Seleção brasileira vence por 3 sets a 0 uma de suas maiores rivais, em São Paulo, e chega à quinta vitória consecutiva na competição em que busca o décimo título
Quer ver uma jogadora da seleção feminina extremamente feliz? Olha para o rosto dela após uma vitória por 3 sets a 0 sobre a temida Rússia. Se for em casa, melhor ainda. Foi assim neste sábado, no Ibirapuera. Sem conseguir esconder a satisfação, jogando muito e festejando cada ponto, o Brasil bateu, com sobras, uma das suas maiores rivais, com parciais de 25/15, 25/21 e 25/17, em 1h23min, em São Paulo. O triunfo foi o quinto das brasileiras em cinco partidas no Grand Prix, competição na qual as atuais bicampeãs olímpicas buscam o seu décimo título. Até aqui, elas perderam apenas um set. E podem melhorar a bela campanha neste domingo, às 10h (de Brasília) contra outro grande forte adversário, os Estados Unidos, que no segundo jogo deste sábado bateu a Coreia do Sul por 3 sets a 0 (25/15, 25/17 e 25/16). A partida que encerra a participação da equipe na etapa brasileira do Grand Prix vai ter transmissão ao vivo da TV Globo e cobertura, em Tempo Real, do GloboEsporte.com.
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Enfrentar a Rússia sempre traz lembranças amargas para a seleção brasileira feminina. Alguns recordam da derrota doída na semifinal das Olimpíadas de Atenas 2004, quando o time liderava por 24 a 19 para fechar o jogo e levou a virada, outros pensam nas duas derrotas tristes nas finais dos dois últimos Mundiais, em 2006 e 2010. Mas neste sábado, o Brasil conseguiu uma daquelas vitórias para mostrar quem manda atualmente no vôlei mundial. E foi um recado para o Mundial da Itália, entre 23 de setembro e 12 de outubro. As comandadas do técnico José Roberto Guimarães estão cada vez mais fortes.
- Ganhar da Rússia sempre tem um gosto especial. Elas provocam bastante e nos venceram em jogos importantes. Nós mostramos que nossa seleção está bem, mas ainda vai crescer muito mais. O importante é que estamos jogando como equipe, com todas se ajudando e fazendo o melhor para buscarmos as vitórias contra qualquer adversária. Estamos felizes - disse a central Thaisa, uma das melhores em quadra.
Mais uma vez o jogo coletivo foi o grande diferencial da seleção brasileira, bem como os eficientes saque, defesa e bloqueio. Assim sendo, a pontuação foi bem dividida. A maior pontuadora foi Thaisa, com 15 pontos, seguida de Fabiana (13), Sheilla (13) e Jaqueline (12).
Brasileiras comemoram ponto na vitória
sobre a Rússia, no Ibirapuera
(Foto: Divulgação/FIVB)
Quando um jogo entre Brasil e Rússia está prestes a começar, o semblante das jogadoras de ambos os lados deixa claro a importância que é dada ao clássico que tantas alegrias e amarguras já deu para os dois países. Um misto de concentração e um certo nervosismo eram visíveis nas 12 atletas que iniciaram a partida no Ibirapuera. Embalado pela torcida que novamente lotou o antigo ginásio, a seleção brasileira começou melhor, sacando bem e quebrando o passe russo. Isso facilitou o contra-ataque, que contava com boa atuação da oposta Fernanda Garay e um bloqueio eficiente. A seleção conseguiu abrir quatro pontos logo no início. Porém, as russas melhoraram ao fazer uso das suas famosas bolas altas, dificultando a vida da defesa brasileira e equilibrando a partida.
Era o momento de as comandadas do técnico José Roberto Guimarães retomarem o plano tático inicial e forçarem mais o saque para não dar contra-ataques fáceis para as suas oponentes. Foi exatamente o que a levantadora Dani Lins conseguiu. Ela teve uma sequência muito boa de quatro saques e fez o Brasil abrir sete importantes pontos (19 a 12). A partir daí, fechar o primeiro set virou algo menos complicado, ainda mais quando se pode contar com uma defesa inspirada e um verdadeiro paredão, principalmente com Thaisa e Fabiana. Mas coube a oposta Tandara, que acabara de entrar, o prazer de bloquear Goncharova para fechar em 25/15, após 24 minutos.
Sheilla, Thaisa e Jaqueline fazem bloqueio
triplo para cima da russa
Goncharova (Foto: FIVB)
Frias, as russas não se abalaram com o consistente primeiro set da atual bicampeã olímpica e usaram da arma brasileira para largar na frente na segunda parcial. Sacando bem, elas dificultaram o passe das mandantes e conseguiram explorar bons contra-ataques, principalmente com Goncharova e Zaryazhko, que pontuaram após dois ralis eletrizantes. Alguns erros de recepção permitiram que as europeias tivessem 8 a 4 no placar quando aconteceu o primeiro tempo técnico. Na parada, Zé Roberto cobrou bastante uma melhor postura das suas jogadoras, mas o que se viu na sequência foram mais erros e as russas abrindo vantagem. Para tentar reverter o quadro, o treinador trocou Dani Lins e Sheilla por Fabíola e Tandara.
As mudanças deram um pouco mais de gás para a equipe nacional, e o Brasil ia se aproximando aos poucos do placar, como no momento em que estava 15 a 12 para as atuais bicampeãs mundiais. Não tinha jeito. Por mais que o Brasil encaixasse boas bolas e levantasse a torcida, a Rússia ia lá e fazia dois ou três pontos a cada vez que a seleção mexia no placar. Sorte das brasileiras que o vôlei é dinâmico. O time se encaixou no momento mais importante e conseguiu uma virada sensacional. Após estar perdendo por 19 a 16, as meninas fizeram cinco pontos consecutivos e viraram o placar para 21 a 19. A principal responsável foi Thaisa, que chamou a responsabilidade no meio de rede. Ela fez quatro pontos na reta final. Com um set point no serviço, coube a Jaqueline acertar um bonito saque para fechar um set que parecia perdido e fazer o público e as jogadoras vibrarem efusivamente: 25/21 e 2 sets a 0 na partida.
Depois de uma reviravolta fantástica no segundo set, a seleção brasileira tinha convicção de que bastava manter a pegada para continuar mandando no jogo. Cientes de que perderam a maior oportunidade que poderiam ter, as russas se abateram e passaram a cometer erros bobos. Era hora de aproveitar isso e Sheilla, Jaqueline e Thaisa fizeram exatamente isso. Seja bloqueando, usando a diagonal ou sendo mais rápida do que o paredão russo. Cada ponto do Brasil gerava uma bonita comemoração da torcida e das jogadoras, que não escondiam a alegria que é bater a temida Rússia, seja em qual competição for. E o placar, que chegou a ser tão desfavorável no segundo set, apontava 13 a 9 para as donas da casa antes de uma parada técnica em que os sorrisos nos rostos das brasileiras teimavam em surgir em meio ao semblante de concentração. Os pontos foram acontecendo e vencer de forma sensacional era questão de tempo. E isso aconteceu após 26 minutos de terceiro set: 25/17.
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