Com a mesma determinação, mas com personalidades opostas, pilotos da RBR e da Ferrari brigam pelo título na prova que marca o adeus de Schumi
Fernando Alonso
tem uma multidão à sua frente, mas não se intimida. Olha fixo, para
frente, como se fosse inatingível. Não tem a menor preocupação com o que
diz. Afirma, com toda a confiança de quem tem dois títulos nas costas e
o status de ser considerado o mais talentoso de sua geração: “Por sorte
ou desgraça, fiz um campeonato fora do normal. Não fosse isso, não
estaríamos aqui lutando pelo título”.
Quinze minutos depois, quase ao lado, Sebastian Vettel tem a mesma multidão à frente, mas devolve um olhar tranquilo. Olha calmo, para frente, como se fosse veterano. Mas não: tem 25 anos, ainda que o currículo pareça gritar mais. Com os mesmos dois títulos nas costas e uma posição confortável no campeonato, é mais simples que Alonso nas declarações sobre a prova: “É a última etapa, nós iremos tentar caçar os caras da frente. Espero que nada diferente aconteça neste domingo”.
Vettel, da RBR, e Alonso, da Ferrari,
parecem ter a mesma determinação, mas embalada em pacotes diferentes.
Um, tranquilo, o bom garoto do circuito; o outro, agressivo, sempre
disposto a incomodar. Mas, em uma Fórmula 1 que tem privilegiado as
máquinas, os dois mostram ter aquelas tais fagulhas de talento dos
melhores. Neste domingo, um deles dará o maior passo que sonharia dar.
Vai superar, olhem só, uma marca de Ayrton Senna, até hoje o mais jovem
tricampeão mundial, com 31 anos, seis meses e 29 dias. E justamente no
GP do Brasil, em Interlagos, a partir de 14h, com transmissão da TV
Globo e acompanhamento em Tempo Real do GLOBOESPORTE.COM.
Candidatos ao título calcados em contrastes, Vettel, que largará em quarto, e Alonso, sétimo no grid, têm a chance de superar a marca de Ayrton logo no berço do brasileiro, morto em 1994. O alemão é quem tem o caminho mais fácil. Depois de um início de 2012 turbulento, sem sinais da soberania que marcou o ano anterior, se acertou à mesma medida que Adrian Newey, o gênio da aerodinâmica, fez nascer sua nova mágica na RBR. Com o melhor carro da temporada, não teve rivais e chega à última etapa com 273 pontos, líder absoluto do campeonato, 13 pontos à frente do espanhol.
No treino classificatório de sábado, os coadjuvantes também se mostraram presentes. Lewis Hamilton, que fará sua última corrida pela McLaren antes de ir para a Mercedes, cravou sua primeira pole no Brasil, à frente do companheiro Jenson Button, segundo colocado. O australiano Mark Webber, da RBR, vem logo depois, em terceiro lugar. Felipe Massa voltou a superar Alonso e sairá em quinto, enquanto Bruno Senna será o 11º no grid com a Williams.
Mas nem os números fazem Vettel ter a certeza do tri. Mesmo que passe
tranquilidade no discurso, por vezes foi flagrado com a expressão tensa e
incomum no box da RBR. Talvez por saber que seu único rival é dos mais
perigosos, com alguns quilômetros de experiência a mais que podem pesar
na corrida final. Se vencer, o alemão da RBR vai superar a marca de
Ayrton com facilidade: tem apenas 25 anos. Caso perca, terá de explicar o
inexplicável.
- Nós terminamos em quarto hoje, o que talvez não seja a melhor posição que poderíamos alcançar, mas nós podemos ficar um tanto felizes. Um quarto lugar no grid não é um desastre. Há mais pessoas atrás de nós do que à frente. Estou feliz com essa posição e há muitas oportunidades para amanhã.
O medo de Vettel vem do alto. O alemão sabe que Alonso tem certa atração pelas pistas molhadas. E a previsão aponta justamente para isso. Os 90% de chances de chuva para o horário da corrida em Interlagos fazem o espanhol acreditar no impossível. Depois do oitavo lugar no treino classificatório, que viraria sétimo após a punição a Pastor Maldonado, o piloto da Ferrari relembrou os feitos que o levaram até ali. As três corridas que venceu na temporada, ele diz, foram na base do talento e esforço diante das limitações que o carro lhe impôs.
E é por isso que Alonso torce desesperadamente por chuva neste domingo.
Com um carro inferior não só à RBR, mas também à McLaren, o espanhol
admite que apenas uma corrida anormal poderia mudar o rumo da temporada
em seu último ato. Para isso, a pista molhada se torna praticamente
indispensável.
- Em condições normais, não temos chances de lutar por vitória. Eu sei disso. Se eu tenho alguma esperança de título, é mais plausível contar com um abandono de Vettel do que eu terminar em uma posição em que consiga ultrapassá-lo na classificação. Obviamente, estou esperando por uma corrida caótica, e a chuva pode ser um importante fator mesmo que a pista molhada seja arriscada para todos - disse o espanhol, que superaria a marca de Ayrton apenas por meses.
Despedida de um mito
Disputa pelo título à parte, o GP do Brasil também marca o último ato de um dos maiores pilotos da Fórmula 1. Depois de um retorno de aposentadoria que não fez jus ao mito, Michael Schumacher se despede mais uma vez das pistas, três temporadas depois de voltar. O alemão, heptacampeão mundial, vai largar em 13º lugar, bem mais longe do que mereceria.
- São vinte anos de Fórmula 1, contando o tempo em que fiquei fora. Não importa como sairei do carro amanhã após a prova, e sim em que posição estarei. Tentarei fazer o melhor, e será bacana se eu estiver empolgado - afirmou.
E a corrida, além de tudo, conta com mais. Há espaço para Hamilton, que tenta roubar o posto de protagonista mais uma vez na despedida à McLaren. Há a dúvida polêmica sobre de que forma Massa ajudaria Alonso contra Vettel. E, no berço de Ayrton, provavelmente também haverá chuva neste domingo...
Confira o grid de largada deste domingo:
1 - Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes) - 1m12s458
2 - Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes) - 1m12s513
3 - Mark Webber (AUS/RBR-Renault) - 1m12s581
4 - Sebastian Vettel (ALE/RBR-Renault) - 1m12s760
5 - Felipe Massa (BRA/Ferrari) - 1m12s987
6 - Nico Hulkenberg (ALE/Force India-Mercedes) - 1m13s206
7 - Fernando Alonso (ESP/Ferrari) - 1m13s253
8 - Kimi Raikkonen (FIN/Lotus-Renault) - 1m13s298
9 - Nico Rosberg (ALE/Mercedes) - 1m13s489
10 - Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes) - 1m14s121
11 - Bruno Senna (BRA/Williams-Renault) - 1m14s219
12 - Sergio Perez (MEX/Sauber-Ferrari) - 1m14s234
13 - Michael Schumacher (ALE/Mercedes) - 1m14s334
14 - Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari) - 1m14s380
15 - Daniel Ricciardo (AUS/STR-Ferrari) - 1m14s574
16 - Pastor Maldonado (VEN/Williams-Renault) - 1m13s174 (perdeu dez posições)
17 - Jean-Eric Vergne (FRA/STR-Ferrari) - 1m14s619
18 - Romain Grosjean (FRA/Lotus-Renault) - 1m16s967
19 - Vitaly Petrov (RUS/Caterham-Renault) - 1m17s073
20 - Heikki Kovalainen (FIN/Caterham-Renault) - 1m17s086
21 - Timo Glock (ALE/Marussia-Cosworth) - 1m17s508
22 - Charles Pic (FRA/Marussia-Cosworth) - 1m18s104
23 - Narain Karthikeyan (IND/HRT-Cosworth) - 1m19s576
24 - Pedro de la Rosa (ESP/HRT-Cosworth) - 1m19s699
Quinze minutos depois, quase ao lado, Sebastian Vettel tem a mesma multidão à frente, mas devolve um olhar tranquilo. Olha calmo, para frente, como se fosse veterano. Mas não: tem 25 anos, ainda que o currículo pareça gritar mais. Com os mesmos dois títulos nas costas e uma posição confortável no campeonato, é mais simples que Alonso nas declarações sobre a prova: “É a última etapa, nós iremos tentar caçar os caras da frente. Espero que nada diferente aconteça neste domingo”.
Sorriso aberto, expressão fechada: Alonso e Vettel duelam em contrastes (Getty Images)
Candidatos ao título calcados em contrastes, Vettel, que largará em quarto, e Alonso, sétimo no grid, têm a chance de superar a marca de Ayrton logo no berço do brasileiro, morto em 1994. O alemão é quem tem o caminho mais fácil. Depois de um início de 2012 turbulento, sem sinais da soberania que marcou o ano anterior, se acertou à mesma medida que Adrian Newey, o gênio da aerodinâmica, fez nascer sua nova mágica na RBR. Com o melhor carro da temporada, não teve rivais e chega à última etapa com 273 pontos, líder absoluto do campeonato, 13 pontos à frente do espanhol.
Vettel no treino do GP do Brasil (Foto: Getty Images)
- Nós terminamos em quarto hoje, o que talvez não seja a melhor posição que poderíamos alcançar, mas nós podemos ficar um tanto felizes. Um quarto lugar no grid não é um desastre. Há mais pessoas atrás de nós do que à frente. Estou feliz com essa posição e há muitas oportunidades para amanhã.
O medo de Vettel vem do alto. O alemão sabe que Alonso tem certa atração pelas pistas molhadas. E a previsão aponta justamente para isso. Os 90% de chances de chuva para o horário da corrida em Interlagos fazem o espanhol acreditar no impossível. Depois do oitavo lugar no treino classificatório, que viraria sétimo após a punição a Pastor Maldonado, o piloto da Ferrari relembrou os feitos que o levaram até ali. As três corridas que venceu na temporada, ele diz, foram na base do talento e esforço diante das limitações que o carro lhe impôs.
Alonso precisará de talento e sorte para ficar com o tri (Foto: Agência Getty Images)
- Em condições normais, não temos chances de lutar por vitória. Eu sei disso. Se eu tenho alguma esperança de título, é mais plausível contar com um abandono de Vettel do que eu terminar em uma posição em que consiga ultrapassá-lo na classificação. Obviamente, estou esperando por uma corrida caótica, e a chuva pode ser um importante fator mesmo que a pista molhada seja arriscada para todos - disse o espanhol, que superaria a marca de Ayrton apenas por meses.
Disputa pelo título à parte, o GP do Brasil também marca o último ato de um dos maiores pilotos da Fórmula 1. Depois de um retorno de aposentadoria que não fez jus ao mito, Michael Schumacher se despede mais uma vez das pistas, três temporadas depois de voltar. O alemão, heptacampeão mundial, vai largar em 13º lugar, bem mais longe do que mereceria.
- São vinte anos de Fórmula 1, contando o tempo em que fiquei fora. Não importa como sairei do carro amanhã após a prova, e sim em que posição estarei. Tentarei fazer o melhor, e será bacana se eu estiver empolgado - afirmou.
E a corrida, além de tudo, conta com mais. Há espaço para Hamilton, que tenta roubar o posto de protagonista mais uma vez na despedida à McLaren. Há a dúvida polêmica sobre de que forma Massa ajudaria Alonso contra Vettel. E, no berço de Ayrton, provavelmente também haverá chuva neste domingo...
Michael Schumacher se despede da Fórmula 1 no Brasil (Foto: Getty Images)
1 - Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes) - 1m12s458
2 - Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes) - 1m12s513
3 - Mark Webber (AUS/RBR-Renault) - 1m12s581
4 - Sebastian Vettel (ALE/RBR-Renault) - 1m12s760
5 - Felipe Massa (BRA/Ferrari) - 1m12s987
6 - Nico Hulkenberg (ALE/Force India-Mercedes) - 1m13s206
7 - Fernando Alonso (ESP/Ferrari) - 1m13s253
8 - Kimi Raikkonen (FIN/Lotus-Renault) - 1m13s298
9 - Nico Rosberg (ALE/Mercedes) - 1m13s489
10 - Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes) - 1m14s121
11 - Bruno Senna (BRA/Williams-Renault) - 1m14s219
12 - Sergio Perez (MEX/Sauber-Ferrari) - 1m14s234
13 - Michael Schumacher (ALE/Mercedes) - 1m14s334
14 - Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari) - 1m14s380
15 - Daniel Ricciardo (AUS/STR-Ferrari) - 1m14s574
16 - Pastor Maldonado (VEN/Williams-Renault) - 1m13s174 (perdeu dez posições)
17 - Jean-Eric Vergne (FRA/STR-Ferrari) - 1m14s619
18 - Romain Grosjean (FRA/Lotus-Renault) - 1m16s967
19 - Vitaly Petrov (RUS/Caterham-Renault) - 1m17s073
20 - Heikki Kovalainen (FIN/Caterham-Renault) - 1m17s086
21 - Timo Glock (ALE/Marussia-Cosworth) - 1m17s508
22 - Charles Pic (FRA/Marussia-Cosworth) - 1m18s104
23 - Narain Karthikeyan (IND/HRT-Cosworth) - 1m19s576
24 - Pedro de la Rosa (ESP/HRT-Cosworth) - 1m19s699
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