quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Quatro ano depois, chinesas invertem posições, e Ning Ding conquista o ouro



OLIMPÍADAS RIO 2016


TÊNIS DE MESA


Na reedição da final do tênis de mesa de Londres 2012, mesatenista desaba em lágrimas ao vencer a compatriota Li Xiaoxia, que anuncia aposentadoria da seleção




Por
Rio de Janeiro



Ning Ding vence Li Xiaoxia e fatura o ouro (Foto: Alkis Konstantinidis/Reuters)Ning Ding vence Li Xiaoxia: China faturou
ouro e prata (Foto:Alkis Konstantinidis/Reuters)


Duas chinesas, ralis incríveis, ouro em disputa... Tudo era importante, mas a atenção à final olímpica do tênis de mesa feminino estava em um único ponto: o saque de Ning Ding. Há quatro anos, ela fora derrotada por Li Xiaoxia, a mesma adversária da noite desta quarta-feira, no Riocentro, palco na Rio 2016, da reedição da decisão de Londres 2012. O movimento é singular: ela se agacha, de frente para a mesa, ao contrário da usual posição em diagonal, e, ao bater na bola, tenta um efeito único.

Acontece que a árbitra da partida em solo inglês, a italiana Paola Bongelli, o considerou irregular. Penalizou a atleta com a perda de três pontos, impossibilitando-a de repeti-lo. A desconcentrou a ponto de fazê-la chorar. Não deu outra. Ela perdeu, ficou com a prata. No Brasil, o saque, ação na qual a bola deve estar à vista do rival e deve ser alçada a, no mínimo, 16cm de altura, não foi problema. Ela usou e ainda jogou melhor, em uma grande final: venceu por 4 sets a 3, parciais de 11/9, 5/11, 14/12, 9/11, 8/11, 11/7 e 11/7. O bronze ficou com a surpreendente Song Kim I, da Coreia do Norte.  

 


Li Xiaoxia, Ning Ding e Kim Song I no pódio (Foto: Alkis Konstantinidis/Reuters)
Li Xiaoxia, Ning Ding e Kim Song I no pódio 
(Foto: Alkis Konstantinidis/Reuters)


A final, que levou bom público ao Pavilhão 3, foi o capítulo mais recente da superioridade chinesa na modalidade. Se o país só deixou de ganhar quatro dos 28 ouros da história olímpica nos dois gêneros, no feminino, é soberano. Levou para casa todos os sete. E só deixou escapar duas pratas e quatro bronzes.  

- Eu simplesmente tentei esquecer aquele triste episódio. A experiência de Londres me fez mais forte, a querer desafiar a mim mesma. Acredito que as duas jogadores tiveram de dar o máximo. Jogamos sete sets. Foi desgastante. Ao final da partida, me senti muito leve. Foi por isso que chorei - comentou Ning Ding.

Li Xiaoxia chegou à final sem perder um único set. Ning Ding foi superada em um. Na manhã desta quarta, na semifinal, eliminaram, respectivamente, a japonesa Ai Fukuhara e a norte-coreana Song Kim I. Esperava-se que, especialmente, Ai pudesse fazer um confronto equilibrado. Não ocorreu. O duelo caseiro, sim.   

  - Primeiro, quero parabenizar a Ning. Depois, gostaria de dizer que me esforcei ao máximo, portanto, não tenho arrependimento. Eu estou muito feliz pela prata. Na última Olimpíada, eu ganhei o ouro. A minha idade está aí. Não tenho como voltar no tempo. No começo do ano, cheguei a dizer que iria me aposentar da seleção. Mas, por algumas razões, entre as quais, a necessidade de servir ao meu país, mudei. Depois dessa edição, acredito que vou me aposentar. Meu corpo, talvez, não suporte competir em alto nível. Meu trabalho foi e está feito - acrescentou Li, que teve três internações por pneumonia em 2015.
surpresa no bronze

Song Kim I abraça sua treinadora após levar medalha de bronze (Foto: Lucy Nicholson/Reuters)
É muita emoção: Song Kim I abraça treinador 
ao comemorar a vitória na decisão do bronze 
(Foto: Lucy Nicholson/Reuters)


Song Kim I, da Coreia do Norte, não estava entre as cotadas a ganhar medalha na Rio 2016. Talvez por isso, na entrevista coletiva após superar a japonesa Ai Fukuhara, a oitava no ranking mundial por 4 sets a 1 (11/7, 11/7, 11/5, 12/14 e 11/5), estivesse acanhada. A ponto de um dos membros da delegação norte-acoreana fazer sinal para mudar a postura: deixar de lado o olhar para baixo e adotar uma postura ereta, de cabeça para cima.

- Eu treinei muito forte para estar aqui. Eu estou muito feliz pelo resultado. Eu falei com a minha família já, por telefone. Foi legal. Quero agradecer ao público que me apoiou, agradeço o apoio do povo brasileiro - disse Song Kim I, que chorou durante a comemoração, ainda na área de competição, ao abraçar o seu treinador.

Realmente, a torcida adotou a atual 50 do mundo. Torceu a ela, que já havia eliminado Mengyu Yu, de Cingapura, Szu-Yu, de Taipei, e a japonesa Kasumi Ishikawa. Na semifinal, perdera a Ning Ding, que seria medalhista de ouro. Perdeu apenas para as chinesas, as melhores do mundo.


FONTE:

Nenhum comentário: