Quem optou pelo transporte público passou sufoco com filas, falta de informações e tumultos para assistir ao jogo entre Espanha e Uruguai
Repórter enfrenta metrô lotado para chegar à
Arena (Foto: Elton de Castro / Globoesporte.com)
Arena (Foto: Elton de Castro / Globoesporte.com)
A reportagem do GLOBOESPORTE.COM viveu um dia de torcedor para mostrar as dificuldades vividas pelas pessoas, que optaram pelo sistema público de transporte, como foi recomendado pelos governantes. A aventura - ou calvário - teve início no Aeroporto Internacional dos Guararapes, um trajeto de 19 quilômetros até a arena. Lá, um posto de informação foi montado para auxiliar os turistas que desembarcavam pelo terminal sul. No entanto, a simpatia dos funcionários não foi suficiente para que os uruguaios Jorge Fontes e Adrián Fontes descobrissem onde ficava a estação de metrô, que ficava a cerca de dois quilômetros de distância.
Torcedores enfrentam estação lotada para chegar à Arena Pernambuco de metrô (Foto: Elton de Castro / Globoesporte.com)
O problema encontrado pelo uruguaio foi compartilhado por vários turistas, que transitavam pela rua sem direcionamento. Na Estação Aeroporto, o problema da informação persistiu, mas os 24 trens disponibilizados durante o dia deram conta do recado e deixaram o tempo de espera em cerca de cinco minutos. Melhor para Carlos Andrade, que veio de João Pessoa-PB e subiu no trem na estação do shopping.
- Deixei meu carro no estacionamento e o vi shopping e vim pegar o metrô. Perdi o primeiro, mas o segundo passou com cinco minutos de diferença. Se for assim até lá, será ótimo.
A esperança de Carlos foi interrompida após três estações. Quando o metrô chegou a Joana Bezerra, o que obrigaria uma mudança de trem, o primeiro tumulto aconteceu. Sem muita fiscalização - nem sinalização - várias pessoas tentavam entrar sem pagar, benefício dado para quem tinha o ingresso do jogo. Na área de embarque, mais problemas. Apesar do pouco tempo de espera, alguns torcedores ainda não sabiam da proibição de alguns objetos. Situação solucionada por um simpático voluntário, que sugeriu o Terminal Integrado de Passageiro (TIP) como opção para guardar os pertences de quem necessitasse.
Mas o local dos pertences foi o menor dos problemas para chegar até a Arena Pernambuco. Bastou o metrô entrar na estação Cosme Damião, tida como um dos legados do evento, que custou cerca de R$ 19 milhões, para que o pânico fosse instaurado. Com o grande fluxo de trens e a pouca capacidade do local, pessimamente projetado, as pessoas se aglomeravam na área de embarque, que não dispunha de nenhuma proteção. Situação que fazia com que os torcedores corressem o risco de cair nos trilhos.
O que era ruim ficou ainda pior quando outro trem chegou ao local - o terceiro em 10 minutos. Quem desembarcou não conseguiu sair da plataforma porque os 65 ônibus disponibilizados pela organização local não foram suficientes para deixar os passageiros no estádio. Um guarda, bastante tenso, da Companhia Brasileira de Transporte Urbanos (CBTU) tentava - sem muito sucesso - orientar os torcedores. Irritados, muitos começaram a vaiar. Houve empurra-empurra e confusão.
Situação dos ônibus não foi diferente da do metrô (Foto: Elton de Castro / Globoesporte.com)
- Não temos informações, não tem organização e isso é muito triste. Vim para torcer pela Espanha, mas a chegada ao estádio foi traumática.
Após entrar no ônibus, a sensação de estar dentro de uma lata de sardinha foi inevitável. Os 2,2 quilômetros até a Arena Pernambuco foram feitos com cerca de 200 pessoas em um veículo que tem capacidade para 50.
Após duas horas e dez minutos de “via-crúcis” e mais dois quilômetros de caminhada, a Arena Pernambuco surgiu no horizonte. Mas a vista do estádio, que é bastante bonito, não foi suficiente para acalmar os ânimos do uruguaio Carlos Montoya.
- Terrível. Tudo hoje foi terrível. Muito perigoso a chegada até aqui. Tinha comprado o jogo contra o Taiti, mas não virei.
Vista geral da Arena Pernambuco lotada de torcedores (Foto: Elton de Castro / Globoesporte.com)
A ida ao estádio não foi o pior percurso que os torcedores tiveram que fazer no último domingo. Na volta para casa, uma enorme confusão se formou na fila que dava acesso aos ônibus responsáveis por levar a população até o metrô. O tumulto chegou a derrubar as grades que serviam para fazer o traçado dos pedestres e teve que ser contido pela polícia. Mas a confusão continuou na estação Cosme e Damião. Muito mais apertado do que no trajeto de ida, o local foi palco para empurra-empurra entre os torcedores e muita discussão.
O dia de torcedor na Arena Pernambuco deixou evidente que Pernambuco terá um árduo trabalho para solucionar o problema da mobilidade urbana até 2014, quando será uma das sedes da Copa do Mundo da Fifa.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-das-confederacoes/noticia/2013/06/falhas-na-mobilidade-urbana-fazem-torcida-enfrentar-calvario-ate-arena.html
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