Sem Marílson dos Santos, corredores
locais querem impedir um pódio dominado mais uma vez por quenianos e
etíopes na prova desta segunda
Por João Gabriel Rodrigues
São Paulo
Alguns dos nomes até mudam, mas, a cada ano, o berço dos rivais parece
ser o mesmo. Soberanos em provas de longas distâncias em todo o mundo,
os africanos chegam à São Silvestre mais uma vez como favoritos. E, como
na maioria das últimas edições, os brasileiros têm a missão de impedir
um pódio tomado por gringos nesta segunda-feira, em São Paulo.
A São Silvestre deste ano tem início às 6h50m, com a largada dos
cadeirantes. A elite feminina sairá às 8h40m, enquanto a masculina terá
início pouco depois, às 9h. A TV Globo transmite o evento ao vivo, e o
GLOBOESPORTE.COM acompanha tudo em Tempo Real.
Paulo Roberto, Damião e Giovani são apostas brasileiras (João Gabriel Rodrigues / GLOBOESPORTE.COM)
Os quenianos Mark Korir, Joseph Aperumoi, Rumokol Chepkanan, Nancy
Kipron e Maurine Kipchumba, e o etíope Belete Terefe foram apresentados
como principais nomes da ala africana da São Silvestre. Ainda que não
tenham o currículo de outros compatriotas, devem dar trabalho aos
brasileiros durante a prova.
O Brasil, aliás, correrá desfalcado de sua maior referência. Tricampeão
e último do país a vencer a corrida, em 2010, Marílson dos Santos optou
pelo descanso depois do desgastante ano olímpico. Com isso, Giovani dos
Santos, campeão Volta Internacional da Pampulha em 2012 e 14º no
Mundial de Meia Maratona; Damião Ancelmo, melhor brasileiro na São
Silvestre 2011, com o sétimo lugar, e Paulo Roberto de Almeida Paula,
oitavo colocado na Maratona dos Jogos Olímpicos de Londres, são as
maiores apostas do Brasil para a corrida. Entre as mulheres, Marily dos
Santos, primeira colocada no ranking da CBAt e campeã da Maratona de
Pádova em 2012, Maria Zeferina Baldaia, campeã da São Silvestre de 2001,
e Lucélia Peres, campeã da São Silvestre em 2006, são as principais
candidatas a tomar o alto do pódio das africanas.
Baldaia é uma das esperanças brasileiras
(João Gabriel Rodrigues / GLOBOESPORTE.COM)
Na São Silvestre deste ano, o percurso e o horário sofreram mudanças. A
chegada da prova, pela primeira vez disputada pela manhã, voltará a ser
na Av. Paulista. As alterações, segundo os atletas, foram boas para a
corrida.
- O percurso voltou ao que era, e isso é bom. Já tenho uma esperança a
mais. Nesse percurso, fui quarto em 2010. Esse ano, consegui fazer um
treino melhor. Então, espero ir melhor também – disse Giovani dos
Santos, apontado como principal nome brasileiro da prova.
Na coletiva de imprensa anterior à prova, os africanos pouco falaram.
Perdidos no idioma, quase não fizeram prognósticos para a corrida desta
segunda. Campeã em 2001, Maria Baldaia, porém, admitiu a superioridade
das rivais.
- É difícil, faz muito tempo que uma brasileira não ganha. Onde está o
segredo? É difícil, mas não impossível. O índice técnico melhorou muito.
Vejo uma diferença no sentido de que nós somos sempre nós. Eu ganhei em
2001 e estou aqui novamente. Lá fora, o atletismo é como se fosse
futebol. Eles se dedicam, têm mais apoio. São sempre mais atletas. Nós,
brasileiras, precisamos nos unir mais. Eu vejo que os estrangeiros são
muito unidos nesse ponto. Creio que isso ajuda. Se tiver uma união,
colaboração, acabamos fazendo uma ótima prova.
Ainda que não sejam os melhores de seus países, os africanos desta São
Silvestre têm boas marcas no currículo. O queniano Mark Korir foi
vice-campeão da prova no ano passado, enquanto Joseph Aperumoi venceu a
Meia de São Paulo deste ano. No feminino, a queniana Rumokol Chepkanan,
quinta colocada no ano passado, foi campeã da Maratona de São Paulo
deste ano. Nancy Kipron, tricampeã da Volta da Pampulha, e Maurine
Kipchumba, atual campeã da prova mineira, também são favoritas.
Nos últimos 20 anos, os africanos têm dominado a São Silvestre. Desde
1992, são 14 vitórias no masculino contra apenas seis dos brasileiros.
Em 2011, o etíope Tariku Bekele levou a melhor. No feminino, são 11
vitórias de africanas e apenas cinco das locais no mesmo período. A
queniana Priscah Jeptoo reinou entre as mulheres na última edição.
Confira os vencedores do masculino nos últimos 20 anos:
1992 - Simon Chemwoyo (Quênia)
1993 - Simon Chemwoyo (Quênia)
1994 - Ronaldo da Costa (Brasil)
1995 - Paul Tergat (Quênia)
1996 - Paul Tergat (Quênia)
1997 - Émerson Iser Bem (Brasil)
1998 - Paul Tergat (Quênia)
1999 - Paul Tergat (Quênia)
2000 - Paul Tergat (Quênia)
2001 - Tesfaye Jifar (Etiópia)
2002 - Robert Kipkoech Cheruiyot (Quênia)
2003 - Marílson Gomes dos Santos (Brasil)
2004 - Robert Kipkoech Cheruiyot (Quênia)
2005 - Marílson Gomes dos Santos (Brasil)
2006 - Franck Caldeira (Brasil)
2007 - Robert Kipkoech Cheruiyot (Quênia)
2008 - James Kipsang (Quênia)
2009 - James Kipsang (Quênia)
2010 - Marílson Gomes dos Santos (Brasil)
2011 - Tariku Bekele (Etiópia)
Veja também as mulheres que ganharam a corrida no mesmo período:
1992 - Maria Del Carmen Diaz (México)
1993 - Hellen Kimayio (Quênia)
1994 - Derartu Tulu (Etiópia)
1995 - Carmem Oliveira (Brasil)
1996 - Roseli Machado (Brasil)
1997 - Martha Thenório (Equador)
1998 - Olivera Jevtic (Iugoslávia)
1999 - Lydia Cheromei (Quênia)
2000 - Lydia Cheromei (Quênia)
2001 - Maria Zeferina Baldaia (Brasil)
2002 - Marizete de Paula Rezende (Brasil)
2003 - Margaret Okayo (Quênia)
2004 - Lydia Cheromei (Quênia)
2005 - Olivera Jevtic (Sérvia e Montenegro)
2006 - Lucélia Peres (Brasil)
2007 - Alice Timbilili (Quênia)
2008 - Yimer Wude Ayalew (Etiópia)
2009 - Pasalia Kipcoech Chepkorir (Quênia)
2010 - Alice Timbilili (Quênia)
2011 - Priscah Jeptoo (Quênia)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/programas/verao-espetacular/noticia/2012/12/brasileiros-tentam-impedir-novo-dominio-africano-na-sao-silvestre.html