Meio-campista diz que evoluiu como jogador após chegar no futebol italiano, revela sonho de jogar a Olimpíada e exalta relação com Klose: "É um cara espetacular"
Felipe Anderson em ação pelo Lazio: meia conseguiu se firmar no time (Foto: Getty Images)Para chegar à atual boa fase, o ex-santista sofreu um bocado. Os constantes puxões de orelha de Muricy Ramalho no Peixe, hoje, talvez fossem mais raros: Felipe diz que, na Itália, aprendeu de vez a se comportar taticamente. Foi o processo mais complicado de superar na adaptação a outro país, outra língua e outro futebol. Agora, com presença habitual no time titular do Lazio, terceiro colocado no Campeonato Italiano, a palavra de ordem é dar continuidade.
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- Eu sempre esperava a convocação. Estava jogando bem aqui, sempre acompanho, porque é um sonho, um objetivo ser convocado. Foi uma notícia maravilhosa, e agora é dar continuidade, dar o meu melhor para poder continuar. A cada partida venho melhorando mais - garantiu o jogador, em entrevista por telefone ao GloboEsporte.com.
Um dos responsáveis pelo amadurecimento tático de Felipe Anderson é o alemão Miroslav Klose, estrela da equipe. O brasileiro elogiou o companheiro e disse que não foi provocado pelo colega após o 7 a 1 germânico na Copa. Nesta entrevista, ele fala também sobre o momento do Lazio, a saída de Hernanes do clube e a expectativa de jogar uma Olimpíada no país em que nasceu. Confira na íntegra:
Você estava ansioso pela convocação para a seleção sub-21 e agora foi chamado. Como recebeu a notícia?
Felipe Anderson:
Eu sempre esperava a convocação. Estava jogando bem aqui, sempre acompanho, porque é um sonho, um objetivo ser convocado. Foi uma notícia maravilhosa, e agora é dar continuidade, dar o meu melhor para poder continuar. Sempre fui tranquilo, soube esperar minha vez, isso me dava mais motivação. Continuei trabalhando mais forte, a cada partida venho melhorando mais, jogando bastante. Isso aumentava a chance de eu ir (para a seleção). Não ficava chateado, porque sabia que, se estivesse fazendo bem, poderia aparecer a oportunidade.
Conhece alguém desta seleção sub-21 que vem sendo chamada? Acompanhou os últimos jogos deles?
Alguns meninos eu já conhecia da sub-18, sub-19, tem uns meninos que jogam na Itália. Acompanhei os jogos, sim. Sempre acompanhava os jogos, campeonatos, porque é uma coisa que me interessa.
Felipe comemora gol pela seleção brasileira
sub-20 (Foto: Agência AFP)
Já imaginou disputar a Olimpíada no Brasil?
Jogar na Seleção é um sonho, já está no coração do atleta, ainda mais nessa ocasião especial que é a Olimpíada. O Brasil quer muito ganhar, pelo fato de ser no Brasil, isso motiva mais. Mas sei que para isso temos que ralar muito, estar concentrado primeiro no time, porque jogando bem vai chegar.
Nesta temporada, você tem jogado com frequência, conseguiu se firmar na equipe. O que mudou para a outra temporada?
O futebol aqui é muito diferente do brasileiro. Quando você vem mais velho, já tem uma experiência. Quando vem novo, é a fase que você está aprendendo. Você vem para cá e tem que aprender muita coisa diferente para fazer um bom jogo. É muito tático. No fim da temporada passada eu já tinha entendido, estava jogando bem, dando continuidade. A cada jogo venho crescendo.
O que você mais estranhou?
A intensidade do jogo. É completamente diferente. Não pode parar os 90 minutos, tem que dar certinho na parte tática, tem que estar ligado. Foi uma parte que tive que trabalhar mais, ficar bem atento.
Meia em sua apresentação no Lazio: adaptação
rápida à Itália (Foto: Reprodução / Twitter)
Você sente que evoluiu como jogador?
Com certeza, na forma de treinar, no pensamento... Você já é diferente, treina sempre intenso, como na partida. Neste ano e meio que estou aqui já mudei, já penso diferente. Tenho crescido muito, tenho provado (tenta achar a palavra em português)... Consegui descobrir onde posso usar meus pontos fortes.
Você já começa a se enrolar com o italiano e o português. Na seleção vai ter que praticar o português...
(Risos) É que algumas palavras em italiano explicam melhor. Na seleção tem muito brasileiro (risos).
Foi fácil se adaptar à Itália?
Roma é uma cidade maravilhosa. As pessoas não são tão frias, aqui é mais tranquilo. Todo mundo fala que Roma é um museu. Gostei muito do Coliseu, do Vaticano e da Fontana di Trevi.
Felipe Anderson ao lado de Hernanes: admiração pelo ex-jogador do Lazio (Foto: Arquivo Pessoal )O objetivo é chegar na Europa. Esse ano a equipe tem muita qualidade, a gente está conseguindo impor nosso jogo em todas as partidas, estamos jogando melhor que os adversários. Agora é dar continuidade. Tem quatro meses que a gente trabalha com a nova comissão técnica, com os novos jogadores, estamos crescendo. Ainda não dá para saber onde podemos chegar, mas sabemos que podemos ir longe. Muita gente não esperava.
Como é a relação com o Klose?
Ele é um cara espetacular, pela humildade dele. Ele chama os jovens, fala tranquilo, explica bem, na parte tática chama às vezes e diz de uma forma que você entende e ainda se motiva. Você vê que ele quer te ajudar. É um grande jogador, uma grande pessoa, entende muito de futebol. A relação é muito boa, muita coisa que eu vejo ele fazendo vou levar para a carreira.
O que vocês conversaram depois do 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil?
(Risos) Eu tinha mandado mensagem para ele antes do jogo falando para não fazer gol (Klose fez um), mas desejando boa sorte. Também mandei para o Neymar. Amizade, né? A gente brincou, nada demais. Ele é humilde, não zoou, não fez nada. Pegou leve, é um cara tranquilo.
E o Hernanes? Ele saiu como ídolo do clube. Ainda sentem falta dele?
Não digo que faça falta, mas ficou um pouco de saudade. Pela pessoa e pelo jogador que é. Hoje, não digo que temos jogadores melhores que ele, que é um craque, mas a equipe está enquadrada. Todo mundo sente falta dele, ele ajudou muito a gente dentro de campo. É uma pessoa excepcional. Falo por mim: sinto falta, saudade dele, da amizade também. Esses jogadores que são ídolos vão sempre deixar saudade. A torcida não fala dele como antes, mas ainda torce muito por ele.
Você acha que consegue se tornar um ídolo no Lazio como Hernanes?
No Brasil já acompanhava ele jogando, mas chegando aqui e jogando com ele, vendo como é bom ser ídolo desse clube, me deu mais vontade. É um objetivo, um sonho, ser ídolo aqui como ele.
Felipe Anderson em ação pelo Lazio: vontade
de ser ídolo no clube (Foto: Agência EFE)
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