Juninho briga pela bola: meia deu entrada violenta em Paulinho (Foto: Marcelo Sadio / Flickr do Vasco)
Pouca gente viu um dos lances mais espetaculares da 26ª rodada. No
Serra Dourada, apenas 5.704 pagantes prestigiaram o empate em 1 a 1
entre Goiás e Criciúma. Pior para quem não foi ao estádio, que viveu uma
noite de retorno ao passado. Gordon Banks, goleiro inglês que ficou
marcado por uma defesa memorável em cabeçada de Pelé, na vitória
brasileira por 1 a 0 na Copa de 70, foi "homenageado" por Renan,
que defende as cores do Goiás. O lance incrível começou na direita. O
lateral Sueliton olhou para a área e cruzou na medida para Wellington
Paulista, que testou como manda o figurino: firme e para baixo. Mas
Renan teve reflexo de sobra. Ele saltou alto para evitar o gol certo. E
melhor: no rebote, ainda se levantou a tempo de espalmar o chute do
atacante do Tigre. É o golaço de um goleiro. Uma defesa não tão
histórica quanto a de Banks, num jogo com menos pompa que o de uma Copa
do Mundo, mas que tem selo mais do que garantido no Pacotão.
Se o público que acompanhou o milagre de Renan foi reduzido, o exato
oposto se aplica ao clássico Flamengo x Vasco, que contou com 34.597
pagantes. Todos eles viram da arquibancada o meia Juninho Pernambucano,
do Vasco, fazer algo que não condiz com sua postura habitual. Aos 26 do
primeiro tempo, Paulinho, do Fla, carregava a bola no meio-campo.
Juninho veio dar o combate, mas esqueceu completamente da bola. A
entrada foi violenta, direto na perna esquerda de Paulinho. Quem não viu
muito bem a agressão foi o juiz Ricardo Marques Ribeiro, que aplicou
somente o cartão amarelo. Pega leve, Juninho!
Além destes dois lances incomuns, a rodada teve um golaço de Alex
Telles, e o zagueiro Dória dando uma de ator no jogo entre Botafogo e
Grêmio. Nas estatísticas, destaque para os meias de criação, como o
caçado D’Alessandro, que sofreu nove faltas, e Paulo Henrique Ganso,
dono da mesma quantidade de passes errados. Os selos de mico, drible e
erro da rodada você também encontra abaixo!
Aqui, com o vídeo ao lado, é mais fácil explicar o feito de Renan. Após
cruzamento preciso de Sueliton e cabeçada ainda mais certeira de
Wellington Paulista, o goleiro teve muito trabalho para fazer a defesa,
pois teve que avaliar a altura da cabeçada, que quicou no chão, antes de
saltar. De quebra, ainda teve que se recuperar para evitar o gol no
rebote. Gordon Banks deve ter se sentido honrado com a homenagem mesmo
43 anos depois. Menção honrosa não pode deixar de ser feita à defesa de Fábio em chute de Hugo, no jogo Náutico x Cruzeiro, na Arena Pernambuco.
Além de decisivo, uma obra-prima. Só assim para definir o que fez Alex
Telles, fundamental na vitória do Grêmio por 1 a 0 sobre o Botafogo. A
jogada começou com Riveros, que avançou até a linha de fundo pela
esquerda. O volante parou, esperou a movimentação e tocou na medida.
Alex Telles teve liberdade para dominar, contar com o quique da bola, e
soltar uma bomba de trivela, sem nenhum chance para o goleiro Jefferson.
A bola morreu no ângulo. Que beleza!
Qual era a necessidade? É a grande pergunta que deve ser feita a
Juninho Pernambucano. O meia, longe de ser dos mais violentos, cometeu
uma falta desclassificante no meio-campo, num lance que não levava
qualquer perigo à meta vascaína. Quem se deu mal foi o rubro-negro
Paulinho, que levou entrada na perna esquerda e ficou se contorcendo no
chão. O árbitro puniu Juninho com o amarelo. Mas o vermelho estaria
longe de ser exagero.
O ator da rodada vem de um lance que, inicialmente, concorria entre os
de sarrafo. Mas, com um olhar mais atento a outro aspecto da jogada,
entrou neste quesito. Que Kleber, do Grêmio, foi expulso por levantar
demais o pé e acertar Dória, ninguém discute. Mas e a reação do zagueiro
do Botafogo após o lance? Inicialmente, ele cai, aparentemente sentindo
muitas dores. Porém, assim que percebe o cartão vermelho na mão do
juiz, se levanta como se nada tivesse acontecido. Que encenação, Dória!
O erro da rodada é clamoroso e vem do mesmo jogo da defesa do goleiro
Renan. Roni, do Goiás, partiu para cima da marcação pela esquerda e
passou para William Matheus. O lateral percebeu a passagem do
meia-atacante e devolveu. Roni, que devia estar pensando em chutar ou
cruzar para o meio da área, foi derrubado por Serginho, do Criciúma, que
visou apenas às suas pernas. O jogador alviverde, obviamente, caiu. O
juizão interpretou como simulação, prejudicando o Esmeraldino.
Borges passou em branco na goleada do Cruzeiro sobre o lanterna
Náutico. E isso não seria nada alarmante. Quer dizer, não seria se o
camisa 9 não tivesse, além disso, furado uma bola dentro da área de
maneira bisonha. Éverton Ribeiro iniciou a jogada na intermediária,
Borges recebeu, girou para cima da marcação e, na hora de se
consagrar... Que furada! Para piorar, ele ainda caiu no chão. Sorte da
Raposa que, desta vez, não precisou dos gols do artilheiro.
Tudo bem que o Santos perdeu por 3 a 0 para a Portuguesa no Canindé,
mas um lance pode servir de alento aos olhos dos santistas que não
gostaram da atuação do time. O meia Cícero deu um lindo drible em
Bergson na saída de bola, deixando o atacante na saudade. A caneta não
vale gol, muito menos três pontos, mas é digna de selo com toda certeza.
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