sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Ponte aérea da discórdia: ausência de Jefferson não é digerida no Bota

Sob alegação de cansaço, goleiro deixa São Paulo, vai para o Rio e deixa comissão técnica e diretoria indignados. Mancini planeja conversa nesta sexta

Por São Paulo





Jefferson Botafogo (Foto: Vitor Silva / SSPress)
Após voltar da Seleção, Jefferson decidiu não 
enfrentar o Santos e criou mal estar com 
Mancini (Foto: Vitor Silva / SSPress)


- Infelizmente, não poderei estar presente com meus companheiros nesse importante jogo contra o Santos. Uma partida que vale classificação para a semifinal da Copa do Brasil, um objetivo sonhado por todos nós e que tenho certeza de que todo o grupo está motivado para conquistar essa vitória. Após me apresentar com a seleção brasileira nesses dois últimos amistosos, tive uma viagem muito desgastante de 26 horas. Assim que cheguei ao Brasil, entrei em contato com a diretoria, conversamos e chegamos ao entendimento que seria mais prudente para mim e para a equipe não estar em campo nessa quinta-feira, e que no domingo, contra o Sport, eu já estaria apto a estar em campo e ajudar o clube - dizia o comunicado de Jefferson na quinta-feira.

Gottardo disse que a decisão de não jogar foi unilateral e contou que só conseguiu falar com Jefferson na manhã de quinta, dia do jogo, quando ele já estava no Rio. Na visão da diretoria, o maior erro do goleiro foi não ter ido até o hotel em São Paulo para conversar pessoalmente.

-  Ele foi comunicado para se apresentar aqui em São Paulo. No aeroporto, tínhamos um funcionário para recebê-lo, mas ele tomou a posição de ir para o Rio de Janeiro. Ele estava na relação, Mancini contava com ele, mas o Jefferson disse que não tinha condições de jogo, que estava cansado, com dores nas pernas. Falei que ele tinha que ter se apresentado para comunicar a mim e ao Mancini. Não teria nenhum problema. Foi uma atitude isolada, mas quebrou a programação. Foi uma decisão dele. É um ídolo do clube, titular da Seleção e seria importante tê-lo neste jogo contra o Santos. O Botafogo não concordou. Existem regras - afirmou Gottardo.

Apesar de admirador de Jefferson e de saber que é complicado bater de frente com o principal ídolo do time, Vagner Mancini tomou uma posição firme de crítica ao jogador. Internamente ficou a sensação de que poderia ter sido feito um esforço maior diante da necessidade do time. O argumento do cansaço não foi inteiramente engolido. O técnico, no entanto, sabe que o capitão tem crédito e deseja uma conversa frente a frente nesta sexta para tentar esclarecer e aparar as arestas
(veja a entrevista do técnico no jogo desta quinta).

- Deveria estar no hotel com a delegação, eu contava com ele para o jogo, assim como outros jogadores que estavam na Seleção fizeram. Não entendi. Se foi indisciplina? Temos que ouvir o lado dele. Amanhã, chegando no Rio, vamos sentar e conversar para ver o que tem a dizer. Se estava cansado a ponto de não jogar, deveria ir ao hotel e conversar comigo. Não iria permitir que um atleta entrasse em campo cansado, mas tinham mais de 24h até o jogo. O Jefferson sempre desempenhou o papel dele no Botafogo e merece ser ouvido - disse o treinador.

Quem convive com Jefferson, no entanto, sabe que o capitão alvinegro tem "rituais" que gosta de seguir antes dos jogos como forma de melhorar sua preparação e concentração. Neste caso da partida contra o Santos, as condições não eram as que deixam o goleiro mais confortável antes de entrar em campo, o que também pode ter pesado.

Em entrevista publicada no dia 29 de setembro no blog "Um Facho de Luz", o goleiro já tinha dado a entender que não estava à vontade com a ideia de voltar da Seleção e no dia seguinte enfrentar o Santos.


- Para o goleiro é mais desgastante fazer uma viagem longa, não descansar no dia seguinte e jogar. O tempo de recuperação é de pelo menos dois dias. Quando estou na seleção, não posso ficar dividido, se não acabo não fazendo bem meu trabalho. Temos goleiros que podem me substituir à altura - afirmou na ocasião.

Quatro jogadores que estavam com a Seleção tinham compromissos com seus clubes nesta rodada na Copa do Brasil. Na quarta-feira, Diego Tardelli entrou em campo pelo Atlético-MG na goleada sobre o Corinthians por 4 a 1. Neste mesmo jogo, Gil ficou no banco a partida inteira, enquanto Elias entrou na segunda etapa, pelo Timão. Everton Ribeiro não atuou pelo Cruzeiro contra o ABC.

Os bastidores alvinegros seguem agitados, e o caso Jefferson promete ter mais capítulos. Neste cenário, o time se prepara para o importante jogo contra o Sport, domingo, em Volta Redonda. O Alvinegro é o penúltimo colocado do Brasileiro com 29 pontos.


FONTE:
http://glo.bo/1sWTgT9

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