O Brasil liderou o ranking mundial de
mortes (comprovadamente) ligadas a futebol em 2012. E começamos bem
2013. Neste momento, há um torcedor do Náutico hospitalizado em estado
grave no Recife, foi baleado por um “torcedor” do Sport no último
sábado, dia em que as equipes sequer se enfrentaram! Ontem, 12
torcedores do Corinthians passaram a noite detidos em Oruro, acusados de
matar um moleque boliviano de 14 anos, que foi ao estádio ontem e não
voltou para casa porque foi atingido em cheio por um rojão.
Não tenho a menor expectativa que o governo
brasileiro, como fez a Inglaterra nos anos 1980, abrace essa questão e
trate do assunto com a gravidade que ele merece, e não apenas com
medidas paliativas e midiáticas dos ministérios públicos estaduais, como
acontece há 20 anos por aqui, fechando e abrindo torcida organizada,
como se isso resolvesse alguma coisa.
Ontem, aconteceu uma mancha irreparável na
história do Corinthians, na história do futebol brasileiro. Porque se é
verdade que o Corinthians é uma torcida que tem um clube, que alguns de
seus episódios mais bonitos estão diretamente ligados a ela, como a
invasão do Maracanã, a invasão de Tóquio, a premissa também tem de ser
verdadeira para falar de uma das páginas mais tristes e hediondas da
vida alvinegra.
Se for comprovado que o rojão partiu mesmo
da torcida corintiana, como neste momento apontam as evidências, o
mínimo, mas o mínimo mesmo, que deveria acontecer é o Corinthians ser
sumariamente eliminado da Libertadores, como aliás prevê o código
disciplinar da Conmebol (desde que o clube boliviano decida denunciar o
brasileiro). Talvez assim estes trogloditas sintam a gravidade do que
fizeram, porque uma vida parece valer pouco para esse tipo de gente.
Talvez assim outros trogloditas fiquem inibidos de fazer isso no próximo
jogo. O que não dá para permitir é que o Corinthians siga jogando a
competição depois do que aconteceu ontem. Era para ser uma festa a
estreia do atual do campeão. Como encarar com naturalidade, agora, que
torcedores do Corinthians (por mais que 98% deles sejam de paz) sigam
viajando pelo continente, sigam entrando em estádios, como se nada
tivesse acontecido?
O clube brasileiro diz que vai fazer o que
estiver ao alcance para ajudar a família do rapaz. Não jogar mais esta
competição em 2013, de luto, ainda que seja uma medida imposta pela
Conmebol, já é bom começo.
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