Marambaia, dono do galo, usa tinta acrílica para deixá-lo na cor do clube rondoniense, cujo feito na Copa do Brasil foi empate com Santos de Robinho
Tissoka, mascote vivo do Ji-Paraná, ao lado do dono, seu Marambaia (Foto: Shara Alencar)
- É bem ensinado, o bichinho mal espera chegar à grade e já pula e fica tranquilo. Na hora do gol, começa a cacarejar e muitas das vezes até canta - afirma.
O mascote é tão famoso que o time é conhecido por Galo da BR (a 364, que corta a cidade de Ji-Paraná). O dono do garnizé fez questão de contar como essa história começou. Tissoka é o 11º galo que passa pela história do clube, que ano passado quebrou jejum de 11 anos sem título estadual e tem, como uma de suas proezas, ter arrancado, na Copa do Brasil de 2002, um empate com o Santos de Diego e Robinho...
Nessa época, já havia galo cantando em jogo. De acordo com Marambaia, em 1991, Vicente Leles, o então primeiro presidente do Ji-Paraná Futebol Clube de Rondônia, pediu para que ele arranjasse um animal para ser o mascote e ajudar na divulgação do time.
- Aí eu pensei, por que não um galo? Foi então que levei o primeiro bicho para o estádio no jogo entre o Ji-Paraná e o Ferroviário de Porto Velho, em 21 de abril de 1991. Era o falecido Reco-Reco – recorda.
Tissoka começa a cacarejar na hora do gol de seu time. Às vezes até canta (Foto: Shara Alencar)
Mas levar o galo para ver os jogos no estádio não era o suficiente. Marambaia quis que ele "vestisse a camisa do time". Por isso, resolveu pintar as penugens de azul-celeste. Ao ser questionado se a tinta saía com água...
- Não! Essa tinta é acrílica, só sai daqui a seis meses, quando ele troca a penugem.
Modéstia à parte, Marambaia diz que o galo faz o maior sucesso nos estádios, inclusive com os gringos.
- Num jogo Ji-Paraná x Ariquemes apareceram uns argentinos que estavam visitando a cidade e gostaram muito do galo. Tiraram até fotos.
O Ji-Paraná, que em 2012 quebrou o jejum de 11 anos sem título, foi campeão por nove vezes no Rondoniense. E lá se vão 11 galos nessa história - alguns vivem, outros já se foram. Os nomes o dono tem orgulho de falar um a um, em ordem cronológica.
- Reco-Reco, Azeitona, Sabino, Pepino, Diogo, Sabugo, Cheiroso, Repugo, Melozo, Tissika. E esse aqui é o Tissoka.
E como em "galo que está ganhando não se mexe", Tissoka, que deu sorte no primeiro jogo da final do Estadual, no Estádio Biancão, com o placar de 2 a 2, foi o escolhido para a grande decisão no Estádio Luizinho Turatti, em Espigão do Oeste. O Ji-Paraná bateu o Espigão por 4 a 2 e conquistou o Rondoniense pela nona vez. Marambaia garante que o mascote o avisou.
- O puleiro fica perto da minha janela. E ele (Tissoka) começou a cantar ainda na madrugada, estava naqueles dias, adivinhando. Por isso, eu já sabia que o Jipa ia vencer. De jeito nenhum eu levaria outro galo, o Tissoka que deu sorte!
Se não bastasse, Marambaia revelou ainda que, dos quatro gols da vitória do Ji-Paraná em cima do Espigão, Tisssoka pressentiu três.
- Eu disse que ele estava adivinhando desde cedo, ele cantou, bateu asas e só errou por um gol.
Temporada 2013
Primeira partida das finais do CampeonatoRondoniense de 2012 (Foto: Shara Alencar)
- Não teremos tempo para trocar peças. Por isso, nossa equipe estará pronta para as duas disputas. Vencendo o Estadual, também estaremos na Série D do Brasileiro..
Como a maioria dos clubes rondonienses contrata jogadores apenas por temporada, o Ji-Paraná recontratou parte do elenco do ano passado e fechou com o técnico mato-grossense Cícero Lanza, ex-Matonense e Taquaritinga, além de reforços do interior paulista.
Certamente, Marambaia e o mascote já devem estar ansiosos para essa temporada. Em 2013, o Ji-Paraná vai brigar pelo décimo título no Estadual (começa no dia 17 de março) e pela nona vez participará da Copa do Brasil. Na primeira fase, o Galo da BR enfrentará o América-RN, no dia 10 de abril. Para alegria do torcedor, o time jogará em casa pela primeira vez - no estádio José de Abreu Bianco, o Biancão.
Torcida do Ji-Paraná lota estádio contra o Espigão, na final, no Biancão, em 2012 (Foto: Shara Alencar)
HistóriaO time foi fundado em 22 de abril de 1991 e sagrou-se campeão estadual no mesmo ano. Foram nove títulos (1991/92/95/96/97/98/99/2001/2012) e um jejum de 10 anos longe da elite do Rondoniense. O retorno do Galo da BR começou em 2011, ao vencer a Segundona. No ano seguinte, quebrou outro jejum, de 11 anos sem título na primeira divisão. O goleiro Selmo Castro, o Pará (atual presidente do clube), foi o jogador que mais vestiu a camisa do Ji-Paraná - 205 partidas de 1993 a 2001.
O clube teve oito participações na Copa do Brasil (1992/93/96/97/98/99/2000 e 2002). Nelas, alguns jogos jamais saíram da memória, principalmente de quem esteve em campo. O atual presidente do clube que o diga. Pará, 47 anos, - na época era goleiro -, considera as derrotas diante do Inter, em 1993 (perderam por 6 a 0 e 9 a 1), a pior campanha do time na competição.
- Aquela partida no Aluizão, em Porto Velho, ficou marcada na minha carreira e memória (risos). Seria muito bom, um dia, poder jogar novamente com o Inter. Quem sabe não daremos o troco.
A melhor participação do Ji-Paraná na Copa do Brasil foi em 2002. O time empatou com o Santos de Diego, Robinho e cia (ano em que o Alvinegro Praiano foi campeão brasileiro). No primeiro jogo, o placar foi de 0 a 0, no Estádio Cassolão, em Rolim de Moura. Fora de casa, o Galo perdeu por 4 a 2 para o Peixe, na Vila Belmiro.
Em 2013, a torcida poderá acompanhar pela primeira vez, em casa, a participação do clube rondoniense na competição nacional. O primeiro confronto com o América-RN será no dia 10 de abril, no Estádio José de Abreu Bianco, o Biancão - que poderá aumentar a capacidade de público de cinco para 10 mil lugares, com arquibancadas móveis -, onde o Tissoka já tem lugar de honra, à espera de bater asas e cacarejar, para a alegria da torcida enlouquecida do Ji-Paraná.
Tissoka, que vai aos jogos, tem a penugem pintada nas cores do clube de Rondônia (Foto: Shara Alencar)
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