Jogadores de 1949 massacram adversários, são campeões, ganham diploma de doutores em futebol e levam apelido para a posteridade
Jackson, grande ídolo do Atlético-PR, foi um dos craques
do time que virou Furacão em 49 (Foto: Alexandre Alliatti)
O apelido foi resultado de uma sequência de goleadas. O Atlético disputou 12 jogos no Estadual de 49. Venceu os 11 primeiros, quase sempre com resultados elásticos, e depois perdeu o último, quando já era campeão. Antes mesmo do campeonato, deu sinais de força ao vencer o Fluminense (5 a 2) e empatar com o Corinthians (3 a 3). Foi possivelmente a melhor equipe da história do clube rubro-negro. E que, em tempos de final de Copa do Brasil, sobrevive no imaginário dos torcedores e na memória de um dos protagonistas daquele time lendário.
Trata-se de Jackson Nascimento, titular absoluto e figura decisiva na equipe que virou Furacão. Ídolo rubro-negro, nascido no mesmo ano do clube (tem 89 anos) e vizinho da Arena da Baixada, ele lembra com carinho daquela época. E se orgulha do feito.
O Atlético-PR de 1949, time que entrou para a história
rubro-negra e redefiniu o nome do clube (Foto: Alexandre
Alliatti)
O apelido foi nascendo aos poucos, conforme o time ganhava corpo. A estreia até que foi discreta: 4 a 2 sobre o Água Verde. Depois, resultado mais gordo: 4 a 0 no Palmeiras. Na sequência, 5 a 1 no Juventus e também no Britânia. Depois, outro 4 a 2, agora no Ferroviário. Faltava apenas um jogo para terminar o primeiro turno. E contra o Coritiba.
O clássico foi em 7 de agosto. Antes, porém, os dois clubes receberam a visita do Rapid Viena, da Áustria. Os resultados não poderiam ser mais inesperados: o Atlético levou 7 a 2 dos europeus, e o Coritiba ganhou por 4 a 0. Natural, portanto, que o time coxa-branca fosse favorito naquele duelo recheado de rivalidade.
Que nada. Jackson fez dois gols. Rui marcou outros dois. Cireno anotou mais um. E pouco adiantou Fedato descontar para o Coritiba. A goleada de 5 a 1 era a prova de que aquele Atlético era único.
Já eram tempos em que a imprensa esportiva fazia manchetes superlativas para as vitórias. O Atlético passou a ser chamado, aqui e ali, de tufão. Mas a manchete do "Paraná Esportivo" consolidou um apelido que entraria para a história: “Esmagado pelo Furacão o vencedor faceiro do Rapid”.
Seis jogos, seis vitórias, 27 gols marcados e apenas sete sofridos. E ainda tinha o segundo turno: 7 a 3 no Água Verde, 4 a 2 no Britânia, 4 a 3 no Palmeiras, 4 a 0 no Juventus e novo triunfo sobre o Coritiba, desta vez por 3 a 2. Impressionante: 11 jogos, 100% de aproveitamento e pelo menos quatro gols marcados em dez deles. O título já era certo com três rodadas de antecedência, e o time se permitiu relaxar. Na partida final, levou 2 a 0 do Ferroviário.
O time perfeito
Neno, Jackson e Cireno: o ataque destruidor de 49 (Foto: Alexandre Alliatti)
- Era um time sem defeitos. Todos nós sabíamos jogar, e o Motorzinho (o treinador) achou a posição de cada um. Eram jogadores de pegada. Bons tecnicamente, mas com pegada. Fazíamos uma média de quatro gols por jogo. Tínhamos dois goleiros extraordinários, uma defesa muito forte. E tínhamos confiança. Além disso, nos entendíamos. Jogávamos há três, quatro anos juntos – comenta.
Aí está uma questão central: os jogadores se conheciam. A base era a mesma do Estadual anterior, com o acréscimo de Neno, ex-Coritiba. O time passou a jogar por música. A equipe começava por dois goleiros formidáveis: Caju, que hoje dá nome ao CT do clube, para muitos o maior atleta do país na posição nos anos 40, e Laio, que tinha o ilustrativo apelido de “fortaleza voadora”. Na frente, era talento puro: Jackson e Cireno. O primeiro foi parar no Corinthians, onde ganhou o Estadual de 51; o segundo foi chamado para a seleção brasileira e esteve muito perto de disputar a Copa de 50.
- O Cireno era perfeito. Chutava com os dois pés. Tinha um cabeceio lindo. Ele vinha receber a bola, e depois que ela estava no pé dele, não saía mais. Fazia muito gol – recorda Jackson.
Furacão para sempre
Jackson aponta para os quadros que tem em casa (Foto: Alexandre Alliatti)
- Ficou isso de Furacão. Não sei por quanto tempo vai durar, mas acho que não vou viver para ver o fim disso. Acho que vai durar para sempre. Tenho um amor enorme pelo Atlético por ter me dado esse oportunidade. Ainda me consideram um ídolo. Isso faz um bem danado para minha vida. Adoro o Atlético.
O ex-jogador agora acompanha a luta atleticana por mais um título, o da Copa do Brasil. Jackson ficou ressabiado com o desempenho no primeiro jogo da final contra o Flamengo, o empate por 1 a 1 na Vila Capanema. Gosta do time de 2013, mas não consegue ver nele a capacidade de destruição daquela equipe de 49.
- Estou torcendo muito. O Atlético conseguiu fazer um time razoável. Mas não chega a ser furacão. Não é nem uma trovoada – brinca.
Jackson mostra com orgulho a faixa de 1949, relíquia de
um time histórico do Atlético (Foto: Alexandre Alliatti)
Recorde quebrado
A marca de 11 vitórias seguidas do time de 49 só foi quebrada em 2008. Em meio ao Estadual, o time rubro-negro alcançou 12 triunfos consecutivos. A diretoria aproveitou para homenagear os atletas do passado, que transformaram o Atlético em Furacão.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/atletico-pr/noticia/2013/11/goleadas-e-manchetes-os-doutores-que-fizeram-o-atletico-pr-virar-furacao.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário