Faixa azul de jiu-jítsu, herdeira abandonou faculdade de Educação Física e ideia de ser profissional. Escritora lançará livro com poesias feitas desde 2007
Aos 19 anos, Barbara deu a reviravolta que lhe permitiu entrar no mundo das artes. A carioca, além de praticar o jiu-jítsu, era aluna de Educação Física. Porém, ela viu que faltava algo para ser a atleta campeã que sonhara um dia e abandonou o curso.
- É complexo dizer que teve escolha, quando foi tudo muito natural. Meu avô conseguiu implantar a filosofia dele (de eficiência, paciência e controle), mas atualmente, por conta da massificação, está tudo superficial. Eu sentia falta desses interlocutores e via todo mundo voltado só em treinar e treinar. Aos poucos, fui vendo que ser atleta não era a minha. Eu treino por esporte, sem ter cobrança. Na adolescência eu queria ser algo parecido, mas isso ficou mais distante dentro dos acontecimentos – contou.
Barbara Gracie se divide entre o tatame e os cadernos de poesia (Foto: Thiago Correia / Globoesporte.com)
- Minha família sempre me deu apoio. Eu respiro arte desde pequena. No momento que o tempo foi passando, as coisas foram ficando mais intensas. Meu padrinho é artista plástico e ele diz que a arte nasce com a pessoa. Acho que são pequenas características que sempre tive que me fazem ter o sucesso que tenho hoje com a arte. Estou feliz com o que estou fazendo – ressaltou.
O misto de emoções que Barbara viveu acaba se transferindo para a poesia. A carioca escreve sobre qualquer assunto, mas gosta de focar em elementos de mitologia e falar sobre crianças e infantilidade. Ela recita seus poemas às terças-feiras no Corujão da Poesia, em Botafogo, no Rio de Janeiro.
- A poesia está na vida e é um olhar das coisas. Não busco excelência na escrita, é algo espontâneo, como Clarice Lispector. Falo do meu momento, do que estou sentindo e sempre escrevo para alguém. É uma necessidade de falar. Ligo o som alto, ponho o fone no ouvido e saio escrevendo, porque senão perco uns quatro poemas.
Barbara lançará no final do ano seu primeiro livro. Intitulado “Pequenos muros de Berlim”, a obra é fruto de trabalhos escritos em três pequenos cadernos durante cinco anos escrevendo.
Poesia no jiu-jítsu
Em sua definição, o termo jiu-jítsu quer dizer arte suave. Longe da ideia de que a modalidade é uma briga, Barbara vê similaridades entre o esporte e a poesia. Segundo ela, muito do seu estilo de lutar pode ser visto na escrita e vice-versa.
Barbara Gracie lançará livro de poesias escritas
desde 2007 (Foto: Thiago Correia/Globoesporte.com)
desde 2007 (Foto: Thiago Correia/Globoesporte.com)
Além disso, o jiu-jítsu causa na poetisa um sentimento de superação. Adotando com afinco a filosofia do avô de ser eficiente, Barbara busca a todo custo vencer o adversário, mesmo não estando na melhor condição física.
- O jiu-jítsu me inspira por me provocar uma certa necessidade de vencer a mim mesma. Sempre tive que lutar com pessoas mais fortes e mais treinadas que eu. É difícil eu treinar todo dia, porque não é meu foco.
Mesmo assim, ela é bastante competitiva quando coloca o quimono. Apesar de não ser atleta profissional, a carioca almeja voos altos no tatame. Há seis anos, Barbara recebeu das mãos do irmão Roger a faixa azul, após passar sete meses treinando com ele em Londres. Para subir na hierarquia da modalidade, ela julga essencial a aprovação fraterna.
- Eu gostaria, quando receber a faixa roxa, que ele me desse uma avaliada e aí sim permitir que a academia me desse. Eu confio no julgamento dele. Sou muito exigente e também não quero ser menos do que posso ser.
Porém, Barbara sabe que subir de faixa é uma responsabilidade grande para quem é membro da família Gracie. Após tanto tempo com a azul na cintura, o desejo é que a cor mude no futuro, com esforço e edicação.
Barbara Gracie com quimono e cadernos de poesia na academia (Foto: Thiago Correia/Globoesporte.com)
Sonho no teatro
Levando a sério o trabalho de escritora, Barbara não deixa de lado a vontade de ser atriz. A carioca pensa em levar à frente a ideia de atuar em palco. Como demonstra em sua poesia, ela não rejeita possibilidades.
- O teatro sempre foi minha maior paixão. Apesar de fazer poesia, acho que ela é mais uma necessidade, porque nem sempre a gente gosta do que escreve. Com o teatro não, sempre gosto de fazer. É uma redescoberta eterna no palco – finalizou.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/lutas/noticia/2012/06/neta-de-carlos-gracie-barbara-descarta-vida-de-lutadora-e-vira-poetisa.html
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