quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Linhas soltas, bolas que encolhem e saibro ruim: tenistas criticam torneio


Feijão, que enfrenta Nadal nesta quinta, adota discurso patriota: 'Ninguém é obrigado a jogar aqui'

Por Alexandre Cossenza São Paulo


Na quadra 2, a linha do fundo de quadra soltou-se do saibro na terça-feira e teve de ser improvisadamente pregada no solo enquanto um jogo foi interrompido. Na quadra central, múltiplos pontos foram disputados de forma estranha graças a quiques irregulares. E como se não bastasse o jogo rápido provocado pela quadra indoor e a altitude de São Paulo (760 metros acima do nível do mar), as bolinhas encolhem durante os pontos e dificultam ainda mais a vida dos atletas. Desde o começo da semana, o Aberto do Brasil virou alvo de crítica de tenistas que entraram em quadra.

Lina solta Brasil Open tênis quadra 2 (Foto: Alexandre Cossenza)Tommy Robredo reclama da linha, e Bruno Soares espera o conserto junto à rede (Foto: Alexandre Cossenza)

Os maiores problemas aconteceram no improvisado Ginásio Mauro Pinheiro, que dá suporte ao torneio. Além de goteiras sobre a quadra 1 e de uma arquibancada que impossibilita ao torcedor enxergar um dos tenistas no fundo de quadra, a quadra 2 sofreu com uma linha que se desprega do fundo de quadra. O alemão Dustin Brown, famoso por sua cabeleira cheia de dreads, foi o maior crítico do local. Ele atuou lá nesta quinta-feira e torceu de leve o tornozelo. Ao xingar a quadra, foi punido pelo árbitro de cadeira. O tenista usou o Twitter para fazer seu desabafo sobre o local.
- Todo mundo sabe que as quadras no Aberto do Brasil são uma m... Eu torço o tornozelo durante o jogo, digo que a quadra é uma m... e sou penalizado com a perda de um ponto.

Não tive nenhum tipo de sensação boa em quadra. É uma bola que diminui de tamanho com o decorrer dos games e vai piorando. Com a altitude de São Paulo, fica impossível de controlar"
David Nalbandian

Brown não exagera quando diz "todo mundo". O número 1 do Brasil em duplas, Marcelo Melo, concordou e revelou à imprensa que, no vestiário, a queixa é geral.

- A quadra, sim. A quadra poderia estar bem melhor do que está, em todos aspectos. Não sou só eu, são 100% dos jogadores. Muitos vieram perguntar para os brasileiros por que a quadra está assim e eu não consigo responder porque não sei. A quadra deveria ser melhor. Melhor para os jogadores, melhor para o torneio, melhor para o espetáculo.

O argentino Horacio Zeballos, que derrotou Rafael Nadal na final do ATP 250 de Viña del Mar, no último domingo, foi outro que não economizou.
- Infelizmente, para o que é um torneio ATP que tem jogadores como Nadal, Almagro e Nalbandian, as quadras não estão nas melhores condições.
Nalbandian, citado pelo compatriota, concordou. Na partida contra o chileno Jorge Aguilar, na quadra central, o veterano argentino saiu perdendo por 4/0 e culpou a quadra e as bolinhas. Segundo o ex-top 10, elas diminuem de tamanho ao longo dos pontos e ficam mais difíceis de controlar.

- O jogo foi duro (Nalbandian venceu por 7/5, 5/7 e 6/3) porque as condições estão muito difíceis. As quadras não estão no melhor estado e a bola está muito complicada de controlar. Tentei me adaptar, acostumar e tentar melhorar meu nível. Não tive nenhum tipo de sensação boa em quadra. É uma bola muito rápida. Ela diminui de tamanho com o decorrer dos games e vai piorando. Em vez de aumentar e ficar mais lenta, ela fica ainda mais rápida. Com a altitude de São Paulo, fica impossível de controlar.

O único tenista a sair em defesa do Aberto do Brasil foi João Souza, o Feijão. Classificado para as oitavas de final para enfrentar Rafael Nadal nesta quinta-feira, após 20h, o paulista não chegou a elogiar as quadras, mas criticou os atletas que recamaram do piso irregular.

João Souza Feijão no tênis do Brasil Open (Foto: Gaspar Nóbrega  / Inovafoto)Feijão sai em defesa do Aberto do Brasil (Foto: Gaspar Nóbrega / Inovafoto)

- Ninguém é obrigado a jogar aqui e ficar metendo o pau na quadra. Tem a opção de não vir, pois há outros ATPs nesta semana. Eu defendo sim, porque é o meu país e este é o único torneio (de nível ATP) por aqui. A quadra esta desviando um pouco, mas para os dois lados. Não é todo lugar que é Roland Garros.

Número 1 do Brasil, Thomaz Bellucci não foi tão crítico. O paulista, que tem sua carreira gerenciada pela Koch Tavares, organizadora do Aberto do Brasil, encontrou uma saída diplomática quando foi indagado pelos jornalistas.

- Muitos jogadores têm reclamado, mas as condições são iguais para todo mundo. Eu não jogo com uma bola melhor do que a do adversário. Lógico que há outros torneios em que as condições são melhores. Comparar Roland Garros com aqui não tem como. As condições são iguais para os dois. Não é motivo para ficar reclamando demais.

FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/aberto-de-tenis-do-brasil/noticia/2013/02/linhas-soltas-bolas-que-encolhem-e-saibro-ruim-tenistas-criticam-torneio.html

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