quinta-feira, 7 de abril de 2011

Mineirinha, Juciely vira o holofote para campeãs olímpicas do Rio de Janeiro

Com quarto bloqueio mais eficiente da competição, central prefere discrição

Por Helena Rebello Rio de Janeiro

Ganhar destaque em meio a várias campeãs olímpicas não é tarefa fácil. Mas também não é o objetivo de Juciely. Única titular do Rio de Janeiro que nunca defendeu a seleção brasileira principal, a central prefere trabalhar com discrição e deixar os holofotes para as colegas mais famosas. Mas os pontos de ataque e, sobretudo de bloqueio, mostram que a jogadora, mesmo em meio a tantas estrelas, também tem luz própria.
Juciely comemora ponto na partida de vôlei (Foto: Alexandre Arruda / CBV)Juciely comemora ponto diante do Osasco 'no cantinho' dela (Foto: Alexandre Arruda / CBV)

Contratada para a vaga de Fabiana no meio do ano passado, Juciely foge do rótulo de substituta. Segunda maior pontuadora da equipe com 232 pontos nesta edição da Superliga Feminina, atrás apenas de Sheila, a mineira de 30 anos diz que é apenas mais uma peça tabuleiro. Nesta sexta, às 18h45m, ela enfrenta o Pinheiros, na abertura da semifinal, com transmissão ao vivo do SporTV.
vôlei juciely fabi rio de janeiro   (Foto: Maurício Val/VIPCOMM)Juciely com Fabi (Foto: Maurício Val/VIPCOMM)

- Admiro muito a Fabiana. Acho ela uma figura extraordinária profissionalmente. Não vim para substituí-la, mas sim pra mostrar o meu trabalho. Vim para somar, ajudar com o que eu tenho. Estar trabalhando com os melhores é a coisa mais importante. Sempre fui na minha e prefiro que os holofotes fiquem voltadas para elas, que são campeãs olímpicas (Sheila, Mari, Valeskinha e Fabi). O mineiro é um pouco mais quieto. Fui educada desta maneira. Sou assim há muito tempo e é difícil mudar. Jogo com empolgação, mas na minha, no meu cantinho.
Dona do quarto bloqueio mais eficiente da competição, Juciely já marcou 76 pontos no fundamento. Considerada baixa para uma central, com “apenas” 1,84m, a jogadora conta que ela e Valeskinha, de 1,80m, compensam a falta de altura com muito suor nos treinamentos sobre o comando de Bernardinho.
- Esse é um dos pontos em que ele mais bate na tecla. Ele dá uma ênfase muito grande, já que não temos a altura que as centrais dos outros times têm. Temos que compensar com muito trabalho nos treinamentos,desenvolvendo a velocidade.
Única casada entre as 16 atletas do elenco, a meio de rede conta com o apoio do marido Antônio. Os dois sonham com o dia em que a atleta terá uma chance na seleção principal, mas Juciely evita pensar a respeito.
- Se a oportunidade vier, será bem vinda. Sei que ainda tenho uma longa caminhada, e o foco não é esse no momento. O foco é chegar na final, ser campeã da Superliga.
Sim, senhor!
Juciely militar vôlei (Foto: Divulgação)Com a farda, a jogadora do Rio de Janeiro assume
o posto de sargento (Foto: Divulgação)

Apesar de nunca ter vestido a camisa da seleção brasileira principal, Juciely defende o país, desde o ano passado, em competições militares. E desafio de virar sargento já rendeu frutos: em 2010, a jogadora participou da conquista do Campeonato Mundial Militar da Carolina do Norte, nos EUA.
- Fabiana me ligou e falou da oportunidade. Ela achava que eu me encaixava no perfil, e através dela consegui me inscrever. É bem diferente a formação militar. Passamos por treinamento e enfrentamos as dificuldades de fazer o estágio. É muito rígido. Mas como já temos aquela disciplina, facilitou um pouco.
A central revelou ainda uma brincadeira em alusão ao estilo rígido e perfeccionista do técnico Bernardinho.
- Eu costumo dizer que ele é o general. O Bernardinho cobra se sabe que podemos dar mais, mas fora dali é um paizão, sempre preocupado de saber se estamos bem.
juciley vôlei (Foto: Divulgação)Equipe feminina vencedora do Campeonato Mundial Militar na Carolina do Norte, EUA (Foto: Divulgação)

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