quarta-feira, 5 de março de 2014

Pelo tri olímpico, Zé Roberto vai deixar o Campinas para se dedicar à seleção

Técnico que ajudou a montar o projeto, ficará à frente da equipe até o fim da Superliga: 'É com dor no coração, mas precisava tomar essa decisão'

Por Rio de Janeiro

Campinas Vôlei Zé Roberto Guimarães (Foto: Felipe Christ / Vôlei Amil)Zé Roberto tentar levar o Campinas à final da Superliga (Foto: Felipe Christ / Vôlei 
Amil)
 
Desde o fim dos Jogos de Londres, o técnico José Roberto Guimarães iniciou uma contagem regressiva. A cada dia marca na folhinha o tempo que falta para a disputa das Olimpíadas do Rio, em 2016. Não esconde de ninguém que sonha com a conquista do tricampeonato no quintal de casa. E para isso, viu a necessidade de se dedicar totalmente às meninas da seleção brasileira. Depois da disputa da Superliga, ele deixará o Campinas para ser exclusivo e se concentrar apenas no trabalho com a equipe nacional. Prevê viagens para a Itália, Turquia, Rússia e Japão com o intuito de se reciclar e acompanhar os adversários mais de perto. 

As conversas com a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), com a Amil - empresa que patrocina o time de Campinas -, e com as jogadoras já aconteceram. Por algumas vezes, ouviu dos dirigentes do projeto que ajudou a montar para que repensasse a decisão. Mas, mesmo com "dor no coração", diz que precisa olhar para frente.  

- Faltam 864 dias para as Olimpíadas e aí é complicado. Tenho que pensar na dedicação para a seleção, no estudo, em coisas que quero fazer. Acho que tem que ter uma concentração e um foco muito grandes no objetivo principal que é tentar chegar a uma final dentro do meu país. E, para isso, sei que preciso de dedicação total, full time. Eu tinha um compromisso, de boca, anterior com a seleção. As duas coisas são importantes para mim, mas representar o meu país tem uma importância muito grande na minha vida. Foi uma decisão difícil e complicada de tomar, mas não tem como... Tenho uma ligação muito forte, porque ajudei a montar o time, um envolvimento pessoal. Hoje talvez a gente tenha uma das melhores estruturas do vôlei mundial, com uma empresa sólida, que dá um respaldo grande para a equipe e que está feliz com os resultados. É com dor no coração, estou triste, mas precisava tomar essa decisão. Acho que vai dar tudo certo no final. Vamos continuar com mais uma força que apareceu para dar sustentação ao vôlei brasileiro - afirmou.

Zé Roberto diz que não há risco de o time ser desfeito após o término da temporada. Seu desejo é que Paulo Coco, seu assistente, assuma o cargo. Espera também poder chegar à decisão do campeonato e brigar pelo título. Atualmente, o Campinas tem a segunda melhor campanha da Superliga. 

Grand Prix de Volei - Brasil x Porto Rico - José Roberto Guimarães (Foto: FIVB) 
Zé Roberto orienta seleção no Grand Prix 
(Foto: FIVB)

Depois só quer pensar em seleção. Nem mesmo um convite para comandar uma equipe no exterior foi capaz de balançar o treinador. Nos ciclos olímpicos de Pequim e Londres, Zé Roberto passou três anos na Itália (Pesaro) e dois na Turquia (Fenerbahçe), respectivamente. Ressalta que nas duas situações foi uma opção de vida mudar o rumo. 

- E eu também queria estar em centros onde eu pudesse acompanhar mais de perto as jogadoras que iam estar nas Olimpíadas. Queria estudar porque era importante para mim. E foi um período importante para o meu crescimento, com títulos da Champions League e do Mundial de Clubes. 

Agora quero repetir isso, só que de forma diferente, sem estar treinando um time. Nós tivemos um primeiro ano com a seleção ótimo. Agora vem o segundo, com torneios como o de Montreux, o Grand Prix e o Mundial, que é bastante importante para a gente. Minha atenção tem que estar só voltada para isso. Além disso, um inconveniente, que mexe muito comigo, vai deixar de existir. E isso me dá um alento. O fato de ter que jogar contra as jogadoras que eu treino durante seis meses na seleção me deixa apreensivo. Você treina para melhorá-las e aí vai ter que jogar contra. 

É uma situação desagradável, na qual não me sinto cavalheiro e isso mexe comigo.  

O trabalho com a seleção brasileira será retomado em maio. Nesta temporada, o Brasil tentará conquistar o inédito título mundial na Itália. 


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2014/03/pelo-tri-olimpico-ze-roberto-vai-deixar-o-campinas-para-se-dedicar-selecao.html

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