Clubes, que decidem uma vaga na final do torneio, terminaram 2013 com receitas parecidas. Com cofres mais saudáveis, mineiros devem ultrapassar paulistas em 2014
Clubes duelam também por receitas (Foto: Cristiane Mattos / Futura Press / Agência Estado)
As duas equipes terminaram a temporada passada em um patamar muito próximo de receitas arrecadadas, com pequena vantagem para os santistas, que fecharam 2013 com R$ 190 milhões contra R$ 188 milhões dos cruzeirenses. Atrás do rival desde 2010, quando Neymar explodiu com a camisa branca, a perspectiva dos dirigentes celestes é ter, já em 2015, o adversário desta semana em seu retrovisor.
A expectativa se explica ao analisar a estrutura de
arrecadação das duas equipes e o retorno dos investimentos feitos – com clara
vantagem ao Cruzeiro, campeão mineiro e em vias de conquistar o bicampeonato brasileiro. São
os comandados de Marcelo Oliveira, também, que entram em campo na quarta mais
próximos de um lugar na final da Copa do Brasil, já que venceram a partida de
ida por 1 a 0 e, com um empate, se classificam. O Santos terá de bater os
visitantes por ao menos dois gols de diferença para ainda lutar pelo título.
Publicada recentemente, uma análise do banco Itaú BBA sobre
os balanços das finanças dos clubes brasileiros no ano passado aponta que o
Cruzeiro tem alicerces mais sólidos do que o Santos, com maior
participação das receitas recorrentes – aquelas que tendem a se repetir ano
após ano.
Sócio-torcedor
Boa parte do crescimento de 57% do Cruzeiro em 2013 se deu
pela importante participação das rendas de bilheteria e do programa de
sócio-torcedor nas contas do clube. Pela primeira vez, esse tipo de receita superou o que foi
conquistado com cotas de TV. A ótima campanha no Brasileiro e a reabertura do
Mineirão impulsionaram essa arrecadação, que passou de R$ 10,6 milhões em 2012
para aproximadamente R$ 64 milhões na temporada seguinte – valor que deve ser
superado novamente em 2014, já que o clube aumentou o número de sócios em mais
de 12 mil, passando para os 65 mil atuais.
Em 2013, receitas com bilheteria e sócio-torcedor
superaram cotas de TV no Cruzeiro (Foto:
Gualter Naves/Light Press)
Ele aponta os altos custos do clube como ponto de atenção.
- Nos dois últimos anos, as despesas foram maiores do que as
receitas. Assim, há a necessidade de se manter os bons resultados em campo –
diz Grafietti. O Cruzeiro acumula um déficit de quase R$ 63 milhões desde 2011.
Ressaca pós-Neymar
Os balanços do Santos confirmam o bem que Neymar fez aos
cofres do clube enquanto esteve lá. As receitas passaram de R$ 70 milhões, em
2009, quando o jogador ainda era uma promessa, para os R$ 190 milhões do ano
passado, o último em que o atacante atuou pelo clube.
Foi o ex-camisa 11, também, uma das principais fontes de
arrecadação do Alvinegro em 2013. Sua venda rendeu cerca de R$ 51 milhões ao
clube por 55% dos direitos do jogador e um acordo em que o Barcelona comprou a
prioridade na negociação de outros três jovens atletas da base – os atacantes
Gabriel, Victor Andrade e Giva, sendo que só o primeiro continua no elenco
principal.
Neymar chora em sua despedida do Santos:
busca por novo ídolo causou rombo no
clube (Foto: Adalberto Marques / Agif )
A saída do atleta, porém, está ligada também ao déficit de
R$ 40 milhões que o Santos apresentou em 2013. Sem Neymar, o clube passou mais
de um ano sem um patrocinador fixo para ocupar o espaço mais nobre de seu
uniforme. A bilheteria também caiu para o menor nível em quatro anos: foram
apenas R$ 10 milhões, contra um auge de R$ 38 milhões em 2011, quando o time
foi campeão da Libertadores.
- Sem seu ídolo, o Santos ainda procura um norte. Acabou
gastando mais do que devia - explica Grafietti.
altos investimentos
O Santos investiu como ninguém em 2013: foram R$ 89 milhões,
47% de toda sua receita no ano, segundo a análise do banco, apenas na montagem de um
elenco que nada ganhou. O Cruzeiro também abriu os cofres para reforçar o
elenco (R$ 35 milhões), mas colheu um Brasileiro, um Mineiro, é líder e
favorito ao campeonato nacional deste ano, além de ainda ter chances na Copa do Brasil.
Há um ponto em comum entre os dois clubes, nesse aspecto: o argentino
Montillo. Ídolo cruzeirense, o jogador deixou a Toca da Raposa no início de 2013 rumo ao
Santos. Os paulistas pagaram, à época, cerca de R$ 16,2 milhões por 60% dos
direitos do jogador, e ainda devolveram o volante Henrique, que havia custado R$ 6
milhões em 2011, aos mineiros, que usaram esses recursos para reforçar o time. A
apagada passagem do meia pela Vila Belmiro terminou em janeiro, quando foi vendido ao Shandong Luneng, da China.
Se em campo o Santos ainda pode superar o Cruzeiro, fora
dele a possibilidade maior é de que a equipe de Belo Horizonte ultrapasse os
rivais, com cofres mais saudáveis.
- O Santos deve ter novamente uma queda importante de
receita. Não teve vendas de atletas e conta com um volume baixo de bilheteria,
enquanto a torcida do Cruzeiro se mostra mais forte. A tendência do Cruzeiro é
bem mais positiva do que a do Santos - aponta Grafietti.
Procuradas, as duas diretorias não se manifestaram.
FONTE:
Nenhum comentário:
Postar um comentário