Chris Weidman rejeita boatos de lesão no ombro, promete finalização e diz que humildade de Anderson Silva é forma de afastar pressão pela vitória
- Eu sempre admirei o Anderson. Quando comecei minha carreira no esporte, ele era tão bom, que eu dizia: "Se eu for para o MMA eu quero ser tão bom a ponto de vencer esse cara". Eu imaginei esse duelo muitas vezes na minha cabeça. É a realização de um sonho – disse o desafiante em entrevista exclusiva ao Combate.com.
Chris Weidman acredita que, mesmo no Brasil, muitos se cansaram de Anderson Silva (Foto: Getty Images)
Depois da luta, Weidman afirmou que queria enfrentar Anderson, mas acabou sendo deixado na fila de espera pelo Ultimate por não ter vitórias suficientes sobre lutadores tops na divisão.
- Eu acho que provei naquele duelo contra o Mark Muñoz que eu era, ou deveria ser, o desafiante ao título. Fiquei frustrado que ainda assim ele (Anderson) não se interessou em me enfrentar, mas achei por bem deixar isso no passado. As coisas acabaram se desenrolando de uma forma que talvez tenha sido melhor - afirmou.
A tão sonhada chance ao título de campeão dos pesos-médios do UFC finalmente chegou e Weidman enfrenta Anderson Silva no próximo sábado, em Las Vegas, pelo UFC 162. Ao Combate.com, ele fala sobre a preparação para o duelo, os recentes boatos de uma possível lesão e aproveita para dizer porque tanta gente do UFC está torcendo por ele:
- Por mais incrível que o Anderson seja, muita gente não gosta dele, inclusive no Brasil. Tem muita gente que quer que ele perca.
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Confira na íntegra:
Weidman foi premiado 'Revelação do Ano' em 2012
(Foto: Getty Images)
(Foto: Getty Images)
Chris Weidman: Eu me sinto muito bem, feliz em poder voltar ao octógono. Fiz um excelente camp e acho que estou à altura desse desafio.
Na semana passada, surgiram alguns boatos sobre uma possível lesão sua. Está tudo bem com seu ombro?
Pois é… Não sei como isso surgiu e certamente foi de alguém que só queria espalhar boato mesmo e não deve ter ido a nenhum treino meu, porque eu treinei pesado todos os dias, ainda estou em final de preparação aqui em Nova York, só chego em Vegas na segunda-feira à noite. Enfim, não tem nada de verdade nisso. Meu ombro está 100% e eu estou no melhor condicionamento físico da minha carreira.
Como foi a sua preparação para essa luta? Você treinou alguma coisa específica para enfrentar o Anderson?
Sim. Pela primeira vez na minha carreira, eu trouxe alguns caras novos para o camp, tentei mudar algumas coisas, mas o foco mesmo foi o meu treino de chão, o wrestling, que é no que sou bom. O Anderson é um lutador muito completo, ele é muito perigoso, porque ele faz com que você pague por cada erro que você comete dentro do octógono. É como se ele ficasse esperando o primeiro deslize que você der para se aproveitar disso. Vai ser o teste mais duro da minha carreira, mas eu estou preparado para ele.
Todo mundo fala sobre a sua experiência no wrestling, mas você também é faixa marrom em jiu-jítsu. O seu jogo de chão vai ser o diferencial ou podemos esperar alguma surpresa?
Eu estou mesmo focado no jogo de chão porque, antes de ser um lutador de MMA, eu era um wrestler. Mas é claro que eu não me descuidei das outras áreas. Eu sei que o Anderson é bom em tudo, principalmente em pé, mas ele mostrou algumas falhas em lutas passadas, principalmente no chão, e é isso que eu vou tentar explorar.
O Anderson disse em algumas entrevistas que não se importa se vai perder ou ganhar esse duelo, que ele quer mesmo é lutar e dar o seu melhor. O que você achou desse discurso? Acha que faz parte do jogo mental dele?
Acho que ele fala isso para tirar um pouco a pressão de cima dele. Ele tenta ser humilde, modesto fora do octógono, mas eu não sou o tipo de cara que se importa com o que se fala fora da jaula, não caio nesse jogo. Quando você está no topo, a pressão para que você se mantenha lá em cima é muito maior, porque todo mundo está querendo te derrubar, todo mundo quer o seu lugar. Eu acho que a pressão que ele sofre para se manter imbatível é muito maior do que a pressão que eu sofro. Eu sou um desafiante com nove lutas na carreira, ele é um veterano tentando se manter no topo aos 38 anos. E isso pesa muito.
Dana White disse nas últimas semanas que muitos lutadores do UFC acreditam que você vai sair vitorioso desse duelo. Até Georges St-Pierre disse que você vai derrotar o Anderson. Por que você acha que tanta gente está do seu lado?
Eu acho que eu sou um lutador mais novo, com sangue novo e tenho um jogo diferente do que o Anderson está acostumado. Eu não fico muito na defensiva, não ando muito para trás, trago novos elementos e sou muito mais perigoso do que as pessoas imaginam. E, por um outro lado, por incrível que pareça e por mais incrível que o Anderson seja, muita gente não gosta dele, inclusive no Brasil. Tem muita gente que quer que ele perca.
Você disse em algumas entrevistas que toda vez que você fez um treinamento completo na sua carreira, você finalizou a luta. Você vai em busca da finalização?
Sim, sem dúvida. Eu sempre entro na luta buscando a finalização. Eu sei que ele tem uma excelente defesa de quedas, mas o próprio Chael Sonnen provou duas vezes que não é impossível levá-lo ao chão. Eu tenho certeza de que vou conseguir derrubá-lo e, se eu ficar por cima, ele não vai durar cinco rounds. Eu tenho muitos tipos diferentes de finalização, as mais variadas possíveis. Se ele conseguir se defender muito bem de todas elas, eu vou ficar muito surpreso.
Na sua entrevista pré-luta, divulgada pelo UFC, você diz que, no dia 6 de julho, o Anderson Silva vai te respeitar como lutador. Você se sentiu desrespeitado ou subestimado pelo Anderson?
Vamos dizer assim que ele não queria muito essa luta (risos), que ele acha que eu não merecia a chance ao título, mas então quem merecia? Estou invicto há nove lutas e eu acho que provei naquele duelo contra o Mark Muñoz que eu era, ou deveria ser, o desafiante ao título. Fiquei frustrado que, ainda assim, ele não se interessou em me enfrentar, mas achei por bem deixar isso no passado. As coisas acabaram se desenrolando de uma forma que talvez tenha sido melhor. E acho que ele sabe que eu sou uma luta ruim para ele, porque não sou o tipo de cara que ele vai espancar por cinco rounds.
Chris Weidman provou seu valor ao nocautear Mark Muñoz em julho passado (Foto: Getty Images)
É sim… Eu sempre admirei o Anderson. Quando comecei minha carreira no esporte, ele era tão bom, que eu dizia: "Se eu for para o MMA, eu quero ser tão bom a ponto de vencer esse cara". Eu imaginei esse duelo muitas vezes na minha cabeça. É a realização de um sonho, é a minha tão sonhada chance de me tornar campeão.
Conte alguma coisa que a maioria dos fãs brasileiros não sabe…
Essa é difícil. Eu acho que a maioria dos fãs brasileiros não sabe que eu sou bonzinho! (risos). Eles também não sabem que eu adoro açaí, feijão e farofa! Falando sério, eu não sou um homem de muitos segredos! E também não imaginei que teria a recepção que eu tive no Brasil. As pessoas foram muito amigáveis, muito educadas e eu fiquei muito feliz com isso. Espero voltar em breve para aproveitar um pouco mais, mas dessa vez com a minha família.
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