Seleção vira o jogo após ficar 11 pontos atrás, mas leva cesta incrível nos últimos segundos e tomba pela primeira vez nas Olimpíadas de Londres
Um segundo. Algo por aí. É mais ou menos o tempo que a bola leva da mão
do arremessador até o aro. Tempo mais do que suficiente para virar do
avesso as duas horas que vieram antes. Para tornar inútil uma reação
heroica. Para transformar em gênio quem mal tinha aparecido. Vitaliy
Fridzon, ou apenas Fri, é um russo de 26 anos e 1,95m que ainda não
tinha feito nenhum arremesso de três nesta quinta-feira. Recebeu a bola
quando faltavam menos de seis segundos para o relógio estourar. Levou um
carrinho do marcador, desses que a gente vê no futebol. Desequilibrou-se. Jogou a bola para o alto. E cravou uma estaca naquela
que seria a vitória mais contundente do basquete brasileiro até agora em
Londres. Não foi. A reação esbarrou no tiro espírita de Fri. Rússia 75 a
74. Primeiro tombo verde-amarelo nos Jogos.
Após duas vitórias apertadas contra seleções médias, o Brasil encarou
nesta quinta o seu primeiro cachorro grande nas Olimpíadas. Latiu alto
no primeiro período, encoleirou-se no segundo, rosnou em bom português
no terceiro e parecia destinado a um merecido filé mignon no quarto. Uma
bandeja de Marcelinho Huertas a seis segundos do fim rascunhou o
triunfo. Mas a bola caiu nas mãos de Fridzon. E de lá foi direto para a
redinha, apesar de Leandrinho ter praticamente se jogado em suas pernas.
- Ainda fiz falta, mas àquela altura, com o jogo daquele jeito, o árbitro não apitaria. Nem foi um arremesso, ele jogou a bola para cima. Quando acabou, fui cumprimentá-lo, apertei a mão dele, e ele disse que foi "luck" (sorte). É o lance da vida dele, nunca mais vai fazer de novo. Perdemos, mas não vamos baixar a cabeça - afirmou Leandrinho, um dos pilares da reação do Brasil, que chegou a ficar 11 pontos atrás.
O ala-armador foi o cestinha brasileiro com 16 pontos. No arremesso de
Fri, escorregou e acabou dando um carrinho no rival. Larry Taylor, com
12 pontos, também foi fundamental na reação no quarto período. O maior
pontuador russo foi Andrei Kirilenko, que fez 14 dos seus 19 pontos no
segundo quarto, quando a Rússia tomou a dianteira no placar.
Com duas vitórias e uma derrota, a equipe de Rubén Magnano tem seu próximo desafio no sábado, às 12h15m (de Brasília), contra os chineses. É o penúltimo jogo da fase de classificação, que termina no duelo com a Espanha, na segunda-feira, às 16h. Garantido nas quartas de final, o Brasil está perto de avançar na terceira colocação, o que pode colocar a França no caminho, mas ainda luta por uma vaga mais acima.
Com um chute de três de Alex, o Brasil pulou na frente no primeiro quarto. O ala se encarregava de marcar Kirilenko, o principal jogador russo, que atravessou zerado o primeiro período. A vantagem chegou a ser de 14 a 9, e os europeus colaram. Mas não viraram. Com seis pontos de Splitter, a equipe verde-amarela (em dia de uniforme branco) fechou a primeira parcial em 20 a 15.
Kirilenko começou a segunda parcial sem Alex no cangote. Com Varejão na
marcação, acertou duas cestas de três. Na terceira, o brasileiro deu o
bote, e o russo cortou para fazer a bandeja. A diferença, que era de
cinco para um lado, passou a ser de cinco para o outro. Anderson deu
lugar a Giovannoni, mas Kirilenko continuou pegando fogo e chegou aos 14
pontos. Foi o bastante para a Rússia tomar o controle do jogo. Na saída
para o intervalo, a vantagem era de 40 a 32.
Com as mãos calibradas, os russos mantiveram a diferença no início do terceiro quarto, enquanto o Brasil penava para colocar a bola na cesta. Sem se entregar, a seleção se escorou nos pontos de Leandrinho e ao menos não deixou o rival disparar. Foi para o último período perdendo por 59 a 53.
Magnano optou por deixar Larry Taylor em quadra no início do quarto
final, e foi o americano que cortou a diferença para dois pontos com um
lindo arremesso seguido de falta. Leandrinho igualou tudo após deixar um
rival quase caído. Com dois lances livres de Nenê a 3m40s do fim, veio a
virada. A torcida sentia o clima e empurrava o time cada vez mais.
Leandrinho ouviu. Com um drible desconcertante e uma bandeja, a vantagem
pulou para cinco.
Larry justificava o novíssimo passaporte e comandava as ações, tanto que o técnico manteve Huertas no banco. O americano continuou partindo para dentro, mas errou dois lances livres que não podia errar com um minuto no relógio. Foi para o banco e, de lá, viu a Rússia também errar dois tiros livres. Huertas entrou para segurar a onda nos últimos segundos, mas andou com a bola na primeira posse, em decisão polêmica da arbitragem. Drama na Arena. Vencendo por três pontos, Magnano gritava desesperado à beira da quadra. Alexey Shved não ouviu e acertou um tiro espetacular de três para empatar tudo com 26 segundos no relógio.
Huertas bateu bola, gastou tempo, partiu para dentro e, com a mão direita, fez a bandeja a 6s2 do fim. A vitória era palpável, parecia questão de tempo. O problema é que, no basquete, o tempo pode ser vilão. Com três faltas, o Brsail ainda podia fazer mais uma sem ceder lances livres. Não deu. Fridzon recebeu a bola na lateral e armou o chute. Mesmo marcado e desequilibrado, com Leandrinho escorregando e se jogando à sua frente, soltou o tiro de misericórdia. Bola certeira que caiu como balde de água fria na cabeça dos brasileiros. Derrota doída para quem, por pouco, não latiu mais alto.
O russo Fridzon na hora o arremesso redentor, com Leandrinho aos seus pés (Foto: Reuters)
- Ainda fiz falta, mas àquela altura, com o jogo daquele jeito, o árbitro não apitaria. Nem foi um arremesso, ele jogou a bola para cima. Quando acabou, fui cumprimentá-lo, apertei a mão dele, e ele disse que foi "luck" (sorte). É o lance da vida dele, nunca mais vai fazer de novo. Perdemos, mas não vamos baixar a cabeça - afirmou Leandrinho, um dos pilares da reação do Brasil, que chegou a ficar 11 pontos atrás.
Kirilenko e Varejão duelam (Foto: Agência Reuters)
Com duas vitórias e uma derrota, a equipe de Rubén Magnano tem seu próximo desafio no sábado, às 12h15m (de Brasília), contra os chineses. É o penúltimo jogo da fase de classificação, que termina no duelo com a Espanha, na segunda-feira, às 16h. Garantido nas quartas de final, o Brasil está perto de avançar na terceira colocação, o que pode colocar a França no caminho, mas ainda luta por uma vaga mais acima.
Com um chute de três de Alex, o Brasil pulou na frente no primeiro quarto. O ala se encarregava de marcar Kirilenko, o principal jogador russo, que atravessou zerado o primeiro período. A vantagem chegou a ser de 14 a 9, e os europeus colaram. Mas não viraram. Com seis pontos de Splitter, a equipe verde-amarela (em dia de uniforme branco) fechou a primeira parcial em 20 a 15.
Quem fica com a bola? Desde o início, Brasil e Rússia fizeram um jogo disputado (Foto: Agência AFP)
Com as mãos calibradas, os russos mantiveram a diferença no início do terceiro quarto, enquanto o Brasil penava para colocar a bola na cesta. Sem se entregar, a seleção se escorou nos pontos de Leandrinho e ao menos não deixou o rival disparar. Foi para o último período perdendo por 59 a 53.
Magnano deixou Huertas no banco no 4º período e
deu chance a Larry Taylor (Foto: Agência Reuters)
deu chance a Larry Taylor (Foto: Agência Reuters)
Larry justificava o novíssimo passaporte e comandava as ações, tanto que o técnico manteve Huertas no banco. O americano continuou partindo para dentro, mas errou dois lances livres que não podia errar com um minuto no relógio. Foi para o banco e, de lá, viu a Rússia também errar dois tiros livres. Huertas entrou para segurar a onda nos últimos segundos, mas andou com a bola na primeira posse, em decisão polêmica da arbitragem. Drama na Arena. Vencendo por três pontos, Magnano gritava desesperado à beira da quadra. Alexey Shved não ouviu e acertou um tiro espetacular de três para empatar tudo com 26 segundos no relógio.
Huertas bateu bola, gastou tempo, partiu para dentro e, com a mão direita, fez a bandeja a 6s2 do fim. A vitória era palpável, parecia questão de tempo. O problema é que, no basquete, o tempo pode ser vilão. Com três faltas, o Brsail ainda podia fazer mais uma sem ceder lances livres. Não deu. Fridzon recebeu a bola na lateral e armou o chute. Mesmo marcado e desequilibrado, com Leandrinho escorregando e se jogando à sua frente, soltou o tiro de misericórdia. Bola certeira que caiu como balde de água fria na cabeça dos brasileiros. Derrota doída para quem, por pouco, não latiu mais alto.
Festa russa no fim do jogo: primeira derrota do Brasil nas Olimpíadas de Londres (Foto: Reuters)
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