segunda-feira, 11 de março de 2013

Do silêncio na preleção ao apoio da família: a história do título de Seedorf



Holandês não desgruda de tablet e telefone celular, atende a torcedores
na chegada ao Engenhão e entra no clima do jogo durante aquecimento

Por Thales Soares Rio de Janeiro

Um dia de campeão não é simples, nem mesmo para quem está mais do que acostumado. Aos 36 anos, Seedorf concentrou-se na noite de sábado com os companheiros de Botafogo na sede de General Severiano, à espera da chance de levantar o seu primeiro troféu, domingo, na final da Taça Guanabara, contra o Vasco, no Engenhão.

Foi apenas o primeiro passo das 24 horas que antecederam o seu primeiro título pelo Alvinegro. Seedorf, mais uma vez, ficou sozinho em seu quarto na concentração. Na maior parte do tempo, verificou e-mails em seu tablet e não desgrudou do inseparável telefone celular.

Seedorf chegada ao Engenhão Botafogo (Foto: Gustavo Rotstein)Seedorf esbanja simpatia na chegada do Botafogo ao Engenhão (Foto: Gustavo Rotstein)

No seu quarto, mensagens dos jogadores do time de juniores, que ficaram com o vice-campeonato da Taça Guanabara no sábado, ajudaram a motivar ainda mais o holandês para a sua primeira decisão pelo Botafogo.
Ainda em General Severiano, ouviu atentamente a preleção do técnico Oswaldo de Oliveira. Desta vez, ficou calado todo o tempo. Normalmente, costuma dar opiniões. No caminho para o ônibus, mais uma vez o tablet e o telefone foram seus companheiros.

Na chegada ao Engenhão, foi o último a descer do ônibus. Como se fosse um jogo comum, parou para atender alguns fãs, posou para fotos e deu autógrafos. No vestiário, começou a entrar no clima do jogo e, no aquecimento, transformou-se: passou a falar todo o tempo, como se estivesse disposto a esquentar o time.

O Seedorf cobra muito da gente, isso é fundamental numa equipe que quer vencer"
Julio Cesar

- O Seedorf cobra muito da gente, e isso é fundamental numa equipe que quer vencer - disse Julio Cesar, em entrevista à Rádio Tupi.

Em campo, esteve extremamente participativo. Mais do que o normal até. Seedorf foi o jogador na decisão que mais sofreu faltas: sete. Empatado com Lodeiro, terminou como maior finalizador, com quatro, e ainda fez seis lançamentos (confira as estatísticas do clássico).

Gestualmente, Seedorf mostrou todo o seu conhecimento de jogo. Em determinados momentos, chegou a pegar jogador pelo braço para colocá-lo em sua posição numa jogada de bola parada. Teve um pequeno entrevero com Carlos Alberto antes de uma cobrança de falta e falou além do seu normal com o árbitro.

Depois de uma sequência de erros de Vitinho, ainda preocupou-se em acalmar o garoto. Como um pai, deu um forte abraço no jovem durante o jogo. No gol de Lucas (assista ao lance no vídeo abaixo), participou com um toque de calcanhar antes do cruzamento de Julio Cesar para Bolívar dar o passe ao lateral. Comemorou com seu sorriso e junto com o grupo.


- Seedorf foi muito importante. Falou que o gol poderia sair no começo ou no fim do jogo, nos deu tranquilidade. Ele e o Oswaldo. Não nos desesperamos e temos que parabenizar os dois, que ajudaram muito a gente - comentou Gabriel.

No fim, festejou com a torcida depois de resolvida a confusão da taça. Rapidamente, deixou o campo e foi para a privacidade do vestiário. Lá recebeu a visita do filho Denzel, de seis anos, enquanto a sua mulher, Luviana, a filha Jusy, de nove anos, e os sogros o aguardavam. Mais uma vez, foi o último a deixar o vestiário, novamente deu autógrafos e fez sua declaração final depois da conquista.

- É só felicidade. Acho que a celebração depois do jogo mostrou a importância para todo mundo, para a torcida, para os jogadores, treinador, o Botafogo, todas as pessoas que trabalham por trás. Deu muito moral. É melhor levantar uma taça, sempre dá uma convicção a mais. Foi muito bom comemorar, vamos comemorar por mais uns dias, mas devemos saber que foi só o começo e teremos muitos outros por vir - disse Seedorf.

Seedorf, Botafogo campeão da Taça Guanabara (Foto: Satiro Sodre/AGIF)Seedorf, em sua volta olímpica solitária, abre os braços para a torcida (Foto: Satiro Sodre/AGIF)


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