internacionais, mas precisamos focar nos problemas principais.
O que pensa sobre a Copa no Qatar?
Acho que a Copa sempre é jogada no verão, mas pelo calor estão pensando em mudar para o inverno. Acho que será um enorme problema para ligas diferentes, que teriam que rearranjar os jogos, a tabela. Acho que é algo difícil e importante. No momento, jogar no verão acho que seria quase impossível. Acho que teria que ser jogada no inverno.
Entre todos os candidatos, só você pode concretizar todas essas mudanças?
Eu não sei nada sobre eles. Sei que Champagne trabalhou na Fifa, Príncipe Ali trabalhou para a Fifa. São pessoas da Fifa. Eu não, sou de fora, joguei futebol toda a minha vida. Sonho ser jogador de futebol desde que tinha nove anos e fiquei 17 anos jogando. Acho que agora é hora de ver um futebol diferente, um governo diferente. Acho que Champagne, Ali e Blatter trarão o mesmo mundo. Definitivamente quero que as pessoas acreditem que as coisas podem ser diferentes.
FONTE:
http://glo.bo/1CCWdMM
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