Superintendente de esportes da entidade, Marcus Vinícius Freire diz que pressão é grande, o tempo é curto, mas 'meta agressiva' será alcançada
Marcus Vinicius Freire diz que trabalho está bemencaminhado (Foto: Danielle Rocha)
- O que falta agora é tranquilidade. Temos recursos, equipe, conhecimento e uma relação muito boa entre todas as áreas do esporte brasileiro. Antes, Ministério, clubes, confederações e COB faziam ações diferentes. Hoje nós coordenamos as ações. Sozinho não tem como fazer o top 10. Patinamos um pouco para fazer a engrenagem rodar porque era uma novidade para nós, mas aí a coisa caminhou. São 1.096 dias de detalhes, com tensão todos os dias. Mas não tenho medo de pressão, não. É uma adrenalina boa. Em 2016, o Brasil terá a oportunidade de se posicionar no quadro esportivo. Temos uma meta agressiva, e pelo trabalho de todos os agentes merecemos o top 10. Ele virá por mérito - disse o dirigente.
Para atingir o objetivo, a entidade está investindo em ciência, treinadores estrangeiros e equipes multidisciplinares. Fez uma lista com 136 atletas, que estão divididos em cinco categorias: top 3, top 10, top 20, voltando de contusão e jovem promessa. O COB também olha com atenção para os campeonatos mundiais sub-23 e sub-21 para pinçar potenciais medalhistas olímpicos, além de observar esportes como ginástica artística, canoagem e maratonas aquáticas que distribuem um bom número de medalhas. Vôlei, vela, judô, natação, vôlei de praia, futebol e atletismo continuam a ser os carro-chefes. Entre os possíveis ouros, dois nos gramados e dois conquistados pelos times de Bernardinho e José Roberto Guimarães são vistos pelo COB como grandes esperanças.
Fabiana, Fabi, Sheilla, Dani Lins e Natália ajudaram o Brasil a levar bi olímpico (Foto: Ivan Alvarado/Reuters)
- A diferença entre os casos da Austrália, China e do Reino Unido é que, antes dos Jogos em casa, já havia um investimento a longo prazo feito em vários quadriênios. As pessoas agora falam assim: "Ah, tem dinheiro, agora é mole ganhar medalha". Acho que se mantivermos o investimento por 12 anos, com certeza em 2024 vamos brigar com a turma das 40 medalhas. Temos que olhar para 2016, mas também para 2024 com a meta de mantermos o Brasil entre as potências olímpicas. Sempre me perguntam sobre legado. O maior legado, além do físico, é a nossa autoestima. Deixamos de ser o cachorro vira-lata. Hoje nós podemos.
Confira a entrevista:
GLOBOESPORTE.COM: Como você avalia esse início de ciclo para os atletas?
MARCUS VINÍCIUS FREIRE: Muito positivo. O que nós planejamos está acontecendo, e temos o apoio das federações internacionais, o que é muito bom. Todas elas querem que seus esportes andem bem no Rio. E para isso é preciso que se vendam ingressos, que a TV esteja presente, que o time local tenha alguém na disputa para que haja "barulho". Então, elas estão nos ajudando. No hóquei sobre a grama, pagam metade do salário do técnico holandês (Bert Bunnik). No tiro com arco, contamos com o patrocinador deles de arcos. Nas lutas estão nos ajudando com treino e material. No badminton, no boxe, no ciclismo também nos ajudam.
Alguns clubes formadores ou tiraram ou diminuíram o investimento nos esportes olímpicos. É uma preocupação?
Foram ações pontuais falando no caso do Flamengo. Os representantes do clube estiveram aqui no COB com a gente. E eu, como economista, entendi. Eles estão como uma equipe profissional, com um perfil novo, e fizeram contas simples. Discutiram o orçamento, viram que alguns salários estavam fora do padrão em várias modalidades. Disseram que quando conseguirem uma melhor estrutura, voltarão. Acho que não adianta os clubes quererem fazer todos os esportes. Nenhum comitê faz as 40 modalidades olímpicas. Só a China conseguiu 22. Os clubes têm que se especializar em alguns. Com relação ao Pinheiros e ao Minas, existe um negócio de ida e volta de algumas modalidades, mas acredito que serão os nossos dois principais fornecedores para 2016.
Já houve algum progresso com relação ao novo CT de ginástica? Há alguma previsão de quando a seleção contará com esse novo espaço?
Continuamos atrás de um terreno. Já conversei com dois proprietários, e nossa ideia é que ele seja na Barra da Tijuca para ser usado não apenas no pré e no pós, mas também durante os Jogos. Prometi ao Alexander Alexandrov (técnico russo da seleção) que ele teria o CT até o primeiro trimestre do ano que vem.
Era esperado um investimento maior da iniciativa privada em termos de patrocínio?
Alguns atletas medalhistas em Londres perderam os seus...
Está acontecendo dentro do plano. Meu medo é o pós-ciclo. Temos aconselhado os clubes, federações e confederações para que entendam a oportunidade e aproveitem a fome grande dos patrocinadores e façam bons contratos pensando nisso também. Hoje, o Comitê Rio 2016 e o COB estão negociando o que fazer para o pós, e não ter aquela imagem de investimento de oportunismo. Vamos ter um Centro Olímpico de Treinamento que vai necessitar de uns R$ 40 milhões para manutenção por ano, por isso já estamos vendo como fazer e financiar. Com a lei de incentivo ao esporte, a tendência é que o investimento dos patrocinadores privados cresça. Não vejo falta de recurso no mercado, vejo falta de projeto. Querem o dinheiro e não conseguem explicar o que é o projeto.
Ana
Marcela Cunha e Poliana Okimoto brilharam nos 10k da maratona aquática
no Mundial de Barcelona (Foto: Satiro Sodré / Divulgação CBDA)
Com Pequim nunca teve conversa. Estamos tentando faz tempo. Na semana passada, conseguimos um contato com o ministro geral do esporte, Cai Zhenhua, que também é vice do Comitê Olímpico Chinês e foi campeão olímpico de tênis de mesa. Ele nos convidou para irmos lá pela primeira vez. Já o Reino Unido nos ajuda bastante. Neste mês, Sue Campbell, que era presidente da agência UK Sport, vem conversar conosco para contar como fizeram nos anos que antecederam os Jogos de Londres. Vamos também receber palestrantes da Associação Olímpica Britânica.
Que tipos de ações foram feitas pelos britânicos que deverão ser adotadas?
Sempre é permitido entrar um número de convidados na Vila de atletas, só que aqui no Rio todos os familiares e amigos vão querer entrar lá. Imagina o número de pessoas que vão querer parar um atleta para tirar foto, dar um beijo. E há atletas na delegação que não gostam de falar com ninguém quando estão ali. Então, vamos bloquear a Vila e abrir a casa da família do Time Brasil próximo da Vila. Quando algum atleta quiser ver os pais e amigos é só ir lá. Eles também fizeram uma ação para que todos se achassem parte de uma equipe. Em todos os lugares da Vila tinha um gel, e os atletas passavam na mão para que ninguém tivesse problema. Como o simbolismo de que estavam protegendo o outro. Aqui devemos fazer uma abordagem diferente.
É possível que a delegação nacional conte com atletas naturalizados em 2016?
Estamos abertos a isso. Os potenciais são as lutas associadas, nas quais foram feitas duas novas propostas: a canoagem (uma portuguesa) e o tênis de mesa, que já teve uma chinesa naturalizada (Gui Lin) e que foi a Londres, mas já morava aqui.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2013/08/tres-anos-do-rio-2016-executivo-do-cob-afirma-o-top-10-vira-por-merito.html
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