A CRÔNICA
por
Alexandre Lozetti
Lucas não fazia gols há dez jogos, contando Campeonato Brasileiro e
Copa Sul-Americana. Eram dois meses de jejum, desde a vitória por 4 a 0
sobre o Botafogo, no dia 30 de agosto. Suas últimas atuações haviam sido
abaixo da média. Alguns já apontavam o cansaço do jovem, escalado à
exaustão no São Paulo e convocado sempre por Mano Menezes para a seleção
brasileira. Erro grave duvidar de um jogador como ele.
Lucas se cansou, sim. Mas de passar em branco. Foram três gols, fato inédito na carreira, para decretar a vitória do São Paulo por 4 a 2 sobre o Sport. Uma vitória que valeu muito. Valeu a vantagem de sete pontos sobre o quinto colocado, agora o Internacional, na luta pela vaga na Libertadores. Valeu a volta de Luis Fabiano, que participou de três gols em ótima atuação no retorno ao time. Valeu a certeza de opções no banco, já que Maicon e Douglas substituíram bem os titulares Jadson, suspenso, e Osvaldo, lesionado. E valeu até mesmo a aproximação do terceiro colocado, Grêmio, que empatou e tem agora dois pontos a mais.
E também causou a tristeza de 31.599 torcedores fanáticos pelo Sport. Esperançosos após dois triunfos consecutivos, eles lotaram a Ilha do Retiro e até se animaram com o gol de Gilberto, logo no início, e com as chegadas rápidas pelas laterais. Mas a precisão de Lucas, a falha incrível de Saulo, que soltou a bola nos pés do atacante são-paulino, e erros imperdoáveis do time ainda no primeiro tempo fizeram a esperança virar desespero. A apatia no segundo tempo não era de quem precisava vencer a qualquer custo.
O Sport só volta aos gramados no outro domingo, em São Januário, contra o Vasco. Mais um confronto difícil na luta para ficar na Série A, apesar da queda livre dos cariocas. O Leão é o 17º colocado, quatro pontos atrás do Bahia, primeiro fora da zona de rebaixamento. Já o São Paulo não terá uma semana de folga. Na quarta-feira, a equipe entrará em campo pela Copa Sul-Americana, em Santiago, contra a Universidad de Chile. E no Brasileirão, o próximo confronto será contra ninguém menos que o líder Fluminense, também no domingo, no Morumbi.
Tudo errado para Saulo, tudo certo para Lucas
Saulo entrou em campo ovacionado pela torcida do Leão, ainda emocionada com as lágrimas derramadas pelo goleiro após defender pênalti contra o Atlético-GO, na rodada anterior. Lágrimas de alegria que virariam de dor e vergonha na semana seguinte.
O goleiro deve ter se animado com seu início, ao espalmar chute forte de Rafael Toloi, e outro bem colocado por Douglas. E também com o início do Sport. Nos cumprimentos, Rogério Ceni havia dito a Cicinho, companheiro de tantos títulos em 2005, que era um prazer revê-lo. Prazer que virou incômodo nas bolas paradas do lateral-direito, agora no Leão. Ele bateu escanteio na cabeça de Gilberto, que abriu o placar. Logo em seguida, a parceria se repetiu em cobrança de falta, mas Ceni conseguiu espalmar com o pé.
Atrás no placar, o Tricolor melhorou. Maicon foi centralizado e Douglas passou a ser o "novo Osvaldo", aberto pela esquerda. O time se acertou e a maré de Saulo começou a mudar quando Lucas acertou um chute improvável, de longe. Um golaço! Só não tão improvável quanto seu segundo gol. No cruzamento de Luis Fabiano, a bola parecia dominada nas mãos do goleiro, mas escapou. E caiu nos pés de Lucas. Festa da minoria na Ilha. Desespero da maioria, principalmente de Saulo, que voltou a fazer cara de choro ao se desculpar com as arquibancadas.
Como se não bastasse, até quem estava a favor resolveu jogar contra. Após boa tabela de Cortez e Luis Fabiano, muito participativo, Rivaldo tentou cortar e encobriu o próprio goleiro, marcando contra o terceiro gol são-paulino. O nervosismo do Sport era nítido. O São Paulo parou de dar espaços e os anfitriões não chegaram mais pelas laterais, onde Cicinho e Renê deram muito trabalho nos minutos iniciais.
Vitória que só não virou goleada ainda no primeiro tempo porque Douglas
perdeu chance incrível. De bom mesmo para Saulo, só o abraço consolador
de Rogério Ceni antes de irem para o vestiário. E a compreensão dos
torcedores.
Hat-trick e tranquilidade
Rivaldo, que era vaiado a cada toque na bola depois do gol contra, nem voltou. Entrou Marquinhos Gabriel. Mas não mudou a apatia do Sport, que já entrou em campo derrotado no segundo tempo. Para quem precisava fazer dois gols para empatar e amenizar a desesperadora situação da tabela, a equipe não teve o menor poder de reação. Hugo, pela esquerda, esbravejou com os parceiros. Não adiantou nada.
Maicon, que dava a cadência ao meio-campo do São Paulo, teve de sair, lesionado. Ney Franco optou por Ademilson, demonstração clara de que apostava no contra-ataque para ampliar a vantagem. Aposta certeira!
Não com Ademilson, mas com a dupla de craques que pode levar a equipe à Libertadores do ano que vem. Lucas, pelo meio após a mudança, tabelou com Luis Fabiano e deslocou Saulo. Mais um do camisa 7 e tranquilidade para os visitantes.
O jogo, muito aberto desde o início, finalmente ganhou ritmo mais lento. Satisfeito com a vitória, o São Paulo tentou administrar e ainda teve uma ótima chance com Luis Fabiano. Ele poderia ter tocado para Rhodolfo, mas imagine como se sente um artilheiro nato quando seu time faz quatro gols e nenhum é dele. O Fabuloso tentou o cantinho, errou, e ouviu seu nome gritado pelos tricolores, como de costume.
No Sport, Hugo seguiu ditando o ritmo. Primeiro, recebeu na entrada da área, bateu com força e obrigou Rogério a fazer uma defesa impressionante. Depois, em cobrança de pênalti sofrido por Gilberto, marcou um merecido gol. Nem comemorou. Ou por já ter sido campeão pelo São Paulo, em 2007 e 2008, ou porque o time da casa não tinha muito a comemorar.
Lucas se cansou, sim. Mas de passar em branco. Foram três gols, fato inédito na carreira, para decretar a vitória do São Paulo por 4 a 2 sobre o Sport. Uma vitória que valeu muito. Valeu a vantagem de sete pontos sobre o quinto colocado, agora o Internacional, na luta pela vaga na Libertadores. Valeu a volta de Luis Fabiano, que participou de três gols em ótima atuação no retorno ao time. Valeu a certeza de opções no banco, já que Maicon e Douglas substituíram bem os titulares Jadson, suspenso, e Osvaldo, lesionado. E valeu até mesmo a aproximação do terceiro colocado, Grêmio, que empatou e tem agora dois pontos a mais.
E também causou a tristeza de 31.599 torcedores fanáticos pelo Sport. Esperançosos após dois triunfos consecutivos, eles lotaram a Ilha do Retiro e até se animaram com o gol de Gilberto, logo no início, e com as chegadas rápidas pelas laterais. Mas a precisão de Lucas, a falha incrível de Saulo, que soltou a bola nos pés do atacante são-paulino, e erros imperdoáveis do time ainda no primeiro tempo fizeram a esperança virar desespero. A apatia no segundo tempo não era de quem precisava vencer a qualquer custo.
O Sport só volta aos gramados no outro domingo, em São Januário, contra o Vasco. Mais um confronto difícil na luta para ficar na Série A, apesar da queda livre dos cariocas. O Leão é o 17º colocado, quatro pontos atrás do Bahia, primeiro fora da zona de rebaixamento. Já o São Paulo não terá uma semana de folga. Na quarta-feira, a equipe entrará em campo pela Copa Sul-Americana, em Santiago, contra a Universidad de Chile. E no Brasileirão, o próximo confronto será contra ninguém menos que o líder Fluminense, também no domingo, no Morumbi.
Lucas posa para fotos dos parceiros após primeiro gol (Foto: RUBENS CHIRI/PERSPECTIVA/Agência Estado)
Saulo entrou em campo ovacionado pela torcida do Leão, ainda emocionada com as lágrimas derramadas pelo goleiro após defender pênalti contra o Atlético-GO, na rodada anterior. Lágrimas de alegria que virariam de dor e vergonha na semana seguinte.
O goleiro deve ter se animado com seu início, ao espalmar chute forte de Rafael Toloi, e outro bem colocado por Douglas. E também com o início do Sport. Nos cumprimentos, Rogério Ceni havia dito a Cicinho, companheiro de tantos títulos em 2005, que era um prazer revê-lo. Prazer que virou incômodo nas bolas paradas do lateral-direito, agora no Leão. Ele bateu escanteio na cabeça de Gilberto, que abriu o placar. Logo em seguida, a parceria se repetiu em cobrança de falta, mas Ceni conseguiu espalmar com o pé.
Atrás no placar, o Tricolor melhorou. Maicon foi centralizado e Douglas passou a ser o "novo Osvaldo", aberto pela esquerda. O time se acertou e a maré de Saulo começou a mudar quando Lucas acertou um chute improvável, de longe. Um golaço! Só não tão improvável quanto seu segundo gol. No cruzamento de Luis Fabiano, a bola parecia dominada nas mãos do goleiro, mas escapou. E caiu nos pés de Lucas. Festa da minoria na Ilha. Desespero da maioria, principalmente de Saulo, que voltou a fazer cara de choro ao se desculpar com as arquibancadas.
Como se não bastasse, até quem estava a favor resolveu jogar contra. Após boa tabela de Cortez e Luis Fabiano, muito participativo, Rivaldo tentou cortar e encobriu o próprio goleiro, marcando contra o terceiro gol são-paulino. O nervosismo do Sport era nítido. O São Paulo parou de dar espaços e os anfitriões não chegaram mais pelas laterais, onde Cicinho e Renê deram muito trabalho nos minutos iniciais.
Rogério Ceni consola Saulo após falha do goleiro
do Sport no primeiro tempo (Foto: Reprodução)
do Sport no primeiro tempo (Foto: Reprodução)
Hat-trick e tranquilidade
Rivaldo, que era vaiado a cada toque na bola depois do gol contra, nem voltou. Entrou Marquinhos Gabriel. Mas não mudou a apatia do Sport, que já entrou em campo derrotado no segundo tempo. Para quem precisava fazer dois gols para empatar e amenizar a desesperadora situação da tabela, a equipe não teve o menor poder de reação. Hugo, pela esquerda, esbravejou com os parceiros. Não adiantou nada.
Maicon, que dava a cadência ao meio-campo do São Paulo, teve de sair, lesionado. Ney Franco optou por Ademilson, demonstração clara de que apostava no contra-ataque para ampliar a vantagem. Aposta certeira!
Não com Ademilson, mas com a dupla de craques que pode levar a equipe à Libertadores do ano que vem. Lucas, pelo meio após a mudança, tabelou com Luis Fabiano e deslocou Saulo. Mais um do camisa 7 e tranquilidade para os visitantes.
O jogo, muito aberto desde o início, finalmente ganhou ritmo mais lento. Satisfeito com a vitória, o São Paulo tentou administrar e ainda teve uma ótima chance com Luis Fabiano. Ele poderia ter tocado para Rhodolfo, mas imagine como se sente um artilheiro nato quando seu time faz quatro gols e nenhum é dele. O Fabuloso tentou o cantinho, errou, e ouviu seu nome gritado pelos tricolores, como de costume.
No Sport, Hugo seguiu ditando o ritmo. Primeiro, recebeu na entrada da área, bateu com força e obrigou Rogério a fazer uma defesa impressionante. Depois, em cobrança de pênalti sofrido por Gilberto, marcou um merecido gol. Nem comemorou. Ou por já ter sido campeão pelo São Paulo, em 2007 e 2008, ou porque o time da casa não tinha muito a comemorar.
Wellington tenta o desarme durante vitória do São Paulo na Ilha (Foto: Antonio Carneiro/Pernambuco Press)
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