Rival de Medina, Fanning não acredita em sorte e diz receita: "Trabalho duro"

Atual campeão mundial, o australiano diz que é preciso lutar até o fim para ir ao topo, elogia brasileiro e diz que seria arrogante de sua parte dar título ao jovem de 20 anos

Por Carol Fontes

Direto de Oahu, Havaí

1. a fase
2. baterias da segunda fase/repescagem
3. o que medina precisa para ser campeão

Mick Fanning levou o terceiro título mundial no Pipe Masters 2013 (Foto: Márcio Fernandes/Ag. Estado)

Maior ameaça de Gabriel Medina na disputa pelo título mundial, Michael Eugene Fanning, ou simplesmente Mick, é uma máquina. Altamente técnico e determinado, o australiano desenha linhas, rasgadas e batidas com força e velocidade, sendo um dos principais expoentes do chamado "power surf". Atual campeão do mundo e em busca do seu quarto caneco, o surfista de 33 anos não acredita em sorte, e sim no trabalho. E treinar é o que ele mais tem feito no North Shore de Oahu, no Havaí. O aussie aposta em sua experiência para superar Medina, que está perto da conquista histórica do Mundial para o país nas ondas perfeitas de Pipeline.
- Em cada conquista de título mundial, pouco importa se você terá sorte. Se você quer ser campeão, precisa lutar por isso. O nível entre os competidores é muito alto. Mas sei o que eu tenho que fazer, pegar as ondas e tirar boas notas - disse Fanning, conhecido pelo estilo radical dentro d'água, mas calmo fora dela.

A última etapa do Circuito Mundial de Surfe (WCT) definirá o melhor de 2014, em uma batalha que ainda conta com o americano Kelly Slater, dono de sete vitórias no Pipe Masters. Neste sábado, a organização do evento planejava realizar a repescagem e a terceira fase, no entanto, a competição foi paralisada após a segunda fase. Com ondas de até 6m, correnteza e vento forte, a integridade física dos atletas estava em risco. O dia marcado por "vacas" (caldos), pranchas quebradas e alguns machucados - o sul-africano Jordy Smith, por exemplo, foi para o hospital após deslocar o ombro. A próxima chamada será neste domingo, às 19h30 (de Brasília).

Mick Fanning tem treinado sempre em Pipeline. 

Australiano é maior ameaça de Medina (Foto: 

Pedro Gomes Photography)

Os três candidatos ao título disputam a terceira fase. Fanning mede forças com o francês Jeremy Flores, enquanto Slater tem pela frente o brasileiro Alejo Muniz. Se perder, o americano perde a chance de lutar pelo seu 12º título. Líder do ranking mundial e único que depende apenas de si mesmo para chegar ao topo - basta ir à final -, Medina enfrenta na sexta bateria o local Dusty Payne, líder da Tríplice Coroa Havaiana e um dos mais perigosos em Pipeline.   

Quando soube que o brasileiro pediu para Kelly liberar um título na etapa portuguesa, em tom de brincadeira, Mick revelou que Gabriel, com quem divide casa, não estendeu o pedido a ele. O australiano conta que seria arrogante de sua parte uma proposta do tipo e, por outro lado, quem ganhasse o "presente" não seria merecedor, se fosse o caso.

- Ele não me pediu o título (risos). Sinceramente, ninguém vai te dar um título. Ele tem de trabalhar duro e lutar até o fim, é assim que as coisas funcionam. Se uma pessoa falar que vai te dar um título, ela vai estar sendo arrogante, enquanto quem recebe pode sentir que realmente não merece aquilo. Você precisa correr atrás dos seus objetivos, e o Gabriel está fazendo exatamente isso. Ele tem trabalhado duro e tem feito um ano excelente. É o primeiro do ranking mundial, e eu estou orgulho dele. Somos amigos, ele é um garoto incrível.
Número 2 do mundo, Fanning conquistou o terceiro título mundial no Havaí, na temporada passada, ao avançar à semifinal, terminando em terceiro lugar. Até hoje, o australiano nunca venceu em Pipeline. Nos últimos anos, o retrospecto deixou a desejar. Em 2012, ficou em 13º, desistiu de disputar em 2011 por conta de uma lesão e em 2010 ficou outra vez em 13º. O seu melhor resultado na lendária praia havaiana foi o vice-campeonato em 2005.

Mick Fanning enfrenta o francês Jeremy Flores 

na terceira fase do Pipe Masters (Foto: 

Marcio Fernandes / Ag. Estado)

baterias da terceira fase

1. John John Florence (HAV) x Adam Melling (AUS)
2. Owen Wright (AUS) x Fred Patacchia (HAV)
3. Michel Bourez (TAH) x Matt Wilkinson (AUS)
4. Josh Kerr (AUS) x Jadson André (BRA)
5. Miguel Pupo (BRA) x Filipe Toledo (BRA)
6. Gabriel Medina (BRA) x Dusty Payne (HAV)
7. Kolohe Andino (EUA) x Julian Wilson (AUS)
8. Bede Durbidge (AUS) x Adrian Buchan (AUS)
9. Mick Fanning (AUS) x Jeremy Flores (FRA)
10. Joel Parkinson (AUS) x Sebastien Zietz (HAV)
11. Nat Young (EUA) x Kai Otton (AUS)
12. Kelly Slater (EUA) x Alejo Muniz (BRA)

baterias da segunda fase/repescagem

1: Kelly Slater (EUA) 17,00 x Reef McIntosh (HAV) 7,00
2: Michel Bourez (TAH) 5,00  x Makai McNamara (HAV) 3,17
3: Jordy Smith (AFS) 4,30 x Dusty Payne (HAV) 4,30
4: Nat Young (EUA) 8,50 x Mitch Coleborn (AUS) 4,77
5: Miguel Pupo (BRA) 7,17 x Raoni Monteiro (BRA) 4,13
6: Filipe Toledo (BRA) 7,64 x Glenn Hall (IRL) 7,07
7: Adrian Buchan (AUS) 3,47 x Travis Logie (AFS) 1,43
8: Kai Otton (AUS) 7,16 x Brett Simpson (EUA) 6,83
9: Fredrick Patacchia (HAV) 6,90 x Mitch Crews (AUS) 1,57
10: Jadson André (BRA) 12,70 x Tiago Pires (PRT) 2,73
11: Julian Wilson (AUS) 4,50 x 0,84 Dion Atkinson (AUS)
12: Matt Wilkinson (AUS) 4,13 x 3,24 Aritz Aranburu (ESP)

o que medina precisa para ser campeão

- se for eliminado até a terceira fase => precisa que Kelly Slater não vença a etapa e que Mick Fanning não chegue às semifinais. Se Fanning for eliminado nas quartas, decide o título da temporada numa bateria homem a homem com o brasileiro.
- se for eliminado na quinta fase => Mick Fanning não pode chegar à final;
- se for eliminado nas quartas ou nas semifinais => Mick Fanning não pode vencer a etapa;
- se chegar à final => conquista o título, independentemente da campanha de seus rivais


FONTE:
http://glo.bo/1GCvzlR