sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

No Complexo do Alemão, promessas de Fla e Flu encontram Bernardinho

Técnico da seleção brasileira e do Rio de Janeiro participa de ação com jovens da  comunidade de Nova Brasília e se espelham no exemplo da líbero Fabi no vôlei

Por Rio de Janeiro

Bernardinho participa de ação social na comunidade de Nova Brasília, no Complexo do Alemão (Foto: Carol Fontes)Bernardinho participou de ação em Nova Brasília, no Complexo do Alemão (Foto: Carol Fontes)
 
Um projeto social na comunidade carente do Complexo do Alemão tem mudado a realidade de inúmeros moradores em um lugar que era considerado um dos mais violentos do Rio de Janeiro. Criado há apenas dois anos e idealizado por Bernardinho, o núcleo de Nova Brasília da Escolinha de Vôlei Bernardinho (EVB) já se transformou em um celeiro de atletas. Dos cerca de 120 jovens que integram o programa, um treina com o Fluminense, outro com o Flamengo e dois são federados pelo Rubro-Negro. Nesta quinta-feira, o técnico da seleção brasileira e do Rio de Janeiro participou de uma ação na quadra da comunidade, onde conversou com as crianças e os adolescentes, respondeu perguntas e até bateu uma bolinha, ao lado da líbero Fabi, que tem uma história semelhante a de muitos deles.
 
- Eu também tive uma origem simples, venho de uma comunidade carente em Irajá, Anibal Porto. É tipo uma COAB, um conjunto habitacional. Comecei a jogar nas escolinhas lá e me identifico muito com a história dessas crianças porque eu lembro da minha, do meu início há 21 anos. O esporte entrou na minha vida pelo lado social, o que eu queria era brincar e o vôlei foi muito importante para a minha formação como pessoa. Tomara que o esporte também entre na vida desses jovens de uma forma importante. O Brasil precisa formar cidadãos de bem - revelou Fabi.

Bernardinho e Fabi batem bola com David e Luiz, do time mirim do Flamengo (Foto: Carol Fontes) 
Fabi e Bernardinho batem bola com David e Luiz, do 
time mirim do Flamengo (Foto: Carol Fontes)
 
A necessidade de inclusão social de jovens que vivem em comunidades pacificadas foi o que motivou Bernardinho a desenvolver a sua escolinha de vôlei. Hoje, o projeto social é contemplado por sete núcleos que receberam Unidades de Polícia Pacificadiras (UPPs). Além de Nova Brasília, estão incluídos Borel, Mangueira, Morro da Mineira, Prazeres, São João e Tavares Bastos.

Fabi participa de ação social na comunidade de Nova Brasília, no Complexo do Alemão (Foto: Carol Fontes)Fabi se identificou com os jovens, que também iniciaram em comunidade (Foto: Carol Fontes)
 
- O vôlei é apenas uma ferramenta entre muitas outras que promovem a inclusão social. E a pacificação de comunidades, abriu o caminho para diversas iniciativas. É uma honra para mim ser parte de um projeto como esse, as crianças merecem e precisam dessa oportunidade. Acho que é uma obrigação de todos participar desse processo de inclusão social. Perdemos o nosso patrocínio, mas vamos sobrevivendo, seja com recursos de parceiros ou pessoais - disse o treinador. 

Com uma coleção de medalhas no peito, David entrou para o time mirim do Flamengo em dezembro, junto amigo Luis Fernandes, que também deu os seus primeiros passos no Alemão.

- Adoro praticar esportes, vôlei, futebol, futsal... Desde que eu entrei no vôlei, não parei mais. Fiz uma peneira com 400 meninos e só dois passaram, eu e o Luis. Minha mãe (costureira e artesã) encheu uma van com oito crianças. Eu estou gostando muito de jogar pelo Flamengo, já conquistei várias medalhas, mas a conquista mais especial foi o título da Taça do Paraná. O clube nunca havia vencido essa competição, essa vai ficar para a memória - contou o ponteiro de 13 anos. 

David exibe sua coleção de medalhas no vôlei (Foto: Carol Fontes)David exibe coleção de medalhas, conquistada após entrar na EVB (Foto: Carol Fontes)
 
O professor Augusto dos Santos, que dá aulas no núcleo desde a sua fundação, conta que os jovens aprovaram logo a novidade e se adaptaram de forma impressionante. 

- A gente sempre pensa que o futebol é sempre o primeiro esporte nas comunidades por ser mais fácil de jogar. Mas percebi que o fato de as crianças ficarem mais soltas no Alemão, subindo em árvores para pegar manga e jaca, soltando pipa na laje e outras atividades, faz com que elas tenham uma motricidade melhor do que as que moram em apartamentos. Essas crianças aprenderam mais rápido do que as do asfalto. 

Antes de ingressar para o projeto social, Pedro Vicente era apenas mais um adolescente que praticava futebol da Nova Brasília. Hoje, prefere o vôlei, o basquete e o handebol, mas já traçou os planos para o futuro. Atualmente, o jovem de 14 anos treina com o Fluminense. Para chegar ao seu destino, ele precisa ir de teleférico até Bonsucesso e, de lá, pega um ônibus até as Laranjeiras. 

- Meu sonho é ser profissional e defender a seleção brasileira. Antes de ir treinar no Fluminense, fiz uma peneira no Botafogo, que é meu time do coração, passei, mas acabei torcendo o tornozelo esquerdo e fui dispensado. Fiz testes nas Laranjeiras e passei - disse Pedro, que se inspira em Bruninho em busca do sucesso nas quadras.
 
Alexander e Pedro estão treinando com Flamengo e Fluminense, respectivamente (Foto: Carol Fontes) 
Alexander e Pedro estão treinando no Flamengo e no Fluminense,
 respectivamente (Foto: Carol Fontes)

Bernardinho e Fabi participam de ação social na comunidade de Nova Brasília, no Complexo do Alemão (Foto: Carol Fontes) 
Bernardinho e Fabi conversam com jovens e veem fotos que
 eles fizeram das aulas pela televisão (Foto: Carol Fontes)
 
 

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2013/12/no-complexo-do-alemao-promessas-de-fla-e-flu-encontram-bernardinho.html

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