Camisa 1 do Grêmio no ano do adeus ao estádio, jogador de 25 anos também deve ser o primeiro goleiro da Arena: 'Não consigo imaginar'
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Ele tem apenas 25 anos, mas já faz parte da história de um gigante azul de mais de meio século. É bem provável que Marcelo Grohe seja o último goleiro a atuar no Olímpico. E o primeiro a jogar na Arena, nova casa do clube.- Veja a página especial sobre Olímpico
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Essa "sorte" de estar no lugar certo e na hora certa pode ser, na verdade, entendida como uma recompensa pela insistência. Grohe chegou ao Grêmio com apenas 13 anos e é o atleta com mais tempo de clube no atual elenco. Ninguém conhece o Olímpico como o camisa 1.
- Para mim, ainda é uma sensação estranha pensar que tudo isso vai ser demolido. Passei quase metade da minha vida aqui dentro. É uma rotina que vai mudar - pondera, entre a melancolia e a expectativa.
A convite do GLOBOESPORTE.COM, Marcelo Grohe retornou aos lugares mais marcantes de sua vida no Olímpico. Corredores, vestiários, campos e refeitório - tudo leva o goleiro à alguma recordação. Em sua mente, o estádio jamais virará pó.
Grohe observa Olímpico, sua segunda casa desde os 13 anos (Foto: Bruno Junqueira/TXT Assessoria)
- Eu lembro que a gente comprava salgadinhos e refrigerante de dois litros. Tudo isso para esperar a van em frente ao vestiário. Coisa de moleque mesmo.
Encostado no pilar em que esperava o veículo, Marcelo recorda que, naquela época, quando ainda atuava na equipe sub-13, nem sonhava que ganharia a titularidade anos depois, na temporada de despedida do Olímpico. Conviver com os colegas no estádio parecia mais uma diversão do que a profissão que escolheria para a vida inteira.
- Cara! Esse foi meu primeiro vestiário - dispara, ao entrar no local que antigamente o acolhia.
Os anos passaram, e os funcionários que cuidam do espaço mudaram. Marcelo pede licença. Não precisa. Todos o tratam como um amigo de longa data. As atividades nas categorias de base criaram a forte ligação entre o atleta e a casa tricolor.
Grohe se posta no local em que esperava o ônibus
para voltar a sua Campo Bom, próximo à capital(Foto: Bruno Junqueira/TXT Assessoria)
para voltar a sua Campo Bom, próximo à capital(Foto: Bruno Junqueira/TXT Assessoria)
- Eu lembro que a comissão técnica, quando chovia, mandava a gente correr nos espaços cobertos do estádio. Assim, a gente ia na arquibancada, nos corredores. Era um monte de criança correndo por aqui.
Acostumado a viajar de segunda a sábado de Campo Bom a Porto Alegre, Grohe tomou o Olímpico como segunda morada. Nas oportunidades em que os jogos eram marcados para domingo, pernoitava no estádio. O antigo dormitório não abriga mais os atletas das categorias de base do time, mas as recordações continuam.
- Não foram tantas vezes. Mas eu lembro que não queria voltar na sexta-feira para Campo
Bom. Preferia ficar por aqui, porque assim treinávamos no sábado para jogar no domingo.
Fominha, não esquece nem o cardápio
Marcelo passou também pelo time sub-14, juvenil e júnior. A exigência ficou maior, e os treinos foram estendidos para o turno da manhã. Foi quando Grohe se mudou para Porto Alegre, aos 17 anos. Não poderia escolher outro lugar para viver, que não fosse próximo ao Olímpico. Morava a apenas uma quadra de distância, com mais três amigos. Ia a pé para o estádio. Almoçava e jantava com os companheiros. Até mesmo o cardápio do refeitório está na lembrança do jogador.
- Comíamos sempre feijão, arroz, uma carne e salada. Às vezes, tinha massa. Bebíamos suco e tínhamos direito a pegar uma sobremesa. A porção não éramos nós que escolhíamos. Tinha uma 'tia' que servia.
Seu primeiro jogo como profissional foi em 2006, com o técnico Mano Menezes. Em meio a tantas memórias, fica difícil escolher a defesa mais emblemática. Mas Marcelo se esforça.
- Acredito que um dos jogos mais marcantes foi a minha estreia em Gre-Nal. Sobre a defesa, é complicado falar. Mas escolheria uma cabeçada do Fernandão (atual técnico do Inter) neste primeiro clássico (em 1º de abril de 2006, 0 a 0, primeiro jogo da decisão do Estadual). Havia um nervosismo. A defesa foi um alívio - disse, lembrando que o Grêmio venceria o Gauchão ao empatar por 1 a 1 no confronto da volta, no Beira-Rio.
Demolição do Olímpico é assunto até no Coritiba
Desde que assumiu definitivamente a titularidade do gol tricolor em 1º de julho, contra o Atlético-MG, após a venda de Victor para o próprio time de Belo Horizonte, Grohe passou a ouvir inúmeros comentários de amigos e familiares sobre a demolição do estádio, que só deve ocorrer após o mês de março, quando a OAS, construtora responsável pela Arena, receberá o terreno no bairro Azenha.
- Eles me perguntam se tenho a noção de que posso ficar na história do Olímpico. Não consigo imaginar que, futuramente, vou passar por aqui e não enxergar o estádio.
Grohe, em seu antigo vestiário no Olímpico
(Foto: Bruno Junqueira/TXT Assessoria)
(Foto: Bruno Junqueira/TXT Assessoria)
- O Tcheco, que está vendo de fora a situação, está sentindo bastante. Os jogadores do elenco atual estão focados no Campeonato Brasileiro. Mas ele, que está no Coritiba, disse que até mesmo lá se comenta muito sobre o assunto.
Parado no pátio, em frente ao estádio, Marcelo Grohe consegue visualizar a despedida. Imagina torcedores emocionados, como ele, em dezembro. A partida derradeira deve ser o Gre-Nal de encerramento do Brasileirão, em 2 de dezembro.
- Já pensou no último jogo? Vão ter pessoas chorando aqui dentro. Gente que não vai querer deixar o estádio, que vai querer invadir o gramado.
Grohe espera que o futuro na Arena reserve para ele os bons frutos que o ano de despedida do Olímpico está rendendo. Ele já está sofrendo, inclusive, uma pequena pressão. Mas não é por causa do futebol. A mãe e a sogra do jogador querem ir ao primeiro jogo da nova casa.
- Eu disse para elas que, se ganhar ingresso, levo as duas.
Marcelo Grohe completaria 13 anos de Olímpico em março de 2013. Isso não será possível. Mas os corredores e o gramado da Arena, ainda em construção, já esperam pelo camisa 1.
Grohe observa o alojamento da base (Foto: Bruno Junqueira/TXT Assessoria)
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