terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Ex-pizzaiolo e triatleta, padrasto diz que Medina tem QI de superdotado

Treinador do surfista, primeiro campeão mundial na modalidade, Charles Rodrigues trocou SP pela vida na praia de Maresias. Orgulhoso, elogiou Gabriel: "Um monstro"


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Direto de Oahu, Havaí
 

Charles leva prancha para Gabriel Medina em Pipeline (Foto: Pedro Gomes Photography)Charles leva prancha para Gabriel Medina em Pipeline (Foto: Pedro Gomes Photography)


Eles se conheceram quando Gabriel Medina ainda era um menino de oito anos, mas construíram uma relação de pai e filho como se tivessem se conhecido por toda a vida. Paulistano de Vila Nova Conceição, filho de engenheiro, Charles Rodrigues deixou o curso de arquitetura na Universidade Presbiteriana Mackenzie para viver perto da praia. Mudou-se para Maresias, trabalhou como ajudante de pizzaiolo e depois virou proprietário de uma loja de produtos de surfe na cidade de São Sebastião (SP), onde conheceu e se apaixonou por Simone. Ela já era mãe do surfista e de Felipe, que sonha em se tornar jogador de futebol. Depois, veio Sophia, a caçula, fruto da união. Charles era triatleta e sempre gostou de surfar, sendo uma das maiores influências do atleta, ao lado da mãe, bodyboarder.

Foi o padrasto quem deu a primeira prancha para Medina, quando ele tinha 10 anos, e ensinou a ele os primeiros passos no esporte. Mas, o paulistano diz que o filho tem um talento nato, como um dom divino, e um QI impressionante para tomar decisões no mar. Em Maresias, eles foram evoluindo juntos e, hoje, chegaram ao auge, com o primeiro título mundial do Brasil no surfe.



- Falando como pai, não sei se estou exagerando, mas eu acho o Gabriel um superdotado. Ele tem um QI esportivo muito alto. Todos têm um dom ou fazem alguma coisa melhor, e o Gabriel tem o dom de surfar. Ele consegue tomar uma decisão diferente dentro da bateria rapidamente. Posso até combinar com ele um negócio, mas lá dentro ele muda a estratégia, percebe algo, é muito inteligente. Desde pequeno, ele é assim. Eu chegava para ele e falava para fazer de tal jeito, que a manobra seria mais bonita. Aí ele fazia o jeito que achava e usava o corpo dele para fazer uma manobra melhor. A inteligência é o ponto forte dele - disse Charles.

Treinador do fenômeno, o padrasto acredita que todo o ser humano tem uma missão nesse mundo e a sua foi cuidar de Gabriel. Para Charles, ainda é difícil de constatar que ele menino que viu crescer é o atual campeão mundial de surfe. Era um sonho que eles tinham desde a infância do surfista, quando selaram um pacto.

Charles Medina, Surfe, Pipeline (Foto: Pedro Gomes Photography)
Charles Medina levanta voo em aéreo em Pipeline, 
no Havaí (Foto: Pedro Gomes Photography)


- A ficha não caiu, sei que ele ganhou e fez um campeonato belíssimo, mas este sonho era um que a gente tinha desde que ele era pequenininho. Ele tinha 10 anos quando a gente fez um pacto. Falamos um para o outro que ele seria campeão mundial e que iríamos atrás disso. Eu sempre brincava com ele e falava que a gente podia brigar, mas que eu só iria abandoná-lo depois que ele fosse campeão mundial. Conseguimos concretizar isso, o que acabou ajudando na relação de pai e filho. Foi tudo de bom. A gente fez um negócio ético também, sem prejudicar os outros, através de treinamento, longe de drogas e festas. Tudo o que um ser humano tem de fazer conforme a cartilha da família - contou o padrasto.

Sophia, Gabriel e Charles Medina em Maresias  (Foto: Arquivo Pessoal)Do fundo do baú: Charles, Gabriel e Sophia Medina em foto antiga (Foto: Arquivo Pessoal)


Ninguém foi mais competente do que Medina nesta temporada. Liderou o ranking em 10 de 11 etapas do WCT e foi campeão em Snapper Rocks, na Gold Australiana, nas ilhas Fiji e em Teahupoo, no Taiti, em uma grande final contra o mito Kelly Slater. Na briga pelo título na última parada do WCT, em Pipeline, no Havaí, desbancou o americano e o australiano Mick Fanning. Chegou à final do Pipe Masters, levou uma nota 10 em um tubo impressionante, mas acabou levando uma virada no fim do australiano Julian Wilson. Mas, nada que tirasse o brilho do jovem de 20 anos, que assombrou o mundo do surfe e e escreveu o seu nome na história.

- O Gabriel sempre foi um menino superbom, obediente e consciente. Acho que a gente ajudou um pouquinho ele, mas o Gabriel é realmente é especial e tem uma maturidade incrível. No esporte, ele é um monstro mesmo - finalizou.
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As três primeiras etapas do ano

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A derrota no Rio e a virada em Fiji

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Gabriel nas ondas da África do Sul e do Taiti

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