terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Homenageado no Rio, Guga ainda sofre para voltar a jogar por diversão


Ex-tenista ainda enfrenta problema no quadril: "A quadra de tênis é um certo dilema para resolver", afirma o ídolo, que também pede maior valorização de Bellucci




Por
Rio de Janeiro




O problema crônico no quadril acompanhou boa parte do fim da carreira de Gustavo Kuerten. Foi ele que encurtou a carreira do brasileiro que, aos 31 anos, decidiu se aposentar em 2008, sem condições de lutar contra os limites físicos de seu corpo. Hoje, quase oito anos depois, Guga ainda continua lutando contra as dores e trabalha diariamente para voltar às quadras. Não profissionalmente, é claro. Mas, ao menos poder jogar tênis de uma forma em que se sinta bem, é um objetivo para o ex-número 1 do mundo.

Gustavo Kuerten coletiva de imprensa Rio Open (Foto: Bruno Lorenzo/Fotojump)
Gustavo Kuerten em coletiva de imprensa no Aberto 
do Rio (Foto: Bruno Lorenzo/Fotojump)


- Está muito difícil para mim. Eu investi bastante na fisioterapia e tenho descansado só no domingo. Ainda lembro daquela imagem do Larri pegando no meu pé (risos). Eu sou dependente desse tipo de atividade para poder surfar, jogar um beach tennis, bater uma bola na quadra, mas meu parâmetro de avaliação, de expectativa na quadra, ainda é muito grande. Ainda estou esperando uma condição mais favorável para me sentir mais solto dentro da quadra. A quadra de tênis ainda é um certo dilema para tentar resolver e encontrar a medida certa. Se eu continuar investindo, todos os dias, são pelo menos duas horas todos os dias de alguma atividade para ir para quadra e poder me divertir - disse Guga.
As Olimpíadas vão demonstrar para gente que os maiores esportistas do universo vão vir para cá e vão sair derrotados
Gustavo Kuerten

 Apesar dos problemas e de ter tido a carreira interrompida, Guga deixou um forte legado para o tênis nacional e mundial. Até por isso, as homenagens são constantes e, como não poderia deixar de ser, o Aberto do Rio prestou mais uma reverência: a quadra central, a partir desta edição, se chamará "Quadra Gustavo Kuerten", deixando o nome do ídolo eternizado no maior torneio do país.
Lisonjeado, ele agradeceu, mas pediu uma maior valorização de outros jogadores, como Thomaz Bellucci, já que a espera é sempre por "um novo Guga".

- Eles tavam sentindo minha vontade de entrar para jogar, que agora já estou em quadra desde a primeira bola até a última (risos). Foi uma enorme satisfação. São algumas consequências que fogem de um cenário de imaginário de qualquer pessoa, mesmo quando tinha ganho um Grand Slam. É legal para mim, para toda a família. Trouxe minha mãe depois de três anos, consegui trazer ela aqui. Mas é reconstruir, recontar a história do tênis brasileiro. É um grande evento, valorizando as pessoas que querem contribuir com o tênis. O Marcelo número 1 do mundo, agora um Grand Slam (do Bruno Soares). Isso às vezes passa meio despercebido. E aí a gente fica menos refém de ganhar ou perder, de ter um novo Guga, uma nova Maria Esther. O Bellucci está aí, há cinco anos pelo menos, 20, 30, 40 do mundo... tirando um ano que ele não esteve bem. Muito difícil fazer isso. É pouquíssimo o valor que ele recebe pelas façanhas porque o comparativo está sempre lá em cima.

Gustavo Kuerten coletiva de imprensa Rio Open (Foto: Bruno Lorenzo/Fotojump)Guga pediu que brasileiros deem mais apoio aos jogadores do país (Foto: Bruno Lorenzo/Fotojump)


Como não poderia deixar de ser, Guga falou novamente sobre "Olimpíadas". Ele lembrou que a última vez em que o Brasil chegou com tanta chance de vencer uma medalha nos Jogos foi com ele mesmo, em 2000. Pelo momento de Bruno Soares e Marcelo Melo, ele acredita que há sim grandes possibilidades, mas pediu que todo o trabalho não seja desvalorizado em caso de um insucesso no Rio de Janeiro.

- A possibilidade (de medalha) é claríssima. Nosso papel é ir além dessa dependência da medalha. Pode acontecer de perderem logo no início. A dupla é muito acirrada nas Olimpíadas. Eu acho que desde 2000, quando era número 2 em Sydney, é a nossa melhor chance, que seria inédito de tênis. Acho que é blindar um pouco esse acúmulo de tensão. Os meninos jogam bem na Copa Davis, gostam de envolver a torcida, para que esse estímulo seja favorável. Mas as Olimpíadas vão demonstrar pra gente que os maiores esportistas do universo vão vir para cá e vão sair derrotados - comentou.

A homenagem a Gustavo Kuerten aconteceria na quadra central ainda nesta segunda-feira, após a partida entre Thomaz Bellucci e Alexandr Dolgopolov. No entanto, com a forte chuva que castigou o Rio de Janeiro nesta tarde, a cerimônia foi adiada para terça-feira em horário ainda não definido pela organização.


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/tenis/noticia/2016/02/homenageado-no-rio-guga-espera-voltar-quadras-ainda-e-um-dilema.html

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