terça-feira, 19 de junho de 2012

Contando os dias para o adeus, Nat Cook trabalha por legado nas areias

Campeã olímpica em Sydney, australiana quer se aposentar após os Jogos de Londres e se dedicar a projeto de formação de novos atletas no vôlei de praia

Por Helena Rebello Rio de Janeiro

Dentro da quadra, Natalie Cook fez história. Presente no primeiro pódio olímpico do vôlei de praia, dona de um ouro em Sydney e classificada entre as cinco melhores em todas as edições dos Jogos desde então, a australiana agora conta os dias para o adeus. Única na modalidade com quatro Olimpíadas no currículo, ela busca a classificação para se despedir em grande estilo em Londres. Não apenas pela satisfação pessoal e pelo glamour do evento em si, mas também para atrair os holofotes para um projeto que busca transformar seu legado em benefício para as futuras gerações de craques do esporte.

Natalie Cook vôlei de praia instituto para crianças (Foto: Divulgação / Site Oficial)Natalie Cook com alguns colaboradores do Sandstorm na Austrália  (Foto: Divulgação / Site Oficial)

Um ano depois de se consagrar nas areias de Sydney, Nat Cook voltou ao local onde havia sido ovacionada por cerca de 10 mil compatriotas. E, para decepção da atleta, não havia nenhum sinal no local do feito que ela e a companheira Kerri Pottharst haviam alcançado. Naquele momento, ela viu que sua missão no esporte era muito maior do que conquistar medalhas.

Natalie Cook (Foto: Divulgação)Natalie Cook em dia de festa para arrecadar fundospara o Sandstorm (Foto: Divulgação)
- Estive em Sydney, e o estádio em que milhares de fãs gritaram “Aussie, Aussie, Aussie” tinha desaparecido. Não havia a menor evidência nem de que ele havia existido. Ali alimentei meu sonho de construir arenas permanentes pelo mundo. Prometi a mim mesma que deixaria um legado para o esporte. Não só medalhas olímpicas, mas oportunidades para que outros pudessem seguir os meus passos. Acho um desperdício de dinheiro montar uma arena deste porte e desmontá-la a cada semana (referindo-se à quadra da etapa de Brasília do Circuito Mundial). O vôlei de praia precisa de uma casa permanente, assim como os times de futebol têm estádios.

Com a ideia na cabeça, Nat correu atrás de investidores e fundou o Instituto Sandstorm (tempestade de areia, na tradução do inglês). Na Austrália, já conseguiu construir três centros em diferentes cidades. Agora, o objetivo é expandir o projeto para Estados Unidos e Europa.


- Construímos três quadras em parcerias com prefeituras e patrocinadores. No Brasil já há uma tradição da prática do esporte, e a Confederação Brasileira (CBV) sabe o que fazer. Mas nos Estados Unidos e na Europa, algo assim é fundamental para o desenvolvimento do esporte, para que crianças o conheçam e comecem a jogar. Quero levar isso ao mundo inteiro.

Natalie Cook com a medalha de ouro no pódio das olimpíadas em 2000 (Foto: Getty Images)Com cabelos longos, Nat Cook posa no pódio de Sydney ao lado de Kerri Pottharst após vencer Adriana Behar e Shelda na final olímpica. Aussie esteve em todas as edições dos Jogos desde 1996 (Getty Images)

Nos últimos meses, porém, o Sandstorm ficou temporariamente em segundo plano. Isto porque Nat e a parceira Tamsin Hinchley ainda buscam a classificação para os Jogos de Londres, última competição oficial que a veterana quer disputar. Pelo ranking olímpico, a dupla falhou na tentativa de ficar entre as 16 melhores para garantir vaga diretamente. Agora, a esperança de ambas está depositada na Continental Cup.

Natalie Cook na partida de vôlei de praia (Foto: Divulgação / FIVB)Nat disputa com Juliana na rede (Divulgação / FIVB)
Na competição, cada país inscreve duas duplas, que enfrentam outras duas parcerias de outros países em busca de vagas nas fases seguintes. A Austrália já está garantida na fase final, que será disputada na China, de 20 a 24 de junho. Como Bawden e Palmer, atual dupla número 1 do país está classificada pelo Circuito Mundial, Cook e Hinchley herdariam a possível vaga conquistada neste outro torneio.

Há mais de duas décadas disputando o Circuito Mundial, Cook garante que ainda tem motivação de sobra para encarar a (última) maratona de jogos. Aos 37 anos, a atleta vê as Olimpíadas como um ímã para os jogadores de alto nível e não mede esforços para carimbar o passaporte.


- Os Jogos Olímpicos têm uma mágica especial. Só os melhores atletas do mundo em cada esporte. Preparar sua cabeça, sua mente e seu corpo para um único evento que só vai acontecer de novo dali a quatro anos é algo que te motiva além do normal. Fora toda a atmosfera envolvida, a cerimônia de abertura, o contato com outros atletas na vila olímpica. Ali todos põem suas maiores forças e é muito mais difícil vencer e, por isso, se dá ainda mais valor.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2012/06/contando-os-dias-para-o-adeus-nat-cook-trabalha-por-legado-nas-areias.html

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