quinta-feira, 14 de março de 2013

Hamilton lidera 'dança das cadeiras' da F-1 em 2013. Veja quem mudou


Em 'efeito dominó' provocado pela aposentadoria de Schumacher, britânico cede vaga a Pérez, que dá lugar a Hulkenberg. Pic também muda de cockpit

Por Alexander Grünwald e Felipe Siqueira São Paulo e Rio de Janeiro

Em qualquer categoria do esporte a motor, as vagas nas grandes equipes são sempre as mais cobiçadas. Na Fórmula 1, evidentemente, não é diferente. Em 2013, duas equipes de grande orçamento e estrutura encabeçam a “dança das cadeiras”, que promete mexer com a relação de forças do grid, chegando à primeira corrida da temporada com mudanças em suas duplas. Aos 23 anos, o promissor mexicano Sergio Pérez deixa a Sauber depois de duas temporadas para assumir uma vaga na McLaren, aberta com a saída de Lewis Hamilton. Após seis anos no time inglês, o campeão de 2008 aceitou a proposta da Mercedes para ocupar o lugar do aposentado Michael Schumacher. Sinônimo de responsabilidade para ambos, que encabeçam a lista de trocas para esta temporada, que tem também alterações nas posições intermediárias, com as mudanças de Nico Hulkenberg e Charles Pic.

Lewis Hamilton - Mercedes (Foto: Getty Images)Lewis Hamilton encara novo desafio na Mercedes (Foto: Getty Images)

Apesar de serem apontados como incógnitas diante de seus novos desafios, Hamilton e Pérez despertam diferentes formas de curiosidade nos fãs. Para o britânico, a aposta em um time que só venceu uma corrida desde seu retorno à categoria, no início de 2010, pode parecer um risco. Especialmente se for levado em conta o retrospecto vitorioso do piloto de 28 anos, que em seis temporadas disputou 110 GPs, venceu 21 e fez 26 poles, faturando o Mundial em 2008. No entanto, Hamilton – que será companheiro do alemão Nico Rosberg – não é o único reforço da Mercedes para 2013: grandes mudanças no staff técnico podem fazer o time alemão enfim integrar o seleto clube das equipes que brigam pelo título. Pressionados pelos acionistas da montadora, os dirigentes do time sabem que esta pode ser a última chance de “decolar”.

- O piloto quer saber de vitória. O Hamilton só vai saber se acertou ou errou daqui a algum tempo. A Mercedes não só pode dar um salto de qualidade, como deve ser a equipe dos próximos anos, pelo investimento pesado feito em pilotos, mas também em engenheiros e projetistas. Até pelo orçamento, é possível apontá-la como a equipe que mais está investindo na Fórmula 1 – aponta Luciano Burti, ex-piloto de F-1, que atualmente concilia a disputa da Stock Car com a função de comentarista da TV Globo.

lewis hamilton mercedes testes Jerez de la frontera (Foto: Agência Getty Images)Apesar dos problemas, a Mercedes foi a mais rápida nos testes (Foto: Agência Getty Images)

Apesar dos problemas mecânicos enfrentados nos primeiros testes, como um princípio de incêndio com Rosberg e uma batida por falha nos freios com Hamilton, o time alemão marcou o melhor tempo dos treinos de pré-temporada em Barcelona. O comentarista do SporTV, Lito Cavalcanti, concorda que uma avaliação realista a respeito da opção de Hamilton ainda requer mais tempo. Para o jornalista, o piloto não tem a obrigação de disputar o título neste ano, justamente por causa do período de reestruturação vivido pela sua nova equipe – que, segundo ele, está na direção contrária do antigo time do inglês.

- Vitórias em condições excepcionalmente favoráveis, como na chuva, podem ocorrer. Título não me parece viável nesta temporada. Não acho que ele vá se arrepender, já que a Mercedes não visa resultados imediatos. E, cá entre nós, a McLaren está desmoronando... – destaca o comentarista.
McLaren aposta em um novato mexicano

De fato, a McLaren vive um incômodo jejum, apesar de se manter firme na disputa por vitórias nos últimos anos. Longe do título de pilotos desde a conquista de Hamilton, em 2008, e do de construtores desde 1998, quando Mika Hakkinen faturou o Mundial, a equipe buscou na juventude e no ímpeto de Sergio Pérez a combinação para triunfar mais uma vez na categoria, já que seguirá com a experiência e a tranquilidade de Jenson Button. Veloz e combativo, o mexicano chegou ao time prometendo brigar pelo título. Porem, os especialistas destacam que a pressão de guiar pela primeira vez por um time de ponta pode afetar seu desempenho.

Lançamento do carro mclaren 2013 jenson button sergio perez (Foto: Agência Reuters)Campeão de 2009, Jenson Button terá o jovem Sergio Pérez ao seu lado em 2013 (Foto: Agência Reuters)

Burti, que quando era um novato na Fórmula 1 foi companheiro de pilotos experientes como Eddie Irvine, Heinz-Herald Frentzen, Jean Alesi e Johnny Herbert, acredita que Jenson Button não terá problemas para exercer o papel de líder da equipe. Dando um voto de confiança à McLaren, ele ressalta que sua opção seria diferente caso tivesse a missão de escolher o substituto de Lewis Hamilton no time.

- A equipe, obviamente, sabe o que está fazendo. Mas a minha escolha, aqui de fora, sem ter todas as informações que eles têm, não seria o Pérez. Escolheria alguém como o Nico Hulkenberg, por exemplo. Mas o Pérez já mostrou potencial, fez boas corridas na Sauber, e a McLaren parece ter um bom carro. Porém, não vejo o mexicano fazendo frente ao Button. Em uma ou outra corrida, até deve conseguir, mas o inglês provavelmente levará vantagem no campeonato – salienta Burti, que correu pelas equipes Jaguar e Prost na F-1.

Nico Hulkenberg passa aperto no cockpit da Sauber (Foto: Divulgação)Calçando 43, Hulkenberg passa aperto no cockpit da Sauber, sua nova equipe (Foto: Divulgação)

Hulkenberg, por sinal, também mudou de equipe em 2013. Seguindo o “efeito dominó” causado pela aposentadoria de Schumacher, o alemão de 25 anos saiu da Force India e tomou a vaga deixada por Pérez na Sauber. Com duas temporadas disputadas na categoria, o retrospecto de Nico também é positivo. Ele marcou uma pole position em seu ano de estreia (2010), quando competiu pela razoável Williams, e liderou 30 das 71 voltas do GP do Brasil que encerrou a temporada 2012, ano em que ele correu pela equipe indiana. Porém, nem tudo se encaixou perfeitamente para ele no novo time: por não caber no cockpit, ele precisou raspar a ponta de sua sapatilha tamanho 43.

Outro que mudou de ares nesta temporada foi o francês Charles Pic. Ele trocou a Marussia, time pelo qual fez seu campeonato de estreia em 2012, pela Caterham, apimentando a “guerra das nanicas”. No entanto, se depender do desempenho do fraco carro da escuderia anglo-malaia, o piloto de 23 anos terá que contar com sorte para chegar à zona de pontuação, algo que o time jamais conseguiu em três temporadas na Fórmula 1.

charles pic caterham testes Jerez de la frontera (Foto: Agência Getty Images)Charles Pic trocou a Marussia pela Caterham  (Foto: Getty Images)

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