quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Pé na Série B: técnico Toninho Cecílio reconhece “chance mínima” ao Tigre

Tigre perde para adversário direto contra a degola, sofre sétima derrota seguida e treinador pede ao menos “dignidade e honra” aos jogadores na reta final


Por
Criciúma, SC



Quando desembarcou no Criciúma, Toninho Cecílio tinha confiança de que poderia trabalhar para fazer com que a equipe escapasse do rebaixamento, tinha sete jogos e dependia só de si para tal. Na noite desta quarta-feira, a situação é completamente diferente do que ele imaginava. Resta apenas um sopro para fazer o Tigre descer para a segunda divisão. Panorama desenhado após a derrota para o Bahia, em casa, na noite desta quarta-feira (veja como foi no vídeo).

Com 30 pontos, o Carvoeiro esta oito atrás do primeiro fora da zona de rebaixamento, o Coritiba. São nove pontos a serem disputados. O Criciúma teria que triunfar sobre Flamengo, Sport e Corinthians e torcer para que os times da parte de baixo da tabela praticamente não somem mais.

- Existe uma chance mínima, podemos alcançar 39. Acho muito difícil pelos cruzamentos de quem está nesta zona. Ainda vou analisar após a rodada, mas a situação ficou mais crítica. Ainda há uma possibilidade distante, matematicamente ainda existe – afirmou.

Mesmo que se apegue uma chance inferior a 1%, Toninho Cecílio concedeu a entrevista coletiva sabendo que é improvável conquistar a missão a ele designada. Por isso, pediu “dignidade e honradez” a seus comandados nos últimos jogos que o Criciúma tem pela frente, como um compromisso de fazer do fim do ano da torcida carvoeira menos melancólico quanto tem sido até agora.

Toninho Cecílio Criciúma técnico (Foto: Fernando Ribeiro / Criciúma EC)
Toninho Cecílio reconhece a improbabilidade d
o Criciúma seguir na Série A (Foto: Fernando 
Ribeiro / Criciúma EC)


- Temo que fazer jogos dignos e honrados. Não esperava isso. Quando recebi o convite, via boa possibilidade de fugir, de permanecer na primeira divisão. Neste tipo de situação, passamos a fazer reflexões, trabalhando com a equipe 24 horas vendo jogos, pensando em cada decisão para não errar. Sou responsável pelas quatro derrotas, porque sou treinador. Gostaria de reforçar que sou o maior responsável por isso. Na sequência, temos que fazer uma partida com organização, que respeite o final do campeonato, tentando o máximo que puder. Tentaremos fazer um final de campeonato com honradez e respeito à tradição do clube.


Veja a íntegra da entrevista coletiva

Avaliação da partida
- Eu vi uma equipe que conseguiu propor o jogo no primeiro tempo. Não fizemos a partida que foi contra o Grêmio, mas com entrega, seriedade, foi um pouco mais forte, como deve ser jogada. Não tive uma equipe dispersa durante os 90 minutos como ocorreu. Neste sentido, tive da mesma maneira que foi contra Cruzeiro e São Paulo, o time atento. Tivemos volume de jogo até os 30 do primeiro tempo, acho que não traduzimos em gol a superioridade. Tomar o gol aos seis deu tranquilidade ao Bahia, que baixou as linhas de marcação. Ficaria difícil, eles se colocaram atrás e exploraram nosso erro e nervosismo. A equipe foi intensa, foi ao limite. Se não conseguimos vencer de novo, é muito desagradável para mim. Não lembro de resultados assim, tenho que enaltecer o apoio dos torcedores, mas eles realmente estão cansados, cobraram
- Tivemos dois casos câimbras, do Maicon Silva e do Bruno Lopes, e eu tive que trocar. Não gostei disso porque o Bruno Lopes é jovem, me surpreendeu ele ter câimbra. Apesar da intensidade dele no jogo, isso não pode ocorrer num atleta jovem. Com o Maicon é mais compreensivo por não ter atuado muito no campeonato. Estava bem no jogo, foi correto, se apresentando. Não esperava ter perda tão cedo no segundo tempo. Isso me limitou nas substituições. Preferi botar o João Vitor na direita e colocar o Rafael Costa como mais um homem para penar o jogo. No desespero, tentei com ele botar a bola no chão. Os meninos (Andrew e Kalil) entraram bem, tem que dar apoio a eles. Mais um a vez, gostaria de reconhecer que eu poderia estar trabalhando melhor. Peço desculpas à torcida e aos jogadores por não ter ajudado da melhor maneira.  
Infelizmente a gente vê a torcida triste. É uma torcida famosa no país, que torceu, apoiou e incentivou desde quando cheguei, e hoje protestou. 
Toninho Cecílio


Fim de campeonato
- Só trabalho com respeito ao clube, queria terminar o campeonato com seriedade. Eu posso ter errado em várias situações, mas ninguém pode dizer que não tive compromisso. Podem criticar e analisar o trabalho, mas é algo que vem vindo durante a temporada. Campanha assim é resultado de várias coisas, multifatorial: é contratação, indicação, trabalho, se há encaixe.... Um assunto complexo. Em 38 rodadas há dois pontos na temporada bem determinados de reformulação, durante Copa do Mundo e antes do fechamento das inscrições. Houve uma tentativa honesta da diretoria em acertar, mas resultados não vieram e a equipe ficou nesta situação. Achava que conseguiria (evitar), porque tenho muita energia, confio no meu trbaalho, ao contrário do torcedor, que hoje não deve estar confiando, chateado com resultado. O resultado não interfere na seriedade. Não tenho dúvida que pode terminar assim, caso a diretoria me permita.  


Pressão da torcida atrás do banco no segundo tempo
- É meu dever tentar manter a concentração. No segundo tempo fiz mudanças, estava preparador para não errar, não me preocupar comigo. O torcedor de futebol no Brasil tem a cultura do insulto. Em respeito ao meio em que tralhamos, entendo e compreendo. O que mais me passou na cabeça foi me manter concentrado na partida. Tomamos gol muito cedo, com tempo inteiro para a virada. Não posso perder meu foco, minha primeira preocupação. Infelizmente a gente vê a torcida triste. É uma torcida famosa no país, que torceu, apoiou e incentivou desde quando cheguei, e hoje protestou. Eles mantém o clube, a razão de existir do clube é o torcedor. Não teve violência. Respeito muito o Criciúma, porque não merecia estar nesta situação pela estrutura, em que o treinador tem tudo para trabalhar. O Criciúma merece cinco ou seis anos seguidos na Série A, e tenho absoluta certeza que isso vai acontecer, pela seriedade das pessoas que comandam o clube.  


Planejamento para 2015
- Eu preciso no momento ter calma, não sei da minha situação, mas estou tranquilo. Enquanto treinador, vou desempenhar meu papel. Acho interessante que comecem o planejamento, a possibilidade é remota de permanência, e tem que começar a ir atrás. Não sou o treinador de 2015, meu contrato até o final do brasileiro. Por isso estou impossibilitado de dar opinião mais aprofundada sobre isso. A diretoria deve estar pensando. Tem experiência, o presidente é bem sucedido inclusive no futebol, faz no Criciúma uma administração exemplar. O Criciúma tem recursos para não passar por rebaixamento, tentar voltar imediato caso confirme a queda. Não pode se esconder deste ano. Tem que tentar ser campeão catarinense. Acho que vão conduzir bem qualquer processo comigo ou não presente.   


Quinto técnico no ano
- É difícil, mas a profissão te apresenta situações assim, você aceita ou não. Eu confiei que conseguiria, seria diferente se tivesse atraso de salários, sem campo para treinar. O clube é organizado, tem tudo, mas não teve resultado e precisa reagir. Achei eu conseguira. Não é uma crítica: a troca de treinadores significa que algo deu errado, ou escolha de treinadores ou precipitação na demissão. Não sou eu que digo, as pessoas que trabalham aqui são inteligentes. Não poso colocar na conta da diretoria, teve treinador que indicaram jogadores para um campeonato de Série A, que é diferente, a equipe teve muita mexida. Nas conversas que tive, há reconhecimento que isso poderia ter sido evitado. Nenhum dirigente gosta de demitir treinador, é sinal que trabalho não aconteceu. Acho que são muitos os fatores, os treinadores também têm parcela. Eu assumo e não se deve colocar apenas na conta da diretoria. A escolha do treinador é um ponto chave, mas não é fácil. Sei que o momento é difícil de falar, por estar na beira da Série B, mas vejo um grande futuro ao Criciúma. Acho que nos últimos quatro anos mudou de patamar. Caso confirme o descenso, vejo perspectiva mais otimista para o ano que vem, não sei se concordam. Tiveram grandes treinadores, sérios, mas com responsabilidade nisso. Eles sabem e eu sou responsável nas quatro partidas que trabalhei.


Confira mais notícia do esporte de Santa Catarina


FONTE::
http://glo.bo/1yr0PS4

Nenhum comentário: