Circuito Mundial de Vôlei de Praia - Ju, Larissa, Walsh e May mudam rumo e deixam Mundial 'órfão' da rivalidade

Relembre a trajetória das quatro atletas em torneios deste porte e os dois confrontos das duplas nas decisões de Berlim, em 2005, e Roma, em 2011

Por Helena Rebello Direto de Stare Jablonki, Polônia

 

Ao descer do pódio em Londres com suas respectivas medalhas penduradas no peito, Juliana, Larissa, Kerri Walsh e Misty May-Treanor selaram caminhos distintos em suas vitoriosas carreiras. Protagonistas da maior rivalidade e de alguns dos principais espetáculos do vôlei de praia feminino nos últimos dois ciclos olímpicos, as duplas se desfizeram para que sonhos pessoais, depois de tanto tempo dedicado ao esporte, fossem enfim realizados. E, após uma década se alternando em conquistas nos maiores torneios mundo afora, nenhuma das finalistas do último Mundial (relembre no vídeo acima) estará presente na disputa que começa nesta segunda-feira, em Stare Jablonki, na Polônia.

Do quarteto, apenas Juliana segue em atividade nesta temporada, mas um embate com a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) gerou o corte da santista da delegação verde-amarela, impedindo-a de jogar em competições internacionais e defender o título conquistado em Roma há dois anos. May se aposentou oficialmente, enquanto Larissa e Walsh se afastaram das areias para serem mães - a americana deu à luz a filha Scout em abril e já tem data marcada para voltar à ativa.

- Com certeza a participação das duplas Juliana/Larissa e Walsh /May elevaria o nível técnico feminino da competição, mas elas já não estão participando por motivos pessoais, e outras duplas vão surgindo e evoluindo.  Acredito que é o momento de renovação no vôlei praia feminino e de equilíbrio entre as duplas, até mesmo pelo sistema de seleção. Hoje vejo que ainda nenhum dupla obteve tanto destaque quanto essas duplas citadas acima, mas o Brasil continua entre os melhores times - opinou a campeã olímpica Sandra Pires, hoje comentarista do canal SporTV.

O pódio do Mundial feminino de 2011: Ju e Larissa finalmente derrubam Walsh e Mau (Foto: Divulgação/ FIVB)

 

Em confrontos em Mundiais, duas finais e uma vitória para cada lado

Nos cinco Mundiais de que participaram, Walsh e May formaram dupla. A mais vitoriosa parceria tanto no feminino quanto no masculino desde que a competição passou a ter chancela da Federação Internacional de Vôlei, em 1997, subiu ao lugar mais alto do pódio três vezes seguidas, em 2003, 2005 e 2007. Na estreia, em 2001, quando ainda viam Adriana Behar e Shelda reinar como ícones da modalidade, terminaram a competição em nono lugar. E na última edição, em confronto épico, viram as novas rivais brasileiras conquistarem um título até então inédito em seus currículos.

O bloqueio do título: após salvar championship point,
brasileiras levam título inédito(Foto: Divulgação/FIVB)

 

A estreia de Juliana e Larissa em Mundiais veio antes de a dupla se constituir. Em 2003, a santista jogou com a campeã olímpica Jackie Silva, venceu dois jogos e se despediu nas oitavas de final. Larissa, ao lado da também veterana Ana Richa, triunfou apenas uma vez na fase de grupos e foi eliminada na segunda rodada. Quanto as duas jovens promessas brasileiras uniram forças, alcançaram o topo rapidamente.

Em 2005, as pupilas do técnico Reis Castro chegaram à final em Berlim, na Alemanha. Mas não tiveram forças para derrotar Walsh e May no primeiro confronto entre as duplas em Mundiais. As recém sagradas campeãs olímpicas passaram pelas rivais sem ceder sets, com duplo 21/17. Nas duas edições seguintes não houve duelo entre as duplas. Em 2007, em Gstaad, as brasileiras caíram nas semifinais e levaram o bronze, enquanto as americanas faturaram mais um ouro. Dois anos depois, em Stavenger, as bicampeãs olímpicas não competiram pois Walsh estava dedicada à maternidade, enquanto May se recuperava de uma lesão no tendão de Aquiles esquerdo.

Com o retorno da dupla americana às competições, o Foro Itálico de  Roma recebeu um dos confrontos épicos com Juliana e Larissa. Novamente em uma decisão. Mas, desta vez, com festa verde-amarela. As brasileiras saíram na frente no placar, mas cederam o empate em um set completamente dominado pelas rivais.  No tie-break tiveram o sangue frio dos campeões para salvar um championship point. E, após o bloqueio de Juliana, adicionaram o título inédito à galeria de conquistas:  21/17, 13/21 e 16/14.

Walsh volta às quadras no Grand Slam de Long Beach

Kerri Walsh com a filha Scout: americana volta às
quadras três meses após dar à luz (Foto: Twitter)

 

Enquanto May e Larissa curtem a "vida normal" fora das quadras, Walsh corre contra o tempo para reestrear ainda em julho. Apenas três meses depois de o nascimento da filha caçula, a bloqueadora se divide entre treinos na areia, musculação e aulas de ioga duas vezes por semana para recuperar a antiga forma. Inscrita no Grand Slam de Long Beach,  nos Estados Unidos, ela atuará em casa ao lado de Whitney Pavlik, de 29 anos. Depois, no entanto, jogará ao lado de April  Ross, a quem derrotou na última final olímpica.

- Voltar à forma é um grande desafio, e eu levo minhas responsabilidades muito a sério. Estou retomando meu caminho, mas é um processo. (..) Eu respeito muito April. Ela tem sido uma das principais oponentes por muitos anos. É como a May. Eu tinha muito respeito, mas ela estava do outro lado da rede. Nos juntamos e uma mágica aconteceu. Espero que isso aconteça com a April também.
  
FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/circuito-mundial-de-volei-de-praia/noticia/2013/07/ju-larissa-walsh-e-may-mudam-rumo-e-deixam-mundial-orfao-da-rivalidade.html