Após os times entrarem com narizes de palhaço em protesto contra a CBV, equipe paulista brilha nos momentos decisivos e Raposa sofre primeiro revés na temporada
O vôlei brasileiro enfrenta uma grande crise nos bastidores após a identificação de irregularidades em contratos milionários da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Por conta disso, os jogadores de Cruzeiro e Sesi-SP protestaram usando narizes de palhaço antes do clássico da noite deste sábado, pela Superliga masculina. Porém, para sorte dos fãs, ao menos dentro de quadra, a modalidade segue tendo motivos para comemorar. Não é em qualquer lugar do mundo que se vê em uma liga nacional de clubes um jogo de alto nível como a bela vitória do time paulista por 3 sets a 2, com parciais de 25/22, 23/25, 22/25, 28/26 e 15/9, no ginásio da Vila Leopoldina, em São Paulo, pela 11ª e última rodada do primeiro turno da Superliga masculina 2014/2015. O triunfo na reedição da final da última temporada - vencida pelos cruzeirenses - fez o Sesi-SP acabar com a invencibilidade do grande rival e líder da competição, agora com dez vitórias em 11 partidas. Em ascensão na tabela, a equipe de Lucão e Lucarelli manteve a quinta colocação, mas ganhou força para brigar pelo topo.
- Foi um baita jogo e contra o Cruzeiro é impossível não ser assim, sempre é complicado, muito difícil. Eles conseguem sempre manter um nível de jogo muito bom, mas nós conseguimos nivelar a partida por cima. Nós jogamos muito bem e sacamos com agressividade para vencer esse grande jogo. Nosso time funcionou direito - disse Lucarelli.
O ponteiro Maurício passa na marra pelo
bloqueio triplo de sua ex-equipe
(Foto: Hélio Nagamine / Fiesp)
Com grande atuação, o oposto Rafael, do Sesi-SP, foi eleito o melhor em quadra. Ele foi o maior pontuador da partida, com 19 pontos, ao lado do ponteiro cubano Leal, do clube mineiro. O Cruzeiro abre o segundo turno contra o São José dos Campos, na próxima quarta-feira, às 20h, em Contagem (MG). No mesmo dia, o Sesi-SP recebe o Montes Claros, em São Paulo.
Os jogadores dos dois times começaram a partida transformando o sentimento de indignação com o escândalo na CBV em uma enorme energia. O que viu foram saques forçados, pancadas dos dois lados e jogadas com alto grau de intensidade. Mais eficiente, o Sesi-SP ficou sempre na dianteira ao longo do primeiro set. O entrosado Cruzeiro não deixava o rival abrir muita vantagem no marcador, principalmente por conta das poderosas investidas de Wallace e do cubano Leal. Mas a defesa dos mandantes, com destaque para o líbero Serginho, estava em uma bela jornada e foi fundamental para que o primeiro set tivesse vitória do Sesi-SP por 25/22.
A intensidade continuou no segundo set. Cravar a bola na quadra adversária era buscado com esforço e entrega pelos jogadores de vermelho e de azul. Era um jogo de alto nível no ginásio da Vila Leopoldina. A bola caminhava em alta velocidade, seja nos levantamentos precisos dos experientes Marcelinho, do Sesi-SP, e William, do Cruzeiro, ou nas cortadas certeiras de tantos respeitados valores do vôlei brasileiro, como Lucarelli, Lucão e Éder.
Quem também aparecia muito bem era oposto Rafael, do Sesi-SP, em inspirada jornada. Quando estava 22/21 para o time paulistano, o cubano Leal, do Cruzeiro, se irritou com uma marcação, derrubou a proteção que envolve a cadeira do árbitro e acabou sendo excluído do set, dando um ponto de graça para o adversário. Porém, o lance fez os cruzeirenses ficarem ainda mais inflamados. E isso foi fundamental para que os atuais campeões virassem o set e levassem a melhor por 25/23, empatando a partida.
Na briga dos centrais, Lucão encara o bloqueio
de Éder (Foto: Hélio Nagamine / Fiesp)
Ninguém queria perder de jeito nenhum. A rivalidade entre Sesi-SP e Cruzeiro não deixava os times relaxarem. Era preciso estar ligado o tempo inteiro para defender difíceis petardos que vinham de ambos os lados. Quem comemorava um ataque eficiente, lamentava a tentativa frustrada de defender a bola no lance seguinte. Isso ajuda a explicar o apertado placar. Abrir mais de dois pontos era um luxo inexistente na Vila Leopoldina. Com fundamental ajuda de Theo e Maurício, os donos da casa cresceram na reta final da terceira parcial. Porém, assim como aconteceu no segundo set, o Cruzeiro demonstrou frieza para virar e acabou vencendo, dessa vez por 25/22.
Com 2 sets a 1 no marcador, os cruzeirenses ficaram mais soltos em quadra. Do outro lado, o Sesi-SP acusou um pouco o golpe, mas fez de tudo para levar o jogo para o quinto set. Foi mais um grande set, com alternativas de qualidades dos dois lados da quadra. Porém, assim como aconteceu a partir da segunda parcial, o Cruzeiro demonstrou mais tranquilidade nos momentos finais e mais uma vez acabou conquistando os pontos decisivos. O time da capital paulista salvou várias bolas, numa demonstração clara de que Serginho continua sendo o melhor líbero em atividade no Brasil. E com muita garra, o Sesi-SP conseguiu uma vitória heroica no quarto set por 28/26, levando o jogão para o tie-break.
No desempate, o alto nível do jogo continuou. Era bola caindo lá e cá. Venceria quem fosse mais eficiente, seja por acertar mais ataques ou por errar menos. O Sesi-SP tomou a dianteira na primeira metade do tie-break e não saiu mais. O ginásio da Vila Leopoldina vibrou intensamente a cada ponto conquistado. Quando o placar apontava 14/8 para o Sesi-SP a vitória era questão de tempo. E o time da capital paulista ainda se deu ao luxo de desperdiçar um match point. Mas a glória veio na sequência. Que vitória do Sesi-SP! Fim da invencibilidade do Cruzeiro.
FONTE:
http://glo.bo/1GAptT7
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