quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Barcos supera drama pessoal com 'amor ao futebol' e respeito ao Grêmio


Após morte de cunhado, centroavante percorre quatro cidades antes de marcar um gol e participar de outros dois em vitória sobre Fluminense

Por Hector Werlang Rio de Janeiro

Quem ama, respeita. Mesmo em momentos difíceis, como a perda de um familiar. Apesar de não poder estar presente na dor por motivo profissional. Foi assim, com amor ao futebol e respeito ao Grêmio, que Barcos superou o drama pessoal da morte do cunhado, percorreu quatro cidades, entrou em campo, participou dos três gols da goleada sobre o Fluminense e virou protagonista da recuperação tricolor na Libertadores.

Tudo começou no domingo. Às vésperas de atuar contra o Veranópolis, o centroavante foi informado do acidente envolvendo o marido da irmã. Foi a São Paulo, liberado pela direção e pelo técnico Vanderlei Luxemburgo. Perdeu a viagem da delegação, que ganhara no Estadual, na segunda, ao Rio, onde enfrentaria o Fluminense pelo torneio sul-americano, pois precisou estender a viagem a Buenos Aires. Só chegou ao palco da partida na noite anterior, sem treinar por três dias.

Barcos comemora gol do Grêmio contra o Fluminense (Foto: Lucas Uebel / Site Oficial do Grêmio)Barcos agradece aos céus primeiro gol do Grêmio contra o Fluminense (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

- É muito ruim perder um familiar, é algo horrível. Fui lá para ajudar, a ideia era salvar meu cunhado, mas não deu. Prestei solidariedade, ajudei a minha família e conversei muito com a minha esposa. Decidi voltar pois amo o futebol. Meu trabalho é assim, diferente de tudo. Sem falar no respeito ao Grêmio, um clube que fez muito esforço para me contratar. Sabia da importância do jogo, não queria perdê-lo – contou o atleta, que deixou a euforia pela atuação de lado.

Enquanto esteve fora, o argentino manteve contatos telefônicos com o diretor executivo de futebol, Rui Costa. Sempre colocou a vontade de atuar. Fez o mesmo ao se apresentar: disse ao preparador físico Antonio Mello que gostaria de treinar na manhã de quarta, o dia da partida. Ouviu que o repouso era a melhor escolha. Só teve a escalação confirmada após conversa com Luxa.

- Ele se mostrou sempre muito tranquilo, sabedor do que queria fazer. Mandei ao jogo - disse o técnico.

O presidente Fábio Koff deixou clara sua admiração pelo atacante:- Comprovou as informações que buscamos na época da sua contratação. Ele tem uma força psicológica muito grande.

Barcos admitiu, no entanto, que sua decisão de entrar em campo não foi fácil de ser tomada:

- Sou a base da minha família. Tive de ser forte, mas não sei de onde tirei essa força para fazer o que fiz.


Nesta quinta, ele vai à Argentina para acompanhar o enterro, e volta na sexta. Esse comportamento, aliado à boa atuação e ao segundo gol em dois jogos pelo Grêmio, transformam Barcos em referência ao torcedor. É o processo da formação de um ídolo. Basta ver que, no estádio, gremistas se fantasiaram de pirata – apelido do camisa 28. Ele, porém, adotou a cautela:
- Tenho de fazer muita coisa ainda.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/gremio/noticia/2013/02/barcos-supera-drama-pessoal-com-amor-ao-futebol-e-respeito-ao-gremio.html

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